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             UMA QUESTÃO DE 
            DIÁLOGO 
            
            Com o desenvolvimento da sociedade, modificou-se 
            também o conceito de família, que passou a ter significados 
            diferentes de pessoa para pessoa e aos quais não podemos ficar 
            alheios. Hoje em dia, deparamos com vários tipos de família e vários 
            tipos de problemas familiares, tais como separação de pais, falta de 
            diálogo, problemas económicos ou mesmo maus tratos. 
            
            Segundo a Psicóloga da nossa Escola, Dr.ª Rosário 
            Ruivo, no seio das famílias, os problemas variam consoante os 
            contextos sociais e económicos em que vivem ou as fases que 
            atravessam, embora os problemas sejam quase exclusivamente de 
            natureza social e, por vezes, decorram ao longo de várias gerações. 
            
            Aliás, a célebre expressão "conflito de gerações" 
            só serve para justificar um conjunto de problemas. Na sua opinião, 
            há casos em que existe diálogo entre pais e filhos mas são poucos 
            porque a adolescência, geralmente, é marcada por dificuldades de 
            diálogo e de compreensão face às diferentes gerações da família. Há 
            adolescentes que conseguem atravessar essa fase da vida sem 
            conflitos e os conflitos não são necessariamente maus, só são maus 
            quando não são debatidos. 
            
            Quanto a questões sempre na ordem do dia como o 
            problema delicado dos maus tratos familiares ou a falta de dinheiro, 
            a nossa entrevistada referiu que, em relação a alunos da nossa 
            Escola, pode existir um ou outro caso pontual de maus tratos que, 
            mais uma vez, surgem por falta de diálogo; e, ao contrário de muitos 
            adolescentes, não pensa que falta de dinheiro seja sinónimo de falta 
            de liberdade; considera que, quando não há dinheiro, há que inventar 
            novas formas para se estar com as pessoas. 
            Tem que haver uma mudança de mentalidades para que se possam atenuar 
            estes conflitos. 
            
            Hélder Mendes, José Carlos Figueiredo e 
            Pedro Seabra  | 
            
             DESPORTO NA 
            C.E.R.C.I.A.V. 
            
            A CERCIAV é uma instituição de apoio a crianças 
            deficientes I inadaptadas, criada em 1975. A sua ideologia assenta 
            em três unidades principais: unidade educativa, cálculo e centro de 
            actividades educacionais e habilitação. Com mais de duas décadas de 
            actividade, pouco evoluiu no sentido de aperfeiçoar técnicas novas, 
            em virtude da manifesta escassez de apoios por parte de entidades 
            oficiais ou privadas. 
            
            Segundo a professora de uma das turmas desta 
            instituição, os deficientes mentais na sua maioria caracterizam-se 
            por um acentuado défice cognitivo, que por acréscimo pode comportar 
            surdez, problemas motores e sensoriais. No entanto, possuem alguma 
            facilidade de aprendizagem e integração, que pode ser melhorada 
            sempre que adaptada às suas reais aptidões. 
            
            Para uma maior eficácia no trabalho diário com 
            estas crianças I adolescentes, a professora rege-se por um mapa de 
            actividades que lhes permite praticar diversas modalidades 
            desportivas, tais como: remo, hipoterapia, futebol, natação, 
            actividades gímnicas e de ar livre, atletismo e mini-golfe. Existem, 
            porém, casos mais complicados que necessitam de um trabalho básico 
            de motricidade, designado por psico-motricidade. 
            
            A professora realçou a urgente necessidade de 
            ajustar a prática de algumas das modalidades às dificuldades 
            pessoais de cada aluno. «Cada um é um caso particular» como, por 
            exemplo, no remo: existem pessoas que não podem entrar na água 
            podendo isso ser ultrapassado através de uma máquina, que transmite 
            a sensação da prática do remo mas em terra. É o chamado remo argómetro. 
            
            O trabalho feito nesta área ainda não produziu os 
            efeitos desejáveis – e alcançáveis – porque em Portugal os 
            incentivos incidem mais no campo dos invisuais e motores. 
            
            A nível internacional, surgiu nos EUA o primeiro 
            movimento desportivo com a população deficiente mental – Special 
            Olympics –, só que em Portugal não teve ainda expressão. Parte deste 
            insucesso deve-se aos meios de comunicação que pouco se têm 
            disponibilizado para sensibilizar as pessoas e entidades oficiais, 
            dando prioridade ao futebol e pouco mais. Contudo, algo já começa a 
            ser feito como, por exemplo, "Novos Horizontes", um espaço 
            televisivo na TV2, que aborda questões ligadas à deficiência mental 
            e outras. 
            
            A CERCIAV é apoiada pelo Secretariado Nacional de 
            Reabilitação, organização nacional Melada pelo Ministério da 
            Solidariedade e Segurança Social. Este organismo é vocacionado para 
            ajudar este tipo de instituições, atribuindo verbas para serem 
            aplicadas na área da recriação, do desporto e da cultura, «mas é 
            preciso andar em cima deles» para haver algum apoio económico. 
            
            Neste contexto, a CERCIAV estabeleceu um contrato 
            com os Galitos para a prática do remo, apoio que lhes é concedido. 
            Para as outras deficiências, em Aveiro, não há nada de concreto 
            ainda. 
            
            Adriana Lopes, Cláudia Alves e 
            Henriqueta Sousa  |