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farol n.º 5 - mil novecentos e cinquenta e nove ♦ sessenta, págs. 13 3 14.

Fins dos descobrimentos e sua acção preponderante

Manuel Almeida Robalo

          e

Luís Ourique Martins Carneiro

                  (4.º Ano)

D. HENRIQUE, cujo sonho era engrandecer Portugal e dilatar a Fé Cristã, pensou, segundo nos diz Zurara na «Crónica dos Feitos da Guiné» descobrir um caminho marítimo que conduzisse as nossas caravelas ao Oriente, sonho de toda a Europa e sua maior preocupação. Além disto guiava-o o desejo de encontrar novas terras, porque a população aumentava cada vez mais e Portugal não podia expandir-se para o continente em virtude do poderio castelhano e demais o mar era a sua aliciante atracção.

Desejavam os europeus conhecer as possibilidades dos mouros e as suas fontes de riqueza para os poderem atacar com segurança. Foram os Portugueses, nobre raça lusitana, guiados por este homem extraordinário, que levaram a cabo tão heróica e perigosa missão. Desejavam também expandir a Fé de Cristo e saber se havia algum rei cristão nas desconhecidas paragens do Oriente.

A seguir às Canárias, conhecidas pelos portugueses no reinado de D. Afonso IV, encontraram as nossas caravelas a ilha de Porto Santo, a Madeira e outras foram dadas a conhecer ao mundo. Desvenda-se a lenda do Mar Tenebroso com a passagem do Cabo Não, heróico feito de Gil Eanes.

Desvenda-se devido à preponderância do nosso Infante o segredo da imensa massa de água azul que tanto assustava os povos e que 8 aterradora lenda povoava de fantasmas ou cobria de pedras preciosas, guardadas por terríveis monstros, consoante a imaginação dos mareantes da época.  / 14 /

É devido ao nosso glorioso Infante que no Atlântico, no Índico, no Pacífico, no Árctico e Antárctico se encontram ilhas cujos nomes são de origem portuguesa. Descobrimos continentes, ilhas, oceanos e mares, civilizámos povos, demos-lhe a verdadeira religião, levando sempre os olhos e pensamento postos na Cruz do Redentor, desenhada nas velas desfraldadas.

Não foi certamente com «excessiva benevolência», como Zurara nos diz, que o Infante levou a cabo a sua imensa e gloriosa obra, mas era compreendido e amado pelos seus homens, não só por saberem que ele era muitíssimo inteligente e por compreenderem que a sua obra era grandiosa e seria lembrada através dos séculos enquanto houvesse seres racionais sobre a terra, mas também, porque era honra e glória colaborarem com ele.

Nas viagens era lembrado quer pelos marinheiros, quer pelos capitães e todos queriam cumprir o melhor possível as suas ordens, porque desejavam dar-lhe alegria.

Qual é o país que se pode ufanar de tão gloriosos feitos?

O mar, o mistério terrível desses tempos, foi vencido graças ao esforço de um só homem – um português. Tal foi a obra gloriosa do Infante D. Henrique de que rodos nós nos devemos orgulhar e ao qual se ajusta na perfeição aquele verso de Fernando Pessoa tão cheio de significado e conteúdo:

«Deus quer, o homem sonha, a obra nasce!...»

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NOTA – Por este trabalho ser muito extenso, limitamo-nos apenas a publicar um dos
              capítulos mais sugestivos.

 

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06-06-2018