Maria Manuela
Casimiro
(4.º ano)
O
BLUSÃO NEGRO, a saia também muito escura e os
«soquettes»
davam-lhe ainda um ar de
colegial tão doce que nenhuma outra poderia adquirir. Com a pasta
quase esquecida, pendente só de alguns dedos,
ela mostrava o que lhe ia na alma, quando passava e me olhava tão
profundamente
que as suas pupilas me pareciam um lago sem fundo onde ninguém
ousaria penetrar.
Todos os dias ela passava,
sozinha, triste, inexplicável!
Tentei saber quem era, donde vinha aquele olhar tão
acessível como distante. Ninguém... e todos a conheciam. Todos admiravam o seu olhar... ninguém sabia
quem o dominava, quem poderia quebrar o gelo dos seus
olhos castanhos!
Passou mais um dia...
ela hoje vinha mais triste,
mais absorta ainda... os seus olhos vinham mais emocionados, mais
belos, mas cada vez mais longe...
Deixei-a passar mais uma
vez sem sequer lhe perguntar o nome!
Tudo passou num momento... num momento...
Para ela o mundo acabou
naquele dia... tudo passou... porque tudo passa
para o pobre ser que vagueia
na terra...
Nada ficou, porque nada
deve ficar... porque tudo
deve ter um fim... mesmo uns inofensivos olhos castanhos. |