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         ÍLHAVO 
        e o seu concelho são, sem qualquer dúvida, um dos maiores centros 
        turísticos do distrito de Aveiro, possivelmente até o maior deles. 
        
        É a variedade dos seus tipos humanos e das 
        suas actividades, é a aliança terra e mar e as suas inerentes 
        manifestações nos costumes, é o cenário sempre maravilhoso da ria, é, 
        enfim, o próprio contraste da alegria e da tristeza a manifestar-se 
        constante e gradualmente, é tudo isto a justificar o primeiro plano 
        turístico que temos de conceder a esta região. 
        
        Da sua remota antiguidade falam-nos os 
        escritos anteriores à própria fundação da nacionalidade – entre 1037 e 
        1065 – em que Recemondo, filho de Maurele e de 
        Basilissa, doou ao mosteiro de Vacariça, da ordem do Beneditinos, «in 
        nilla iliano quantum in me as cartas resonat», reinando, em Castela e 
        Leão, Fernando, o «Magno». 
        
        É este topónimo Iliano que a par de
        Ilano, Ilavum e Iliabum, nos fala de Ílhavo, nas 
        suas formas mais ou menos alatinadas, em documentos dos séculos XI e XII.
        
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        Esta uma pequena resenha histórica, sobre a 
        remotíssima existência da vila e do seu valor, a que se referem os 
        painéis de azulejos existentes no edifício da Câmara. 
        
        Mas, se ao turista culto interessam os dados 
        monográficos de uma região, não é de menor interesse a paisagem que 
        envolve essa mesma região e, aqui reside o mais elevado valor turístico 
        de Ílhavo e do seu concelho. 
        
        Com o caprichoso recorte que a ria lhe 
        impõe, o concelho espraia-se até ao mar, oferecendo-lhe os extensos 
        areais da Costa Nova, caracterizando-se pela sua dualidade – uma praia 
        de rio e uma praia de mar – onde o turismo muito pode conseguir a partir 
        do momento em que as entidades oficiais e particulares lhe dêem um pouco 
        do que merece e do muito que Ihe tem sido negado. Se a indústria 
        hoteleira tem, em maior ou menor escala, acompanhado o desenvolvimento 
        turístico desta praia, o mesmo não acontece com as necessárias 
        instalações para os banhistas, de que está quase totalmente desprovida. 
        
        A par desta praia, uma outra se apresenta – 
        a da Barra ou do Farol – onde há que lamentar o total alheamento às suas 
        reais possibilidades presentes e futuras, esquecida de qualquer fomento 
        turístico, se bem que o mereça. 
        
        A esta paisagem marítima alia-se a beleza 
        paisagística dos seus campos verdejantes, de uma próspera e cuidada 
        agricultura. Dois motivos diferentes – o mar e a terra – com uma naturaI 
        e curiosa separação por uma mata a requerer as atenções dos grupos 
        campistas e das instituições ligadas a este salutar desporto, cada vez 
        mais fortemente ligado ao turismo. De resto, nesta privilegiada região 
        tudo se alia para a tornar centro das atenções gerais do nosso turismo, 
        desde as suas praias aos seus campos, desde o mar à ria, da sua 
        indústria ao artesanato local, profundamente característico. 
        
        Ílhavo, com a indústria de cerâmica, na 
        Vista Alegre, a construção naval, na Gafanha, e a sua generalizada 
        indústria da pesca – muito especialmente a da pesca do bacalhau e 
        respectiva seca –, possui todo um conjunto de especial relevo através do 
        próprio contraste dos seus costumes. 
        
        É a eufórica alegria da chegada dos 
        bacalhoeiros e o triste acenar de lenços na sua largada – momentos 
        cimeiros, opostos, que modificam toda a fisionomia de uma região –, é o 
        homem do mar a cruzar-se com o lavrador, marcando as suas diferenças no 
        andar, no trato e no sentir, são estes pólos que se tocam e completam a 
        oferecer a toda esta região uma característica especial que a eleva a um 
        lugar ímpar e inconfundível. Ílhavo é assim, campo, praia e mata, 
        triologia magnífica para uma só finalidade: TURISMO. 
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