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        Maria de Fátima Cabral de Albuquerque Bóia 
        
        
        Eu, FÁTIMA BÓIA, tendo sido nominalmente eleita com 9 
        votos, quando mais ninguém queria, assumi a Presidência e escolhi equipa 
        de entre as colegas que aceitaram os meus objectivos, a saber: 
        Vice-Presidente e Presidente do Conselho Administrativo – MARIA HELENA 
        SILVA; Vogal e Vice-Presidente do Conselho Administrativo – ROSA VIANA; 
        Vogal e Responsável pelos Funcionários Auxiliares de Acção Educativa – 
        ROSA MANCELOS; e Vogal do Curso Nocturno – ALDA COMES (a única com 
        experiência de Conselhos Directivos anteriores e que, apesar de gozar 
        férias em França, quando a solicitámos, respondeu afirmativamente à 
        chamada). 
        
        
        A todas se respeitou o período de férias já concedido, 
        excepto à Presidente e Vice-Presidente que, em rotatividade, gozaram 
        apenas 15 dias. 
        
        
        Constituímos, pois, na história da Escola, a primeira 
        equipa no feminino! 
        
        
        O motivo principal que nos uniu foi o de espírito de 
        serviço à Escola, mesmo à custa do sacrifício das respectivas famílias, 
        que também nos haviam dado o seu aval; o objectivo máximo – o da 
        "humanização" da Escola –, através da criação de condições mais 
        favoráveis a todos os intervenientes na Comunidade Escolar, sem 
        discriminação, descentralizando do Conselho Directivo os hábitos de 
        permanentemente a ele recorrerem, fazendo funcionar, assim, na instância 
        própria, por meio do diálogo, tolerância e estímulo, os outros Órgãos da 
        Escola. 
        
        
        Um segundo objectivo – privilegiar a acção 
        pedagógica/educativa – foi cumprido com: 
        
        
        ▪ requisição de maior número de professores 
        profissionalizados, logo na 1.ª fase, após um trabalho intenso, metódico 
        e atempado na caótica Área de Alunos. Coadjuvadas pelos Delegados de 
        grupo (desde então afastados de tarefas mais burocráticas como as de 
        vigilâncias de exames) e secundadas, essencialmente, pelo atento e 
        organizado Coordenador dos Directores de Turma, pudemos, em íntima 
        colaboração com os Conselhos Directivos de outras escolas da cidade, 
        gerar a consequente redução de horas extraordinárias (até aí 
        distribuídas invariavelmente aos mesmos colegas efectivos) e minimizar o 
        recurso a professores de última fase, impreparados, 
        
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        quase sempre, quer a nível científico, quer a nível pedagógico; 
        
        
        ▪ gestão equilibrada de recursos humanos, em grupos com 
        excedentes, por exemplo Educação Física e História, dada a não procura 
        dos alunos e a rede escolar já fixada. 
        
        
        Atribuímos-lhes funções com redução de carga horária, 
        caso dos Directores de Turma e Coordenador de Directores de Turma; 
        
        
        ▪ pedidos de homologação à DREC para os cargos de 
        Directora de Biblioteca e Directora do Laboratório de Química; 
        
        
        ▪ solicitação superior de Acções de Formação para os 
        Funcionários dos Serviços Administrativos e para Auxiliares de Acção 
        Educativa. Esta, dinamizada pelo Dr. Carlos Pimenta, sob o tema Relações 
        Humanas, estendemo-la às outras escolas da cidade; 
        
        
        ▪ colaboração estreita e eficaz com as Associações de 
        Alunos, diurna e nocturna, e com a Associação de Pais, realizando-se até 
        no Ginásio da Escola, muito degradado na altura por excesso de 
        utilização, um Encontro Nacional de Pais e Encarregados de Educação. 
        Para o efeito, a Associação de Pais de Aveiro comprometeu-se a melhorar, 
        à sua custa, o estado do mesmo. Tal Encontro foi apoiado também pela 
        DREC, na pessoa da sua Directora, que nos dignou com a sua presença 
        nesse dia, "Dia do Pai", tendo a Associação de Estudantes da nossa 
        Escola, por sua iniciativa, homenageado "in loco", simbolicamente, todos 
        os pais; 
        
