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farol n.º 2 - mil novecentos e cinquenta e sete ♦ cinquenta e oito, págs. 15-16.

A Obra das Mães pela Educação Nacional

Isabel Soares

(7.º Ano)


A educação duma criança começa vinte anos antes «do seu nascimento, pela educação da Mãe». Quem terá já pensado no alcance deste dito de Napoleão, que ao mesmo tempo levanta o sério problema da educação das Mães?

Sem dúvida, aquele que a 21 de Novembro de 1957 expirou serenamente, com a certeza de ter legado à sociedade todos os seus esforços, todos os dotes do seu coração generoso.

«Grande mestre, grande português, grande cristão» – o Dr. António Carneiro Pacheco.

Ele soube duma maneira grandiosa, suprir a deficiência da educação, que a maior parte das jovens, infelizmente, recebe.

Já que nem todas podem recebê-la na devida altura para, vinte anos depois – segundo o grande imperador – a transmitirem a seus sucessores, que ao menos na adolescência, a possam obter devidamente.

Por outro lado há que burilar pela vida fora a educação básica da infância, há que formar mulheres aptas para todas as lutas – baluartes contra os quais, sejam impotentes todas as intempéries, alicerces sobre os quais as famílias se congreguem e elevem.

E assim surgiu essa obra redentora em prol da formação integral da mulher, para elevação do povo português – a «Obra das Mães pela Educação Nacional».

Não é de modo algum uma obra de assistência, mas essencialmente uma obra de educação. Ela prepara, inteligentemente / 16 / e dum modo prático, a mulher para a vida desde o ensino familiar e doméstico, ao ensino agrícola, desde assistência materno-infantil às danças e jogos de crianças, desde a psicologia da adolescência e pedagogia aplicada, aos problemas de criação artística; desde a missão de apostolado da trabalhadora social à defesa civil do território.

Ali se formam vontades fortes, se aperfeiçoam caracteres; dali saem mulheres que não cedem perante obstáculos, harmoniosa e progressivamente desenvolvidas, contrariamente ao ritmo desta época de velocidade, instável e inquieta.

É verdadeiramente uma escola de coragem, dum somatório de finalidades ideais, modeladora de almas, prontas a servir a Deus, à Pátria e à Família.

As sociedades onde a mulher se subtraiu à sua missão de educadora, abandonou a sua dignidade, descurou as responsabilidades inerentes ao seu sexo, são sociedades moralmente decadentes e socialmente em crise.

Urge, portanto, dar a maior importância à educação das raparigas, fazer delas mulheres actuais, intelectuais e desportivas, mas também as primeiras interessadas no conforto e beleza do lar, esposas e mães.

É este o papel relevante da «Obra das Mães», formando, instruindo e estimulando as mães portuguesas para que elas cumpram plenamente a sua missão, pois nas suas mãos está, em grande parte, o destino da Nação e da Humanidade.

Quem há que não preste o preito merecido ao autor de semelhante obra? Quem não sinta no seu coração o reconhecimento e a admiração por esse extinto vulto nacional, que foi um verdadeiro Ministro da «educação»?

– «Não se é português só por se ter nascido em Portugal» – dizia ele. «A honra de ser português ganha-se com um contínuo acta de amor a Portugal».

Ele também a ganhou pelos altos serviços que prestou a Portugal.

Tiremos da vida desta grande alma a lição que ressalta, a nossos olhos: – vale a pena sonhar grandes coisas e pôr na sua realização toda a alma e perseverança. Vale sempre a pena ter na vida um grande ideal e comunicá-lo aos outros, para que a centelha se não extinga e possa acender ainda em outras a luz de novos ideais.

 

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06-04-2013