Jota J.
►63 NA TELA
O
ano que há pouco nos deixou foi sob o ponto de vista
cinematográfico, um ano
fraco, pois veio mostrar-nos, uma vez mais a decadência do cinema.
Esta decadência não é particular de um outro pais menos afortunado
materialmente, pois em todos menos ou mais ricos, menos ou mais
intelectuais ela se faz sentir. Basta lembrarmo-nos das estreias nos nossos
cinemas para podermos reconhecer que só uma pequeníssima parte delas
chegaram a atingir um grau que pela sua qualidade nos conseguiu
surpreender.
Este grau de qualidade vem baixando de ano para ano na medida em que
aos argumentistas lhes começa a faltar imaginação e aos realizadores
o engenho.
O problema dos argumentos sempre
existiu com maior ou menor intensidade, no entanto, actualmente, apresenta-se de
forma mais aguda, devido talvez à quantidade que veio suplantar a
qualidade em grande escala.
Mas não é só esta a causa. Outras de ordem
intelectual e moral vieram baixar o nível do espectáculo
por muitas preferido. Passando em revista o que foi o cinema mundial neste 63 que já lá vai, notaremos
que o ambiente não foi o
mesmo em todos os países. Assim nos Estados Unidos notou-se uma
continuidade
no que diz respeito ao gosto pelo colossal, tendo ainda os estúdios produzido grande número de outros filmes uns maus,
outros
piores e uns poucos bons,
daqueles que não nos arrependemos de perder tempo a vê-los. Parece
no entanto
que a coisa por lá também
não vai bem principalmente
quanto ao mercado interno, e isto devido à concorrência estrangeira
que se faz sentir. Apesar de tudo continua a América a ser a
primeira potência exportadora de filmes (excluindo China e Japão),
o que se nota até certo ponto pelos filmes
exibidos entre nós.
Na França e na Inglaterra, o cinema está em crise, devido a
condições idênticas que se fazem sentir nos dois países. A
televisão e outros espectáculos tiram ao cinema grande número de frequentadores, o
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que traz como consequência imediata o encerramento sucessivo de
casas de espectáculos. Assim na França, acompanhada de grandes
«déficits» surge uma baixa, de quantidade e qualidade de filmes.
As soluções são várias. Esperemos que o cinema francês volte a
surgir num plano que se coadune com as suas aspirações.
A Inglaterra devido à
falta de fundos vê-se na iminência de baixar os preços dos filmes,
o que não será bom agoiro para a qualidade dos mesmos.
E é esta mais ou menos a herança que o cinema de um ano que foi o 63
deixa ao seu sucessor que é o nosso 64.
Algumas curiosidades
♦ Maurice Chevalier
nasceu a 12 de Agosto de 1888 em Paris. Durante a sua juventude
experimentou várias profissões, entre as quais aprendiz de
gravador.
♦ Helen Shapiro assinou
o seu primeiro contrato com uma casa de discos aos 14 anos.
♦ Rock Hudson que tem
trinta e poucos anos já interpretou mais de 40 filmes.
♦ Brigitte Bardot nasceu
em 28 de Setembro
de 1934.
♦ Charlie Chaplin casou
4 vezes e suas esposas
foram: Mildred Harris, Lita Grey, Paulette Goddard e a actual, Oana
O'Neill.
♦ Procópio Ferreira, um
dos valores do teatro do Brasil teve a sua primeira apresentação em
Portugal no teatro Ginásio, com a peça de Joracy Camargo «Deus
lhe pague».
♦ Johnny Hallyday gosta
de convidar a família a gozar da sua opulência, porque não esquece
o que deve a sua tia, que tomou conta deIe quando se chamava
ainda Jean-Philippe Sweet.
♦ Renato Carosone
iniciou a sua carreira artística em 1937, na África Oriental, e aos 40
anos estava já milionário.
♦ Alcina Amaral cantou
pela primeira vez em público numa festa realizada no teatro Sá da
Bandeira, em benefício do malogrado violista Maurício Júnior.
♦ Augusto Rosa e
Eduardo Brazão, dois grandes valores do teatro português, nasceram ambos num dia 6 de Fevereiro; apenas o segundo era um ano mais
velho. |