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EXPOSIÇÃO ANTOLÓGICA - 14 a 29 de Setembro de 1996

A HOMENAGEM A ZÉ AUGUSTO
Dra. Maria da Luz Nolasco – pág. 3

Há cerca de um ano que, na ala sul do renovado edifício da Fábrica Jerónimo Pereira Campos, junto ao Cais da Fonte-Nova, entrou em funcionamento o Centro Cultural e de Congressos de Aveiro. Se a inauguração oficial se deu a 8 de Julho de 1995, a sua abertura à comunidade aveirense é uma realidade desde 15 de Setembro desse mesmo ano. Preparada durante a 1 a quinzena do mês por uma centena de jovens bailarinos do concelho, foi então estreada uma coreografia de dança contemporânea, com a qual, evocando Santa Joana, de forma intensa e simbólica, homenagearam a cidade e a sua memória. E tem sido assim que ali se tem vindo a trabalhar evocando e elaborando a memória colectiva, construindo e pondo constantemente à prova a viabilidade e utilidade daquele equipamento, recorrendo-se a uma programação que reflecte, em simultâneo, a política cultural da Câmara e a sua própria abertura às propostas que os agentes culturais apresentam. Apesar das grandes dificuldades, que aqui cumpre a iludir, têm sido gratificantes os resultados.

Face a essa nova realidade, há um ano tornou-se finalmente possível iniciar um novo ciclo da gestão cultural do Município.

Articulando aquele novo espaço com os já existentes, o programa de actividades culturais então aprovado pela Câmara Municipal pôde estender-se a diversas áreas do conhecimento, procurando, fundamentalmente, que os acontecimentos não tenham como origem e destino o acaso, mas que se integrem em linhas de acção com objectivos determinados. Dentro desta nova orientação, um dos trilhos já abertos é o conducente à criação, a prazo, de uma Galeria de Arte Contemporânea que pela prática se fixe numa das salas do Centro Cultural e de Congressos. Ali se virão a expor algumas das obras do crescente espólio Municipal, mas, fundamentalmente, deverá ser posta em contacto/confronto a produção mais significativa, no domínio das artes plásticas contemporâneas aveirenses e nacionais.

Nessa rota para a sedimentação da Galeria Municipal de Arte Contemporânea de Aveiro...

... A HOMENAGEM A ZÉ AUGUSTO...

...é também a homenagem a alguém que, para além de, na arte da cerâmica, representar o escol dos seus obreiros maiores e um dos seus mais prolíferos criadores, é também, noutros domínios das artes plásticas, vulto ainda por conhecer, mas cujos segredos agora revelados permitem vislumbrar não menor estatura.

Artista contemporâneo, José Augusto Ferreira dos Santos, Zé Augusto, é aveirense nascido no bairro da Beira-Mar, rua do Vento, freguesia da Vera-Cruz, neto e bisneto de marnotos. No mais genuíno ambiente aveirense Zé Augusto elaborou o seu saber dar vida ao barro, modelando-o, dando-lhe forma, ritmo e movimento, com ele dialogando sobre o seu imaginário de expressões bizarras, críticas, caricaturais... sínteses da comunidade, imagens da memória. Por tal razão é pouco, mas revelador, interrogarmo-nos se Zé Augusto não estará para Aveiro e a sua região como Rafael Bordalo Pinheiro para a país. E ambos fizeram muito para além de símbolos da identidade colectiva, escola, experiências, inovação, ... arte!

Zé Augusto, pela primeira vez num espaço que inevitavelmente o solicitará até ao infinito, é a figura que na obra visitaremos e homenagearemos até ao final de 1996.
 

 
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