        
        ▪ pagamento de horas extraordinárias, a expensas 
        próprias, assumido colectivamente pela nossa equipa directiva, em 
        relação a um docente de Geografia, cuja não autorização superior chegou 
        tardiamente à Escola, já depois de dois períodos de avaliação), 
        permitindo assim aos alunos terem as respectivas aulas, pois, de outro 
        modo, em miniconcurso, não surgira nenhum professor interessado; 
        
        
        ▪ por último, relançamento de prémios escolares em várias 
        disciplinas, mormente em Português e Latim, bem como a substituição das 
        penalizações disciplinares em vigor por actividades educativas na 
        Escola, com o acordo dos Pais e a anuência da Inspecção Pedagógica, 
        pois, impedindo do acesso às aulas os discentes, mas não a sua vinda à 
        escola no mesmo horário lectivo, ficavam sensibilizados para a dimensão 
        e dignificação do trabalho manual. Tornou-se prestimosa, neste capitulo, 
        a 
        
        / 59 / 
        integração e acompanhamento dos alunos efectuada pelos Funcionários 
        Auxiliares, sob orientação do Chefe de Pessoal. 
        
        
        Outra preocupação nossa foi a Segurança e Conforto 
        Escolares através de: 
        
        
        ▪ pedido de mais funcionários ao Representante da DREC em 
        Aveiro e sua concessão; 
        
        
        ▪ sob intervenção da Autarquia, instalação de holofotes 
        no exterior da Escola (acabando, então, com os assaltos e invasão 
        repetida da Secretaria), tal como arranjo dos pátios e jardins; 
        
        
        ▪ conserto de campainhas, fechaduras e janelas de salas 
        de aula; 
        
        
        ▪ pedido e concessão de instalação de telefones internos; 
        
        
        ▪ adaptação de salas para leccionação de Têxteis; 
        
        
        ▪ utilização do Ginásio quase exclusivamente para uso 
        interno, em benefício das aulas de Educação Física ou para outros fins 
        culturais da Comunidade, sem prejuízo dos utentes normais; 
        
        
        ▪ melhoria e a possível modernização e embelezamento de 
        todos os sanitários; 
        
        
        ▪ reaproveitamento da utilização da cantina, melhoria das 
        suas provisões e ementas, com fornecimento ao bar dos alunos, sobretudo 
        para consumo do Curso Nocturno; 
        
        
        ▪ melhoria das condições de funcionamento da Reprografia; 
        
        
        ▪ pedido à DREC de subsídio financeiro para obras de 
        conservação da Escola, dada a sua antiguidade e sobrelotação, assim como 
        de autorização para instalar uma cabine de controle de entradas no 
        portão do lado norte e de reaproveitamento dos dois anexos exteriores, 
        sob projecto solicitado ao grupo de Educação Visual, destinados a Sala 
        de Cerâmica com mufla e Gabinete de Professores de Trabalhos Oficinais; 
        
        
        ▪ começo de recuperação do património, com levantamento 
        do respectivo inventário, restauro de antiguidades e reconversão de 
        material, por um funcionário especializado, requisitado, entretanto, só 
        para esse fim; 
        
        
        ▪ recuperação de obras valiosas da Biblioteca e seu 
        reapetrechamento com livros essenciais, especialmente de pesquisa e 
        Dicionários; 
        
        / 
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        ▪ contenção de despesas para equilíbrio financeiro 
        vindouro, através do saneamento do "deve-haver", uma vez que fomos 
        confrontadas com os saldos negativos anteriores; 
        
        
        ▪ organização eficiente da Área de Alunos do Nocturno 
        pela Responsável e respectivos Assessores; 
        
        
        ▪ trabalho de atendimento, em regime rotativo e em pleno, 
        inclusive na hora do almoço, por todos os Membros da Equipa, para 
        assistência permanente ao longo do período de laboração da Escola. 
        
