Carlos Manuel
Reis Mendonça
7.° ano - Letras
O
bloco Afro-Asiático, do qual muitas parcelas têm vivido na condição de colónias, logo que conseguiu
a autodeterminação,
encetou uma política de ataque aos povos colonizadores. Esta posição
anticolonialista é do tipo sentimental, pois é resultado dum sentimento
colectivo «tendente a fomentar todos os movimentos condenatórios e de reacção». Mas, ao referir isto, não a torno
exclusivamente sentimental, porque no meio deste choque
de ideias e sentimentos, aparecem aqueles que pretendem satisfazer
as suas ambições políticas, tornando-se «leaders» desses países. Eles
têm como finalidade a independência dos povos ainda não
auto-determinados, e que, segundo aqueles, estão numa situação que
vai de encontro aos direitos naturais do homem.
Esta política, que procurei sintetizar em algumas linhas, foi
fixada na Conferência de Bandungue, que teve a presença de 29
países representantes do bloco africano e asiático.
Desta Conferência, deduz-se, nas suas linhas gerais. o
seguinte:
1.º) O bloco Afro-Asiático reafirma a posição atrás
referida, insurgindo-se contra o não cumprimento dos estatutos dá Carta das
Nações Unidas;
2.°) Declara o seu apoio a todos os povos dependentes
que desejam a autodeterminação e desafia as potências interessadas
para que concedam a liberdade àqueles.
Estes princípios foram reafirmados em novas Conferências, como a I
e II Afro-Asiáticas, realizadas respectivamente no Cairo e em
Conacry.
A Conferência de Bandungue teve tanta importância,
que Krutschef afirmou que aquela tinha dado um grande golpe nas pretensões dos colonialistas.
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Todo este movimento anti-colonialista terá trazido algumas consequências para Portugal? Claro que sim; o bloco
atrás referido, tomando Portugal como um suposto país colonialista, tem procurado inocular nos autóctones das nossas
Províncias Ultramarinas o «gérmen» da revolta em que as
suas funções são as de simples «cobaias» ao serviço dos interesses dos afro-asiáticos. Eu apliquei este termo «cobaia»,
porque os portugueses autóctones das nossas províncias não
actuam com a plena visão do problema, mas sim, obedecem
por coacção aos seus chefes que, caso de admirar, não são das
províncias. Ora a sua não naturalidade das nossas províncias mostra que foi necessária
a intervenção de estranhos,
para que, com elementos falsos que a ingenuidade do indígena não foi capaz de ponderar, levá-lo à revolta.
Após esta breve dissertação sobre
a acção do anti-colonialismo afro-asiático sobre Portugal, vou-me referir a um
«volte-face», na amizade interesseira dos afro-asiáticos.
A anexação de Goa pela União Indiana, a atitude desta
em face da Caxemira e outros factos vieram justificar a desconfiança dos africanos.
Mas aparece aqui um político que,
através da sua suposta amizade, pretende trazer ao seio da
tertúlia os «filhos pródigos». Esse político é Chu-En-Lai que,
na sua visita a África, procurou dissipar a desconfiança dos
Africanos e restabelecer a amizade Afro-Asiática, para a sua
frente anti-colonialista continuar inabalável na sua acção.
Entretanto os Africanos reúnem-se
em Addis-Abeba
para reivindicarem a sua prioridade de acção neste movimento.
Esta estratégia corresponde a uma atitude de reforço
das doutrinas do panafricanismo e da negritude que pretendem mostrar os valores da «civilização negro-africana».
O panafricanismo nasceu de
um movimento dos negros
da América contra a escravatura e a discriminação racial.
Pretende realizar a tão sonhada «unidade africana».
A negritude, também chamada
panafricanismo cultural, é uma afirmação de vitalidade dos elementos sócio-culturais
dos africanos.
Julgo ter dado, embora dentro das minhas parcas possibilidades, uma panorâmica geral acerca do movimento
anticolonialista dos afro-asiáticos.
Para terminar, repito mais uma vez que Portugal,
embora inocente,
está a sofrer más consequências da política dos afro-asiáticos. E, assim, esta frente conseguiu levar o ódio e a subversão aos nossos
territórios ultramarinos. |