ROLANDO pelas estradas na preparação deste número, a nossa equipa de trabalho por mais de uma vez reparou com quadros como os que as nossas gravuras reproduzem – tarjas de luto que, com irritante frequência, toldam a alegria das estradas neste país de sol.

Imagens de desolação e tristeza em plena época de turismo, foram elas que determinaram estas linhas -- contributo sincero para uma campanha que nos merece toda a simpatia.

 

NÃO procurando sensacionalismos, antes percorrendo e admirando a paisagem que envolve a estrada, pensando nos encantos turísticos que se desprezam, encantos que o turista estrangeiro observa e retém na objectiva das suas máquinas, percorrendo a sinuosa estrada, surge-nos, aqui e além, a medonha carranca do Acidente.

Ei-lo que espreita, ávido do incauto, qual vampiro na expectativa do repasto que a outros levará a dor e o luto, o sofrimento e a morte.

Aqui, aliado da velocidade, além, comparsa da imprudência, sempre vigilante na ceifa das suas vítimas, sempre presente na ardilosa pista do asfalto.

De Norte a Sul, de Este a Oeste, do Minho ao Algarve, da Madeira a Timor, em todas as nossas estradas, nas imensidades do mar e do ar, presente está o Acidente, na procura e no encontro de sua vítima, lançando-se na missão da sua origem e fim.

E, na sua criminosa missão, suas garras estendem-se e seu manto cobre o próprio Turismo.

Turismo não é Acidente!

Turismo é vida, é cor, é esperança, busca do mais e melhor, procura do belo, sonho consumado em realidade.

Turismo é, acima de tudo, vida!

Ao incauto, ao turista imprevidente, Revista Turismo dá a conhecer o Acidente, para que o ardiloso espreitar não colha vítimas nas estradas de Portugal.

Assim, motivado pela observação directa da nossa reportagem, as imagens presentes demonstram bem a grandeza das armas de que o Acidente lança mão no combate com que pretende ceifar vidas.

A arma da velocidade – fobia nas nossas estradas – é causa primária do elevado índice de vitórias do Acidente.

Mas, na repugnância do seu acto, no crime que a sua existência representa, a nossos olhos surgem, aqui e além, cenas deprimentes na reconstituição do Acidente por abandono da vítima.

Aqui, muito para além do medonho Acidente, surge a perversidade criminosa dos sem consciência e, para além da causa, vem ao de cima o instinto criminoso que há a reprimir e punir severamente, pois mais não é, na maioria dos casos, que «homicídio voluntário».

Surge-nos ainda, o Acidente mecânico, onde o Homem não pode ser responsável mas que, na sua voracidade, é mais uma arma, mais uma peça, na destruição de vidas.

REVISTA TURISMO, incondicionalmente solidária com a Campanha de Segurança no Trânsito, apela, acima de tudo, para a consciência daqueles que transitam nas estradas de Portugal.

A. F. M.
 

 

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