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farol n.º 1 - mil novecentos e cinquenta e sete ♦ cinquenta e oito, pág. 22.

Não chores mais, Margarida

Emília Gomes de Carvalho

NÃO chores mais, Margarida.
Como é que no teu olhar
Pôde triste, despontar
Uma mágoa indefinida?


Como sonhaste esta dor?
Como pudeste saber
Este meu triste viver?
Não, criança, não é amor.


É coisa pior, ainda:
É uma esperança de nada;
É desespero que enfada;
É uma ambição infinda


De mar amplo, céu aberto,
De almas simples e sinceras,
De vãs, de loucas quimeras,
Corações a descoberto!


Mas porque sofres assim?
Eu não mereço esse amor.
Eu não mereço que a dor
Devore senão a mim.


Oh! Não! Sorri para a vida!
Enxuga o teu doce olhar,
Abre os lábios num cantar,
Não chores mais, Margarida.

                                         LANA

 

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04-06-2018