João M. T. Barreto
(4.° ano)
INCLUÍDO no programa das Comemorações Henriquinas e constituindo
parte importante delas, realizou-se em Lisboa o Acampamento
Internacional Infante D. Henrique, em que o Comissariado Nacional da M. P. reuniu filiados de todas as
províncias ultramarinas e continentais, com delegações da juventude
estrangeira. Este acampamento, muito bem organizado, constituiu uma
excelente prova das possibilidades da M. P.. Tinha como principal
objectivo o aperfeiçoamento do intercâmbio da mocidade do Continente
e do Ultramar com a dos países amigos, e conseguiu plenamente
alcançá-lo. Viveram-se horas de óptima
camaradagem que uniu especialmente todos os rapazes portugueses,
mas também os brasileiros e os representantes de todos os outros
países.
Os participantes do
Acampamento tiveram ainda oportunidade de tomar parte em imponentes
cerimónias das Comemorações Henriquinas.
O primeiro desses actos a que nos associámos foi a chegada
do Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira. Mais uma vez se
manifestou a fraterna amizade luso-brasileira que a multidão soube
exteriorizar, dispensando carinhosa e entusiástica recepção ao
Presidente da República do Brasil, esse extraordinário país que pode
considerar-se a obra-prima do génio civilizador português.
No dia seguinte foi a inesquecível viagem a Sagres. Quase todos os
filiados de Aveiro estiveram em Sagres; uns, que tomaram
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parte na guarda de honra ao Padrão, fizeram a viagem em autocarro.
Por mar, a bordo do «Vera Cruz», seguiu o Comandante
de Castelo Raul Geménio M. Melo e Santos.
Desse lugar nu e agreste onde o Infante se isolou com os seus
cartógrafos, estudando as rotas do mar, e que veio a ser centro
de irradiação dos conhecimentos marítimos da época, partiu Portugal à procura de
novos mundos.
De manhã, e já com a presença dos Chefes do Estado de
Portugal e do Brasil, o Senhor Cardeal Patriarca de Lisboa celebrou missa e proferiu uma significativa homilia. Em seguida, foi
descerrado, por um filiado da M. P. da Guiné o padrão comemorativo do 5.° centenário da morte do Infante D. Henrique.
De tarde, os dois Presidentes assistiram ao imponente
desfile naval. Recordando as Caravelas do Infante, as velas brancas
da «Sagres» com a cruz de Cristo, à sombra da qual se fizeram
todas as nossas descobertas. Muitos outros países mandaram os
seus veleiros, que contrastavam com as mais modernas unidades
das Marinhas de Guerra. Ao mesmo tempo, o céu era cruzado
por impecáveis formações de unidades de aviação, nacional e de
países amigos.
Impressionou fortemente os
nossos corações este desfile, não
só pela beleza do espectáculo, mas também por constituir testemunho
de respeito e admiração pelo nosso país, pequena faixa de terreno no tempo do Infante e que hoje é uma grande Nação
espalhada pelo Mundo.
Assistimos também à inauguração do Monumento dos Descobrimentos, em
Belém. Na pedra desse belíssimo monumento,
ficará perpetuada através dos séculos não só a memória do Infante,
figura que as páginas da História da Civilização Ocidental já celebram, mas também a dos obreiros anónimos da gigantesca empresa
iniciada em Sagres. Estímulo para a juventude de hoje devem ser
a vontade e o sacrifício enorme dessa geração de bravos
marinheiros.
Como complemento do desfile naval em Sagres, desfilaram
na Avenida da Liberdade contingentes das Marinhas estrangeiras.
Garbosos nas suas fardas, aprumados, impecáveis, esses homens
uma vez mais prestaram homenagem a Portugal e ao Ideal de
Sagres, que tornou possível a descoberta de novos mundos.
Mas Portugal só conseguiu sair para o mar porque outra grande
figura da nossa História assegurara, anos atrás, a nossa independência. Por isso, todos os anos os filiados da Milícia e da M. P.
recordam a Batalha de Aljubarrota. Por ter passado este ano o
6.° centenário do nascimento do Condestável, génio militar, guerreiro e santo, as cerimónias tiveram especial brilho. A elas se
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dignou assistir o Senhor Presidente da República, ante o qual
desfilaram em continência a Milícia e a M. P..
Finalmente no último dia do Acampamento, para que a população de
Lisboa pudesse manifestar a sua simpatia pelos rapazes de todo o
território português e dos países estrangeiros, unidos no mesmo
espírito de amizade e camaradagem, estes jovens desfilaram pela
Avenida da Liberdade.
Voltámos com a consciência mais perfeita da grandeza de Portugal, e
da responsabilidade que cabe aos novos de continuar, no futuro, um
Portugal digno do seu passado. |