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farol n.º 14 - mil novecentos e sessenta e quatro ♦ sessenta e cinco, págs. 18 a 20.

Os Jogos Olímpicos

 

no centenário
de
Pierre de Coubertin

Alípio Baptista
(7.º ano)
 

Realizaram-se em Tóquio, com pleno êxito, os Jogos da XVIII Olimpíada da era moderna.

Uma vez mais o ideal olímpico não foi esquecido e assim os Jogos constituíram uma jornada de confraternização e intercâmbio cultural entre povos de todos os continentes e de todas as raças.

Como hoje, já na Antiga Grécia os Jogos Olímpicos eram um elemento de união de todo o povo grego que, embora separado politicamente, se reunia na cidade de Olímpia, e daí o nome dos jogos, para a sua realização em honra dos deuses, mesmo em tempo de guerra, que para esse fim era suspensa. Estes Jogos foram, no entanto, abolidos no ano de 394 por um decreto do imperador romano Teodósio, o Grande, que os considerava «uma insolente sobrevivência do paganismo».

Somente cerca de 1500 anos depois foram restabelecidos os Jogos Olímpicos, graças a um francês de nome Pierre de Fredy, barão de Coubertin, nascido em Paris a 1 de Janeiro de 1863. Viajou ele por vários países estudando as terras e os homens e trabalhou no sentido de encontrar um clima único, o da unidade entre os povos através de um elo firme como o desporto, ideal que serviu até à sua morte (2 de Setembro de 1937).

O primeiro passo foi revelar o seu projecto, em 25 de Novembro de 1892, na União da Sociedade Francesa dos Desportos Atléticos, e conseguir partidários em outros países. Daqui resultaria o alvitre para um congresso que viria a realizar-se na Sorbonne em 25 de Junho de 1894. / 19 /
Esse congresso aprovou o renascimento das Olimpíadas pela opinião de 69 delegados, representando 14 países. O Comité Olímpico Internacional, logo fundado (há, portanto, 70 anos) começou a trabalhar, vencendo as muitas dificuldades com que deparou e a Grécia foi o país escolhido para a realização dos primeiros Jogos Olímpicos da era moderna.

Assim, no dia 6 de Abril de 1896, foram abertos os Jogos pelo rei Georges, da Grécia, no restaurado estádio de Atenas.

A chama olímpica, traço de união entre os Jogos Olímpicos da Antiguidade e os da era moderna, apareceu pela primeira vez em 1928. O emblema olímpico é bem o símbolo do ideal de Pierre de Coubertin: cinco anéis entrelaçados, de cores diversas, representando as cinco partes do mundo unidas pelo desporto – azul da Europa, o amarelo da Ásia, o negro Africano, o vermelho da América e o verde-mar da Oceânia.

O êxito dos jogos Olímpicos de Atenas foi tal que o povo grego pretendeu que os Jogos se realizassem sempre na Grécia, visto serem gregos os Jogos Olímpicos da Antiguidade.

Mas Pierre de Coubertin venceu uma vez mais e os Jogos têm-se realizado em várias cidades do mundo, conforme se verifico no quadro seguinte em que se apresentam também outros dados estatísticos.
 

Datas

Cidades

N.º de atletas

N.º de nações

1896

1900

1904

1908

1912

1920

1924

1928

1932

1936

1948

1952

1956

1960

1964

Atenas

Paris

Saint Louis

Londres

Estocolmo

Anvers

Paris

Amesterdão

Los Angeles

Berlim

Londres

Helsínquia

Melbourne

Roma

Tóquio

285

1066

496

2059

2541

2606

3092

3015

1408

4609

4468

5867

3539

5900

5541

13

20

11

22

28

29

44

46

37

49

59

69

68

86

94

 

/ 20 /

Verifica-se por este quadro que não se realizaram os Jogos Olímpicos nas Olimpíadas de 1916, 1940 e 1944, anos em que as nações se viram envolvidas nas duas Grandes Guerras Mundiais.

Para comemorar o 10.º aniversário do restabelecimento dos Jogos Olímpicos realizaram-se uns Jogos em 1906, fora da sucessão normal de 4 anos, na cidade de Atenas, como justo prémio pelo êxito alcançado pelos Jogos da 1ª Olimpíada, realizados na Grécia.

Os atletas participantes nos Jogos Olímpicos deverão ser amadores. Actualmente, porém, a divisa de Pierre de Coubertin – «não interessa vencer, mas sim comparecer e praticar» – tem sido um pouco atraiçoada, em virtude de alguns atletas utilizarem os Jogos como «degrau» para o profissionalismo.

A Humanidade espera, no entanto, que haja sempre um «Pierre de Coubertin» que lute pela união dos povos e pelo ideal do desporto, evitando que os Jogos Olímpicos da era moderna terminem como terminaram os Jogos Olímpicos da Antiguidade.

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08-06-2018