Helena Maria de Oliveira Dias Libório
Quando partimos para a nossa aventura, de dois anos,
fizemos alguns projectos, enquanto equipa, que passavam não só pela
organização pedagógica da Escola, que era a menina dos meus olhos, era e
continua a ser, mas também por alguma organização em termos
administrativos, e essa ficou a cargo do Vice-Presidente Fernando
Lacerda, que de imediato começou a modificar alguns aspectos
organizativos, sobretudo na Secretaria, e a introduzir o bichinho do
computador naqueles serviços e noutros, e também foi o meu grande braço
direito, porque ele era o Presidente do Conselho Administrativo, e eu
números só por obrigação, passou a ser este ano lectivo, por força do
Decreto-Lei n.º 115-A passei a ser Presidente do Conselho
Administrativo.
Dentro dos nossos projectos, então, havia a humanização
da Escola e, dentro dessa ideia, candidatámo-nos em dois anos
consecutivos ao concurso "Humanização e Valorização Estética dos Espaços
Escolares" na tentativa de fazer da Escola Secundária Dr. Jaime
Magalhães Lima uma Escola humanizada, com identidade; ganhámos os dois
concursos mercê do trabalho de dois colegas de Educação Visual,
arquitecto Francisco Simões e a artista Lúcia Seabra. Neste momento, a
Escola exibe uns belíssimos painéis cerâmicos, pelo menos na minha
opinião, está a ser pintada neste momento e, portanto, esse objectivo da
equipa que se candidatou na altura foi cumprido.
Pretendíamos fazer imensas coisas, algumas fizemos,
outras não conseguimos, mas sobretudo estávamos conscientes desde o
primeiro momento que estávamos num modelo de gestão moribundo já naquela
época, nós estávamo-nos a candidatar com um modelo de gestão que nós
tínhamos consciência que estava moribundo, era um modelo de gestão que
não servia os nossos anseios, que não servia os nossos projectos, os
projectos de Escola, nós queríamos fazer muitas coisas, queríamos fazer
coisas que contrariavam a falta de autonomia, é evidente que há sempre
as autonomias clandestinas, e com certeza todos concordarão comigo que
todos nós as soubemos usar, as autonomias clandestinas, e fizemos uso
dessas autonomias clandestinas quando foi oportuno, aproveitámos as
possibilidades que
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a lei dá e concretizámo-las em alguma autonomia e, enfim, lá fomos
governando aquele barco grande que é a Secundária Dr. Jaime Magalhães
Lima, também sempre com o objectivo de dar identidade àquela Escola, que
tem patrono, Jaime Magalhães Lima, e, por isso mesmo, iniciámos o Dia da
Escola; antes havia os Dias da Escola, que eram semanas ou dias, mas que
não tinham no tempo nenhuma data específica, nós fizemo-lo coincidir com
a data da morte do nosso patrono, porque o nascimento era em Outubro e
era muito cedo para que nós programássemos o Dia da Escola, portanto
ficou, assim, o dia 25 de Fevereiro, que é a data da morte do nosso
patrono, portanto, do Dr. Jaime Magalhães Lima, na mira de dar
identidade aquela Escola Secundária de uma freguesia importante da
cidade de Aveiro.
E foi assim que passámos estes dois anos, com alguns
contratempos, naturalmente, com alguma dificuldade em governar o barco
com todas as opções que hoje os alunos podem escolher no Ensino
Secundário, em organizar as turmas deste modo, ter que aguentar,
desculpem a expressão, desde Março até Outubro, os exames nacionais,
porque os preparativos começam mais ou menos por essa altura, em
simultâneo com as provas globais, em simultâneo com o 3.º ciclo e, ainda
o Ensino Recorrente, que se prolonga até ao final do mês de Julho, e,
ainda durante esse mandato, fomos também pioneiros na cidade de Aveiro
no lançamento dos Cursos de Formação Profissional Inicial, aquilo a que
vulgarmente se chama o «9.º ano + 1», que temos em funcionamento e vamos
continuar a ter no próximo ano lectivo.
Tivemos muito bons momentos enquanto equipa de trabalho,
tivemos também maus momentos, porque nem sempre as coisas correm tão bem
como nós queremos e porque numa Escola que tem cento e sessenta e tal
professores e um universo de alunos tão diversificado nem tudo corre
bem, mas os maus momentos também fazem parte.
Quanto à nossa preparação, sobretudo a minha, senti
algumas dificuldades em alguns momentos, sobretudo em tarefas
administrativas, é evidente que me custou muito mas tive que ler e reler
o Código de Procedimento Administrativo, que quase papagueio neste
momento, bem como outros Despachos e Decretos que nos
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acompanham no nosso dia-a-dia, e, enfim, a menina dos meus olhos, que
era e continua a ser a organização pedagógica da Escola, nem sempre o
pode ser porque não tenho tempo para isso, por isso é que eu digo que
algumas coisas eram sonhos quando iniciei aquele mandato, que terminou
em 98.
Penso que na Escola mais jovem, faz agora 15 anos, da
cidade de Aveiro, tendo sido a última Presidente do Conselho Directivo,
julgo que apesar de ter sido um modelo de gestão que não servia já,
todos aqueles que por lá passaram antes de mim construíram aquela
Escola, que eu considero que é hoje uma Escola que tem algumas condições
e que foi obra de todas as pessoas, desde a Comissão Instaladora a todos
os Conselhos Directivos que por lá passaram e, portanto, esperemos que o
novo modelo de gestão que agora se está a iniciar, e que já esteve na
fase de transição naquela Escola no ano que agora está a acabar, nos dê
mais margens de autonomia, embora eu tenha as minhas interrogações,
porque como alguém aqui dizia há bocado, já não sei quem, "vocês têm
autonomia sim senhora, mas nós mandamos uma brochurinha para vocês
fazerem os Regulamentos Internos e para vocês fazerem mais isto e mais
aquilo, da maneira como nós queremos", e também como já foi dito aqui, a
própria gestão do crédito global de horas que a Escola possui em nada
traduz a autonomia para as Escolas, dá-nos uma margem muito pequena de
autonomia, não sei como é que nós conseguiremos, com aquele despacho, as
nossas autonomias clandestinas de modo a dar a volta aquelas situações
que lá estão previstas. Mas, de qualquer maneira, eu costumo ter alguma
esperança no futuro, espero que as minhas aprendizagens no modelo de
gestão que terminou me sirvam também para o novo mandato de três anos
que estou a iniciar agora ao abrigo do novo modelo de gestão.
E não diria mais nada, a não ser que gostei imenso de
ouvir algumas pessoas que aqui estão e que eu não conhecia, porque não
fui aluna na Escola Secundária José Estêvão, porque nunca lá fui
professora, mas cujos depoimentos me fizeram lembrar o tempo em que eu
era aluna no Liceu Infanta D. Maria, em Coimbra, e também no José
Falcão, já depois do 25 de Abril, e me fizeram reviver muito daquilo que
eu vivi, não como professora, mas como aluna. Devo lembrar também que
está ali atrás uma Senhora que num desses Liceus foi minha professora,
que é a Dr.ª Dulce
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Pato, foi minha professora de Geografia no meu 5.º ano...
E não tenho mais nada a dizer, a não ser que gostei deste
bocado de tarde, que deu para relaxar um bocado depois de um dia
atribulado que tive, cheio de reuniões na Escola.
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