VAGOS

 

BELO RINCÃO DO DISTRITO

DE AVEIRO É UM EXEMPLO

DO ESFORÇO DO HOMEM

VAGOS, de origem romana «Vacus», é mais um belo rincão do distrito de Aveiro, dos melhores testemunhos de quanto vale o esforço do homem no seu amor à terra e na luta com a Natureza.

Assente em terreno arenoso, o mesmo que a rodeia, só pela vontade férrea e esforço titânico das suas gentes se transformou num centro de produção agrícola que excede os limites do seu consumo, tornando-se exportadora regional.

Transformando o arenoso e estéril terreno em que assenta, valendo-se da ria que, por canais, vem afagar a vila e do rio Boco; daquela aproveitando o «moliço» e deste a «caniça», seus filhos, exemplos de trabalho e perseverança, provocam a adubagem dos terrenos e conseguem um bom grau de produção, muito especialmente em batata e ervilha, tornando ainda aquelas terras propícias ao desenvolvimento de extensos laranjais.

Assim, recuperada a terra pelo esforço de homens de rija têmpera, alguma coisa há que fica a dizer-nos da desesperança de alguns, que se lançam na procura de novos sectores, para garantia da sua manutenção. Surge-nos, assim, uma dispersão entre a agricultura, a indústria e o artesanato e nestas bases se divide a massa populacional da região.

Na indústria, muito principalmente na cerâmica, vão buscar ao vizinho concelho de Ílhavo os ensinamentos da Vista Alegre, afamado centro de cerâmica artística e, desprezando o belo para procurar o útil, é intra-muros que se industrializa a cerâmica aplicada à construção civil, de maior e mais seguro rendimento.

Mas, a essa indústria, alia-se o artesanato; e aqui reside uma das principais características turísticas da região.

Isto não é afirmar ser somente o artesanato um foco da sua riqueza turística. Para além deste, e, possivelmente, superior a este, há que afirmar-se uma beleza paisagística em que os seus extensos areais, as magníficas margens do Boco, os canais com que a ria de Aveiro se aproxima de Vagos, são nota dominante do seu aproveitamento turístico.

E, ao interessar-se o visitante na procura e observação de tais belezas, há que conduzi-lo numa visita à igreja matriz – talhas e esculturas maravilhosas, onde predomina a de Nossa Senhora da Agonia, em tamanho natural – à capela de Nossa Senhora de Vagos – mandada construir por D. Sancho I, segundo reza a lenda, entre os anos de 1185 / 83 / e 1215, à Biblioteca Municipal João Grave, escritor que foi filho dilecto da terra.

A carência de fontes de informação não permite que se «avance» muito no passado de Vagos: pouco mais se pode afirmar para além da sua existência nos tempos da dominação romana na Península com o testemunho de alguns vestígios de uma ponte romana, em tijolo (descoberta sob as dunas), da data em que recebeu foral, concedido por D. Manuel I – 12 de Agosto de 1514 – e da criação do marquesio de Vagos, por D. João VI, título concedido ao 6.º conde de Aveiras.
 

 

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págs. 82-83