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farol n.º 12 - mil novecentos e sessenta e três ♦ sessenta e quatro, pág. 14.

«Nascer do Sol na aldeia»

Fernanda Maria

Era Maio. O dia despertava vagaroso e meigo como quem acorda feliz. Havia ainda sombra em todos os ângulos e as superfícies banhavam-se na madrugada confusa e indecisa.

Ao longe, no Oriente, os cimos agudos das montanhas recortavam-se no céu, num desenho esfumado a cor-de-rosa e azul-claro.

A pouco e pouco o firmamento inundava-se de claridade e a Lua, tonta de tanta luz, empalidecia e desmaiava sob os afagos da manhã.

A Natureza inteira despertava perante o meu olhar extasiado. Os primeiros raios do sol nascente, que despontava por detrás daquelas montanhas de além, encheram o espaço duma luminosidade forte e quente. Os pássaros despertaram no arvoredo e saudaram o dia com os seus trinados e gorjeios. Nas colinas embrenhadas de mato, cantam os grilos, incansáveis, as suas árias. O zumbido surdo das abelhas têm uma nota doce.

As borboletas em bandos, dão a ideia de lacinhos de várias cores dançando ao som leve da aragem matutina. E como para me lembrar que toda esta beleza é obra de Deus, o sino da pequena igreja toca e repica abençoando a Terra.

Um rebanho sobe a encosta dos montes guiado pelo som alegre do chocalho e pela voz clara do pastorinho.

Na azinhaga perto, chia um carro de bois... Os homens passam alegres para o trabalho. A atmosfera é límpida e sabe bem respirar.

Eu olhava o céu e sorria feliz de tanta beleza que descobrira nessa manhã. Tudo em meu redor me parecia em festa. Como é bom e belo uma pessoa poder desfrutar de toda esta maravilha que só se pode contemplar no «nascer do Sol na aldeia!

 

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08-06-2018