António S. Dias
(5.º Ano)
O
1.º Acampamento Internacional Infante D. Henrique achava-se instalado no Vale do Jamor, em Caxias, ao lado do
Estádio Nacional.
De alguns sítios admiravam-se paisagens maravilhosas sobre o Tejo.
O local era belo, cheio de árvores frondosas e
largas ruas que o tornavam apropriado para o fim para que foi
utilizado.
A organização do Acampamento era modelar.
A Direcção dividia-se em Serviços gerais e Sectores; os vários
serviços gerais eram:
Alimentação
– Nesta, usou-se pela primeira vez o sistema
do auto-serviço, em que se utilizou, em vez de prato e talheres
separados, um tabuleiro com cavidades destinadas aos alimentos,
copo, talheres, pão e fruta. Cada refeição era acompanhada de uma
pequena garrafa de sumos.
Havia diariamente quatro espécies de ementas à escolha dos filiados,
cada qual em seu posto de distribuição, numerado, sendo a refeição
escolhida, na véspera, por cada filiado,
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Na parte do refeitório, havia uma grande tenda com a instalação da
Cantina, onde se poderia encontrar tudo o que se desejasse e
quisesse.
Arquitectura e decoração
– Estes serviços delinearam a disposição
do Acampamento, dando-lhe assim bom aspecto e forma pitoresca.
Assistência moral e religiosa
– Sob este aspecto, constavam no
programa um serviço de missas matinais desde as 7 às 8,30 horas.
Além disto, havia serviço de confissões dentro de certas horas e, ao
Domingo, além das missas já mencionadas, havia missa campal às 11
horas.
Comunicações
– Asseguravam estas não só a recepção e expedição de toda a correspondência do Acampamento, mas também
forneciam selos do correio, postais, cartas, etc., permitindo ainda
o serviço telefónico interno, externo e até internacional; a
distribuição da correspondência destinada aos filiados era também
assegurada por estes serviços.
Culturais
– Este serviço promoveu exposições de trabalhos de alguns
filiados presentes, a quem, antes do encerramento desta realização,
foram atribuídos prémios significativos. Editava, ainda, jornais de
árvore feitos por alguns membros do Acampamento. Era ainda da
iniciativa deste serviço a «Chama da Mocidade», que, a partir do dia
7 de Agosto, se realizava todas as noites.
A «Chama» obedecia a um programa-tipo que compreendia: abertura,
canto coral, folclore regional, parte recreativa, actualidades do
dia em jornal filmado, teatro, oração e encerramento.
Deste modo, após ser entoado pelos circunstantes o Hino da Mocidade,
assistia-se a marchas e canções regionais portuguesas e
estrangeiras, exibindo-se vários grupos em números do folclore do
seu país. No jornal filmado podia assistir-se aos factos principais
do dia, e, seguidamente, uma peça teatral de pequena duração
frisava factos respeitantes à vida e acção do Infante D. Henrique
nos Descobrimentos. Após a recitação de algumas orações pelo
Assistente Nacional da M. P., terminava a «Chama» com a audição dos
hinos dos vários países representados.
Imprensa, rádio e televisão
– Deste serviço saía todas as manhãs o
jornal do Acampamento, assim como, diariamente, eram
expedidos os mesmos para casa das famílias dos filiados. Constituiu
este jornal uma série de 12 números pelos quais as famílias dos
rapazes ficavam conhecendo os actos mais importantes realizados no
Jamor.
A Rádio começava cedo o seu serviço com um programa de
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boa disposição e notícias matinais. À noite funcionavam 3 postos
de televisão, dos quais 2 se encontravam à disposição dos rapazes
acampados.
Informações
– O serviço de informações esclarecia todas as dúvidas
àqueles que disso carecessem, quer fossem participantes, quer
visitantes.
Intérpretes
– Este serviço assegurava todo o contacto necessário
com os estrangeiros, em espanhol, francês, italiano, alemão e
inglês.
Material
– Assegurava o fornecimento do material preciso a
qualquer trabalho; garantia ainda um serviço de lavandaria dentro
de determinado horário.
Obras
– Tinha por fim executar a montagem e desmontagem do
acampamento e assegurava a continuidade das instalações.
Protocolo
– Estavam estes encarregados da condução de todas as cerimónias referentes às festividades e programa do
Acampamento de modo a imprimir-lhes dignidade e simplicidade
convenientes a tais actos e manifestações juvenis.
Saúde
– Instalados em óptimas condições, como convinha, atendendo
aos fins visados pelos mesmos, garantiam assistência médica permanente, contando até com serviços de raios X e
cirurgia. Também fazia parte deste serviço a ginástica matinal
facultativa, orientada por um categorizado professor.
Secretaria
– Estes serviços tinham a seu cargo a coordenação e
execução do expediente relativo aos já anteriormente descritos.
Transportes
– Tinham o fim de regulamentar tudo quanto se
referia a transportes dos filiados.
Vigilância
– Tinham a seu cargo regular as saídas e entradas
dos participantes no Acampamento.
O Acampamento achava-se dividido em 4 sectores pelos
quais se achavam distribuídos os seus participantes.
Para este Acampamento foram convidadas representações de vários
países, tais como: Brasil, Paquistão, Japão, Inglaterra, Alemanha,
França, Espanha, Estados Unidos; algumas organizações
portuguesas, a saber: Fragata D. Fernando, Escuteiros de Portugal,
Corpo Nacional de Escutas; representações da M. P., continentais,
insulares e ultramarinas.
Amizade e camaradagem
– No meio deste agrupamento de rapazes de tão
diversas regiões e até nações pôde registar-se o
facto, talvez inesperado, de que todos se davam admiravelmente,
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sem distinção de raças ou cores, privando todos como se amigos de largo tempo houvessem sido. Oxalá este exemplo
frutificasse nas relações entre os povos.
O Acampamento, de que tenho vindo a falar, foi inaugurado
pelas 10 horas do dia 6 de Agosto deste ano Henriquino por Sua
Excelência o Ministro da Educação Nacional, Professor Leite Pinto.
Seguidamente, no Terreiro de S. Francisco Xavier, o Rev. Assistente
Nacional da M. P. procedeu à bênção da «cidade de lona». Após esta
cerimónia foi o Acampamento visitado por várias entidades oficiais presentes e pelo povo que a ela assistia. No dia
seguinte teve lugar a visita de Sua Excelência o Senhor Presidente
Américo Tomaz e do Senhor Cardeal Patriarca de Lisboa, juntamente com alguns membros do Governo, tendo sido recebidos
com grande entusiasmo pelos rapazes participantes.
Além destes, visitaram o Acampamento o sr. Dr. Oliveira
Salazar, apoteoticamente recebido pelos rapazes acampados, os
Pioneiros de Angola e os Antigos Graduados da M. P., todos
com maravilhosa recepção.
Este acampamento encerrou-se a 16 de Agosto após um
desfile na Avenida da liberdade, em Lisboa, realizando-se à noite a
tradicional «Chama da Mocidade», com que terminou. |