        
        A nível da Comunidade/Meio: 
        
        
        ▪ dinamização de campanhas de Natal para Gaiatos; 
        
        
        ▪ apresentação do Ciclo do Linho ao vivo; 
        
        
        ▪ exposição biobibliográfica a D. JOÃO EVANGELISTA de 
        LIMA VIDAL, grande humanista e escritor, no Dia da Escola, comemorando 
        os Vinte e Cinco anos da Diocese (após aprovação consensual do Conselho 
        Pedagógico); 
        
        
        ▪ convite, que foi aceite, aos alunos do Conservatório de 
        Música de Aveiro, alguns nossos alunos também, e ao Grupo Folclórico de 
        Professores da Escola Alves Martins de Viseu, para actuação no Dia da 
        Escola. 
        
        
        Em suma, foi um ano de variadíssimas transições, uma 
        participação episódica, apenas assumida para libertar a Escola de uma 
        ingerência estranha e externa, permitindo aliás a realização de alguns 
        ideais próprios mas também garantindo a continuidade a projectos de 
        colegas que nos antecederam ou abrindo portas e horizontes a eventuais 
        sucessores, quaisquer que eles fossem. 
        
        
        As dificuldades foram muitas, sobretudo pela nossa 
        impreparação, pela de funcionários e alguma má vontade de uns tantos, 
        acrescidas ainda por «novidades» instituídas nesse momento e por uma 
        certa falta de recursos humanos, financeiros e de autonomia. Além disso, 
        talvez também o facto de termos de nos segurar, firme e corajosamente, 
        na «crista das ondas», logo a partir de 15 de Julho, quando ainda não 
        estava fechado o ano lectivo precedente e o lançarem-nos o repto «ad 
        hoc», sem havermos desejado uma candidatura a tal cargo, portanto, 
        na ausência de formação adequada. 
        
        / 
        61 / 
        
        
        No entanto, como diria o Mestre de latinidade e nosso 
        ilustre Reitor Aveirense, o Dr. José Pereira Tavares, – "Audaces 
        Fortuna juvat" (a sorte protege os audazes) e nós conseguimos 
        superá-las quase todas, ora com o apoio e avisado conselho da Inspecção 
        – Pedagógica e Administrativa, ora com a intervenção e subsídios da 
        Câmara Municipal e Governo Civil, ora com a colaboração dos Conselhos 
        Directivos das Escolas HOMEM CRISTO e SECUNDÁRIA N.º 1, obtendo, por 
        assim dizer, uma «autonomia urbana» nas posições assumidas de comum 
        acordo, andando à frente da lei, transformando-as em sugestões/propostas 
        que, apresentadas à DREC, quase sempre eram avalizadas e feitas seguir. 
        
        
        Internamente, porque compreenderam as nossas intenções e 
        o nosso interesse meramente comunitário, o nosso obrigado a todos 
        quantos nos reiteraram a sua disponibilidade e confiança, abdicando nós 
        de citarmos nomes com receio de lapsos involuntários e injustos. Bem 
        hajam! 
        
        
        E, porque acreditámos no Passado como elo de Esperança 
        para o Futuro, depositámos tranquilamente nas mãos do Conselho Directivo 
        de 88/89 o fruto do nosso trabalho, preocupações e anseios que, hoje, 
        testemunhamos, não terão sido recebidos em vão. 
        
        
        Valeu a pena? Quanto a nós, foi uma experiência de alto 
        risco, todavia muito útil e reconfortante; para terceiros, que nos 
        merecem consideração, segundo nos afirmam pontualmente, foi "um ano de 
        PAZ e HARMONIA". 
        
        
        Aveiro, 8 de Julho de 1999 
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