O "Bloco B" é sobejamente conhecido de todos nós!
Inúmeras foram as reflexões que necessariamente realizámos.
Aquele Bloco B subdividido em Ensino Básico (EB) e Ensino
Secundário (ES) tem por finalidade a contextualização das disciplinas
curriculares no Quadro Geral do Ensino Básico (Fichas 3; 4; 5; 6 e 7)… e
também do Ensino Secundário (Fichas 3; 4; 5 e 6).
Embora o artigo 7.º da Lei de Bases do Sistema Educativo
defina os objectivos do EB, há nas suas linhas introdutórias uma
aparente confusão do legislador ao citar indiferenciadamente "criança e
aluno", esquecendo a condição de "adolescente" correspondente à fase
terminal do EB.
Este artigo 7.º contempla os objectivos correspondentes
às três dimensões seguintes:
– Pessoal,
– Das aquisições básicas e intelectuais fundamentais,
– Para a cidadania.
O artigo 8.º define os objectivos de cada um dos 3 ciclos
do EB numa sequencialidade progressiva, cujo diagnóstico julgo
constituir uma das finalidades que a todos nós foi proposta nos
trabalhos analíticos das "fichas EB 4; 5; 6 e 7.
Mas parece-me que aquela análise deve ser precedida de
prévias considerações sobre a indispensável articulação entre objectivos
gerais e específicos.
Socorro-me das palavras do Professor Carrilho Ribeiro: "A
distinção entre objectivos de ensino (gerais e específicos) não deve ser
entendida em termos absolutos, mas num "continuum" de generalidade –
especificidade. Há objectivos mais ou menos gerais e mais ou menos
específicos...".
Na ficha EM, uma das finalidades é "analisar as relações
existentes entre os Objectivos Gerais do EB e as Finalidades/Objectivos
Gerais definidos para as disciplinas de Ciências da Natureza (2.º ciclo)
e Ciências naturais (3.º Ciclo)". E deste modo surge a necessidade de
realizar algumas considerações sobre "Objectivos Gerais-específicos",
naquele "continuum” anteriormente citado. As 3 dimensões contempladas no
artigo 7.º da LBSE e que o EB deverá estar preocupado em prosseguir e
perseguir, estão especificadas nos objectivos de Ciências da Natureza e
de Ciências Naturais, como se evidencia nas transcrições seguintes:
– Sensibilização e consciencialização da actividade
experimental na elaboração das estruturas conceptuais,
– Compreender o mundo natural e tecnológico,
– Compreender a dinâmica da e na Natureza,
– Consciencialização na necessidade de preservar os
património natural e construído,
– Compreender o binómio qualidade de vida e defesa do
consumidor,
– Integrar a articulação das responsabilidades individual
e colectiva a nível da problemática Saúde.
– Compreender a relevância dos novos conhecimentos da
Biologia/Geologia na melhoria das condições de vida,
– Compreender as limitações da Ciência na resolução de
problemas.
Estes objectivos admito constituírem uma orientação para
o trabalho a desenvolver, contemplando uma formação geral comum a todos
os portugueses naquelas três dimensões que constituem os Objectivos
Gerais do Ensino Básico.
Para análise das relações existentes entre os Objectivos
gerais do EB e as Finalidades/Objectivos Gerais em Ciências da Natureza
(2.º Ciclo) e Ciências Naturais (3.º Ciclo) "tendo em conta as
componentes experimental/ambiental e a perspectiva de desenvolvimento
dum currículo em espiral, tive presentes as palavras dos Autores de
"Organização Curricular e Novos Programas" ... a existência de distintas
etapas psicopedagógicas..."
Também consciente na distinção entre "fase etária e
"nível de desenvolvimento" e situando estatisticamente os alunos dos 12
e 3.º Ciclos do Ensino Básico entre os 11 e os 14 anos de idade (fase de
pré-adolescência), surge-me uma inevitável pergunta:
«– Serão viáveis objectivos como os que se transcrevem
daqueles Programas:
– Formular hipóteses que podem ser testadas
experimentalmente.
– Aplicar a novas situações, técnicas laboratoriais
apropriadas.
– Fazer inferências e comunicá-las com base em dados.
– Considerar teorias alternativas, hipóteses e modelos.
– Evidenciar uma atitude responsável particularmente
relacionada com a prática de laboratório.
– Relacionar ideias, permitindo a passagem do
conhecimento em si mesmo para o conhecimento posto em acção.
– Compreender a relevância da Ciência no dia-a-dia,
perspectivando as suas potenciais aplicações"?!
E tinham escrito os Autores daqueles "Programas": "...
adequar o nível de prossecução dos objectivos aos estádios de
desenvolvimento dos alunos, característicos das diferentes fases..."!
Aceitando, como aceito, a validade de palavras como as da
Professora Isabel Alarcão e que transcrevo no essencial: "O
desenvolvimento humano e a aprendizagem desenvolvem-se em espiral, de
tal maneira que o desenvolvimento, ao mesmo tempo que possibilita a
aprendizagem, é também dinamizado por esta.
O aluno aprende porque atingiu determinado..., mas ao
aprender, desenvolve-se ainda mais … o educador não deverá contrariar as
leis do desenvolvimento do aluno...".
Com a citação destes doutos ensinamentos e os objectivos
apresentados para o Ensino Básico, creio ter dado resposta para um dos
trabalhos recentemente proposto aos professores:
"Análise dos objectivos gerais de um currículo em
espiral"
Manuel Ferreira
Junho de 1992
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