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farol n.º 13 - mil novecentos e sessenta e três ♦ sessenta e quatro, pág. 23.

Intervalo Poético

Vento

Eunice A. Barreto Malaquias

 

Inspirada na poesia «The Wind»
de Robert Luis Stevenson.


Ao ouvir-te agitado (em lamúria).
Como tremo temendo a tua fúria!
Desprezas a Humanidade e o Amor.
Destroças o mundo com teu furor.
Vento, que passas como um furacão.
Vento, também tu possuis coração?


Quando me falas, responder-te almejo –;
Sinto-te, olho ao redor: não te vejo!
Ensinas as crianças a saltar:
Quanto me alegro, vendo-te brincar.
Vento, que passas como um furação.
Vento, também tu possuis coração?


Tu, que és tão dócil, tão frio, tão forte,
Que muitas vezes és causa de morte,
Procedes assim, invocas o caos,
Porque irado castigas os maus?
Vento, que passas como um furacão,
Vento, também tu possuis coração?
 


Prisão

M. A. F. O.

 

Em espasmos de dor, numa agonia

Debato-me entre grades que não quebram,

Cega-me o brilho intenso da alegria

Meus olhos numa prece ao Céu se elevam

 

Tenho a alma ferida de lutar

Contra esta prisão que só eu vejo,

Procuro a liberdade sem a achar

E é constante o ruir do meu desejo.

 

Todos os dias, o amanhecer

Mais uma nova esp'rança vem trazer

Ao meu triste e cansado coração

 

Mas, quando o sol começa a declinar,

Sem ninguém me ter vindo libertar,

Sinto jamais transpor esta paixão.

 

 

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08-06-2018