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O coro fica separado da igreja por um arco,
que sustenta o coro alto, e tem 22,80 m de comprimento por 8,85 m de
largura, com duas ordens de cadeiras com seus ornatos, espaldares e
misericórdias; junto das paredes há colunas, em talha dourada, e entre
elas, telas com motivos da vida da Rainha Santa Mafalda e da Sagrada
Escritura; foi feito por António Gomes e Filipe da Silva, ambos do
Porto, em 1743.
Junto ao arco que separa a igreja do coro
baixo estão dois altares da ordem compósita: o do lado do Evangelho é
dedicado à Santíssima Trindade «cujas Pessoas do Padre e do Filho se
representam em duas imagens coroando outra da Virgem Maria e a Pessoa do
Espírito Santo se representa por cima da imagem de Nossa Senhora na
figura de uma pomba entre as Pessoas do Padre e do Filho», atribuído ao
século XVI; o do lado da Epístola é dedicado à Virgem Nossa Senhora da
Piedade, ficando por cima deste altar o órgão, principiado em Lisboa em
1739 e assente em 1743, com 24 registos e 1352 vozes, com o custo de
40.000 cruzados, igual a 50.000 alqueires de milho.
Por cima das pilastras deste coro estão
várias imagens de santas da Ordem de Cister que, com as da igreja e
capela-mor, foram feitas em 1725 pelo escultor Jacinto Vieira, de Braga,
«que aqui deixou a obra mais original e encantadora da nossa escultura
joanina. |
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As estátuas das monjas receberam uma policromia em que domina o
branco das túnicas e o vermelho dos lábios, pintura que já é da segunda
metade do século XVIII, por isso que duas destas imagens, hoje
encobertas pelo órgão, escaparam à pintura». A porta da entrada da
igreja é lateral, como é de regra em todos os mosteiros de freiras.
Nos antecoros há seis altares da ordem
compósita, mas os de maior valor são, em douramento, o do Senhor Ecce
Homo, em talha o de S. Bernardo e pela imagem o de S. Bento, sendo estes
dois últimos bem como os seus frontais feitos por José da Fonseca Lima,
do Porto, em 1743. Num corredor deste antecoro há uma imagem, de pedra,
de grande beleza, da Senhora da Encarnação, conhecida no Mosteiro por
Senhora de Março.
A sala do capítulo, em arco abatido, é
rodeada de azulejos dos fins do século XVIII com motivos nórdicos, com
um banco de madeira à roda para
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as freiras, e no topo um estrado, de pedra, para a cadeira abacial, rico
exemplar D. Maria, que serve de cadeira paroquial; o seu pavimento é
ladrilhado e numerado para marcar as sepulturas das religiosas. Em
frente da sala do capítulo e à roda do claustro ficava o dormitório ou
cemitério das recolhidas, mas só concluído numa ala e num arco. Existe
ali uma cartela com a inscrição:
LANÇOUSE A PRI/MEIRA PEDRA NESTE DORMITORIO
EM 2 DE MAIO/DE 1781, SENDO ABBADEÇA/D. JOANNA MARlA FORJAS / E ACABOUSE
EM NOVEM / BRO DE 1785, SENDO AB/BADEÇA D. CLARA DEL/FINA PINTO DE LAÇER/DA,
NO III ANNO / DO SEU GOVERNO.
Neste claustro estão depositadas várias
pedras tumulares epigrafadas, uma arca tumular com quatro escudos a par,
com cinco flores de lis no primeiro e no terceiro (Albuquerques,
Maldonados), três faixas de veiros no segundo e quarto (Vasconcelos) e
várias pedras epigrafadas recolhidas na região. No centro do claustro há
um chafariz de bola e duplo tanque, com bancos à sua volta, passando-se
dele para o refeitório e cozinha, grandiosa na forma do costume da
ordem.
MANUEL RODRIGUES SIMÕES JÚNIOR
(De «A Arte em Portugal» – 20) |