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        Maria Luísa Moutinho dos Santos Catarino 
        
        
        Eu aguardei este momento porque penso que talvez esteja 
        na situação de poder fazer algumas pontes das histórias que ouvi contar. 
        
        
        Fui aluna no Liceu Nacional de Aveiro, na actual Escola 
        Homem Cristo, depois fiz o 6.º e o 7.º anos na actual Escola Secundária 
        José Estêvão. Entretanto, deixei a actual Escola Secundária José Estêvão 
        em 1975, precisamente na altura em que cheguei aqui e o Remédios contava 
        a história da época dele. 
        
        
        Fiz um interregno, como é de calcular, e regressei, 
        efectivamente, ao José Estêvão no ano de 1980/81. Estava no Conselho 
        Directivo a Sr.(tm) Dr.(tm) Joana Vaz, era a Presidente do Conselho 
        Directivo. 
        
        
        Foi um ano em que aprendi muito, nomeadamente em termos 
        de alguma parte de gestão pedagógica, concretamente de directoria de 
        turma, que realmente tive um treino significativo. Não sei se o Sr. Dr. 
        Aurélio está recordado, mas nós tínhamos aquele famoso aluno Eugénio, 
        que dava uma grande agitação a toda a Escola José Estêvão, e que tinha 
        vindo recambiado da Escola Homem Cristo e, efectivamente, eu era a 
        directora dessa turma. Inclusivamente, uma das vezes, e para que fique 
        registado, a Sr.ª Dr.ª Joana Vaz levou-o para casa, porque ele não tinha 
        onde ficar. 
        
        
        Portanto esta foi uma das minhas primeiras experiências 
        assim marcantes, logo na leccionação, foi a directoria de turma. 
        
        
        Interrompi a minha permanência na José Estêvão durante 
        quatro, cinco anos, e regressei. Portanto estou há catorze anos, agora, 
        na José Estêvão. 
        
        
        Por incrível que pareça, quando cheguei, no Conselho 
        Directivo estava um Senhor que imediatamente me ameaçou de que se eu no 
        espaço de meia hora não fosse à Secretaria e não pusesse a escrita em 
        dia estava na rua... Era ele, o Arsélio Martins! Foi assim que conheci o 
        Arsélio Martins. E assim fiquei realmente a conhecer pela primeira vez o 
        Arsélio e a voltar a encontrar alguns dos meus colegas, que tinham sido 
        meus professores... 
        
        
        Durante algum tempo apenas leccionei, fui directora de 
        turma, mais uma vez vivi algumas coisas como directora de turma 
        significativas, a competição de notas / 63 / dos alunos do 12.º ano é 
        uma marca bem significativa naquela Escola para alguns cursos e, 
        realmente, tivemos problemas graves a esse nível e muitas vezes tiveram 
        que se fazer algumas considerações a nível da reunião geral dos 
        directores de turma para evitar conflitos. 
        
        
        Depois, em termos de experiência, acabei por ser Delegada 
        de grupo, fui Coordenadora Pedagógica do SEUC, enquanto fui Delegada 
        tenho mais um momento histórico na José Estêvão, foi criado o "Aliás", 
        numa reunião de Conselho Pedagógico surgiu a ideia do Arsélio no sentido 
        de arranjarmos uma documentação periódica que falasse das nossas 
        actividades e entre um certo jogo de palavras "aliás", assim surgiu o 
        ALIÁS. 
        
        
        E, finalmente, acabei por poder contar a história ao 
        colega que já se ausentou e que estava preocupado com o casamento da 
        Aurora. A Aurora casou e eu fui para o Conselho Directivo. Foi a razão 
        de eu chegar ao Conselho Directivo, foi realmente o casamento da Aurora. 
        Portanto, eu não entrei em lista, fui substituir a Aurora, portanto, a 
        Aurora veio com um convite de casamento e, simultaneamente, um convite 
        de trabalho. E foi assim que entrei em 1994/95 no Conselho Directivo, 
        que quem presidia era a colega Manuela Seiça Neves. Mais uma vez um 
        Conselho Directivo que era só de senhoras e que continuou, portanto, até 
        ao fim desse mandato. 
        
        
        Fiquei a substituir a Aurora, à Aurora dizia-lhe respeito 
        o Curso Nocturno, de certo modo eu estava bastante ligada ao SEUC e 
        assim continuei, e penso que tem sido a minha paixão ultimamente. 
        
        
        Depois do terminus desse mandato continuei mais 
        dois anos e penso que aí se abriram asas para realmente se ver a Escola 
        de uma outra forma. E efectivamente viu-se. 
        
        
        Entretanto, esses dois anos acabaram, eu deixei o 
        Conselho Directivo, mas ficámos com alguns trabalhos pendentes na 
        Comunidade; e realmente isso tem-me sido bastante gratificante, todo o 
        trabalho que tenho feito fora da Escola. 
        
        
        Há bocadinho alguém falava dos problemas ou da 
        dificuldade ou do impacto que tinha um Militar dentro da Escola e eu 
        neste momento passei a José Estêvão para a Unidade Militar. 
        
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        Portanto, tenho andado a complementar uma série de 
        histórias que têm vindo aí a contar. 
        
        
        Neste momento nós temos cerca de 400 alunos militares e é 
        a José Estêvão que neste momento vai à Unidade Militar. 
        
        
        Também temos na paróquia em S. Jacinto, portanto uma área 
        que realmente tem sido gratificante para todos os colegas que por lá têm 
        passado, é uma experiência realmente sui generis, cria algum 
        espírito de solidariedade, que por vezes não é fácil nas Escolas 
        grandes. 
        
