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farol n.º 14 - mil novecentos e sessenta e quatro ♦ sessenta e cinco, pág. 13.

Intervalo Poético

Solidão

Penim Pisof

No Inverno tudo é morto,
Tudo é branco de saudade;
Tudo é delírio de saudade,
Tudo é branco de morte.


P'ra outros verões foi a sorte,
a esperança e o amor,
Ficaram os cemitérios
e ficou comigo a minha dor:
– dor de cemitérios,
– ar de cemitérios,
– cal de cemitérios,
Que alvura negra e atroz!


Também tu te foste, amor,
e só me deixaste teus rastos
que eu sigo e beijo com o delírio de um esqueleto errante,
alta noite escura,
ou com a alvura de um Fantasma esquecido...
 


Perdoar

Maria Helena Luís
 

Oiço...
As vagas rugirem no abismo do meu ser.
Oiço...
As árvores estalarem ao peso do gelo do coração.
Oiço...
O vento virar no vendaval das ilusões.
Oiço...
As Vagas, as árvores, o gelo, o vento clamando:
Vingança!
E aplacarei as vozes das vagas,
das árvores, do gelo e do vento
Vingando-me?
Ah como eu desejaria ser
A menina que vende violetas
à esquina da rua
com o cesto cheio de ilusões
Ser tudo... Nada ser...
Mas não pensar... Não ouvir...
As vagas, as árvores, o gelo, o vento a gritar
Vingança!
E do fundo do coração,
Perdoar!

 

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08-06-2018