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        VIAGEM AO MUNDO DO JORNALISMO     
        
         "Irreverência, espírito crítico e muito bom senso". Tânia Laranjo, 
        jornalista do jornal de Notícias, considera serem estas as 
        características fundamentais de um bom jornalista. 
        
        Em entrevista ao nosso jornal, Tânia Laranjo falou ainda sobre os 
        limites da privacidade ou dia a dia de um jornalista. Uma profissão 
        absorvente que exige atenção durante 24 horas por dia. 
        
        Prova disso é o ambiente agitado que se vive na redacção do JN, onde nos 
        deslocámos para realizar esta entrevista. 
        Qual a sua opinião sobre o jornalismo de hoje? 
        T.L. – É complicado responder a essa pergunta, já que é 
        inevitável a tentação: ou falar muito bem do jornalismo, já que é essa a 
        minha profissão, ou então ser demasiado crítica e  pecar, 
        provavelmente, pelo excesso[..,]. Há excelentes profissionais neste país 
        que dignificam a profissão de jornalista...como há maus. 
        Acha que a população dá o devido valor ao trabalho do jornalista? 
        T.L. – Não, mas se calhar a culpa não é das pessoas... 
        Todos nós somos o reflexo de uma sociedade cada vez mais desacreditada, 
        E nós, jornalistas, acabamos por ser um pouco como os "polícias", amados 
        e odiados. Afinal, a desgraça alheia atiça a nossa curiosidade. 
        O papel do jornalista é imprescindível numa sociedade democrática 
        como a nossa? 
        T.L. – Sem dúvida. Por isso é que o jornalismo é muitas 
        vezes considerado como quarto poder. No fundo, serve para contrabalançar 
        o sistema. Para que a balança não fique só de um lado... 
        E os mais carenciados? Também têm acesso à informação? 
        T.L. – Conforme aquilo de que estivermos a falar quando 
        nos referimos aos mais carenciados. Se falamos de uma família que mora 
        numa barraca e que não tem dinheiro para o leite e para o pão, tenho as 
        minhas dúvidas... Mas, no geral, penso que a informação chega a qualquer 
        classe social... 
        Acha que o Código Deontológico aprovado em Maio de 1993, é respeitado 
        pelos jornalistas actuais? 
        T.L. – Depende... Não me quero repetir, mas volto ao que 
        disse no início. Há bons e maus jornalistas. A maioria, respeita o 
        Código Deontológico e é isso que os distingue dos outros. 
        Será que é necessário existir um Código Deontológico, ou o próprio 
        jornalista tem consciência dos limites da sua profissão? 
        T.L. – É necessário apenas como cartilha... No dia a dia, 
        o jornalista rege-se pelo bom senso. Essa é aliás, uma das qualidades do 
        tal "bom" jornalista. Penso que há três qualidades essenciais: 
        Irreverência, espírito crítico e muito bom senso! 
        Concorda com o direito à privacidade? 
        T.L. – Claro. Feita assim a pergunta sou obrigada a 
        concordar. A única dúvida é saber onde começa e acaba essa privacidade. 
        Depende das situações. 
        Então é o interesse público que determina quais os limites da 
        privacidade? 
        T.L. – Claro... O problema é que não existem cartilhas 
        para nos dizer onde ela começa e acaba. E, aí, voltamos, inevitavelmente 
        para o bom senso...  |