        
        Temos uma outra experiência significativa e que para mim 
        e penso que para o próprio Conselho Directivo tem sido realmente também 
        importante, que é o contacto que tivemos com o Estabelecimento 
        Prisional, que foi mais um passo que alargámos na cidade. 
        
        
        Fomos aos extremos do concelho, e neste momento temos 
        alguns elos de ligação com a Freguesia de Nariz, portanto, toda a 
        experiência tem sido voltada para a comunidade e, efectivamente, há 
        aspectos que continuam a ser alguma barreira, e eu penso que mesmo com o 
        novo modelo de gestão talvez não se venha a superar, porque as 
        dificuldades que aqui foram contadas de há anos, há anos atrás, com as 
        entidades que nos devem dar apoio e nessas mesmas entidades, e já com 
        muita descentralização, continuam a ser bastantes difíceis de se 
        aproximarem de nós e eu falo com alguma experiência destes dois últimos 
        anos. 
        
        
        Mais uma vez continuo a ver a necessidade de uma grande 
        disponibilidade para se estar na Gestão ou a apoiar a própria gestão, 
        não há horas não há tempo. Mas é gratificante, é uma experiência de que 
        realmente eu estou a gostar. 
        
        
        E, finalmente, acho que vamos continuar a alargar o nosso 
        espaço, nomeadamente desta Escola, passando brevemente, salvo erro 
        dentro de 15 dias, a entrar em contacto com a Bósnia e a começar o 
        ensino à distância com os nossos alunos militares, que hoje mesmo 
        partiram os últimos para lá. 
        
        
        Portanto, penso que é mais um passo alargado da Escola 
        virada à comunidade que nos vai forçosamente exigir uma outra forma de 
        estar, não só da parte da gestão como de todo o corpo docente, uma outra 
        forma de estar do próprio docente perante o tipo de curso que está a 
        decorrer e que nos obriga efectivamente e rapidamente 
        
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        a ter que organizar a Escola de maneira a que seja muito mais fácil, não 
        só a estratégia e toda a componente pedagógica para poder funcionar, 
        como também, inclusivamente, todos os contactos que cada vez se tornam 
        mais prementes no dia a dia com as diferentes entidades, desde Lisboa a 
        Aveiro, porque tudo isso é necessário, e que exige, sem dúvida, da parte 
        da Escola, uma organização muito mais específica, não tão geral como 
        neste momento se está a processar, inclusivamente passando pela própria 
        Secretaria, portanto, pela parte administrativa, para que possamos dar 
        realmente resposta e as coisas possam ir para a frente. 
        
        
        De qualquer das formas, deste tempo que estive na gestão, 
        e que neste momento me encontro a apoiar o Conselho Directivo em serviço 
        de exterior, reconheço que tem sido muito gratificante, o mundo de 
        alunos é extensíssimo, neste momento acho que há alunos desde os Açores 
        ao Minho e que se alarga realmente aos colegas que por lá passam, há uma 
        grande solidariedade de trabalho, porque é necessário quando se passa 
        para fora da Escola, as condições nem sempre são as melhores e isso 
        obriga, efectivamente, a uma criatividade permanente e que, ao mesmo 
        tempo, despoluta da parte da Escola soluções rápidas e que eu admito que 
        neste novo sistema se possam vir a melhorar, embora me restem algumas, 
        como é que hei-de dizer, tenho esperanças mas não deixo de ter a certeza 
        que as dificuldades vão ser significativas sempre que se procura fazer o 
        contacto mais próximo com a comunidade. Penso que ainda não temos a 
        comunidade suficientemente sensibilizada para a própria essência do que 
        é a Escola, e, por vezes, não há um código universal, há, 
        inclusivamente, digamos, interpretações que não serão de má fé, mas 
        ninguém conhece bem o mundo de cada um e dificulta-nos, sem dúvida, esse 
        trabalho. 
        
        
        Eu faço votos de que estes novos anos realmente dêem 
        largo a este espírito de Escola. 
        
        
        Penso que durante estes últimos anos houve um certo 
        fechar da Escola perante a comunidade e isso não pode continuar, porque 
        efectivamente isso cada vez cria uma maior desmotivação dos alunos pela 
        Escola, dado que há uma série de incentivos exteriores que os canalizam. 
        Portanto, penso que temos mesmo que chegar com a Escola não só à 
        população escolar normal, mas a toda a outra população que 
        
        
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        precisa e cada vez mais, permanentemente de apoio em várias áreas e que 
        penso que o corpo docente, mais ou menos alargado, poderá ir dando apoio 
        mais ou menos especializado; isso implica também da parte do corpo 
        docente uma maior sensibilização para a diversidade de tarefas que 
        tenhamos que ter em termos de população escolar, e de organização e 
        orientação de trabalho, mas acho que a Escola aponta para um caminho que 
        tudo leva a crer que seja o espaço ideal para a sociedade de turma, é 
        uma sociedade que cada vez caminha mais para a sociedade do lazer, temos 
        que diversificar o nosso trabalho também nessa perspectiva e no sentido 
        de que a população escolar também nos possa acompanhar. 
        
        
        Pessoalmente, gostei, efectivamente, do trabalho que 
        tenho vindo a realizar. Tive, efectivamente, que fazer uma interrupção 
        numa opção que tinha anteriormente definido, mas, efectivamente, estes 
        dois anos dei-os por bem entregues. Estou satisfeita. Espero desencadear 
        mais um ano esta actividade e depois, evidentemente, dar largo a outros 
        continuadores, porque penso que as mudanças também são salutares. 
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