Escola Secundária José Estêvão, n.º 7, Jun.- Jul. de 1992

O "Bloco B" é sobejamente conhecido de todos nós! Inúmeras foram as reflexões que necessariamente realizámos.

Aquele Bloco B subdividido em Ensino Básico (EB) e Ensino Secundário (ES) tem por finalidade a contextualização das disciplinas curriculares no Quadro Geral do Ensino Básico (Fichas 3; 4; 5; 6 e 7)… e também do Ensino Secundário (Fichas 3; 4; 5 e 6).

Embora o artigo 7.º da Lei de Bases do Sistema Educativo defina os objectivos do EB, há nas suas linhas introdutórias uma aparente confusão do legislador ao citar indiferenciadamente "criança e aluno", esquecendo a condição de "adolescente" correspondente à fase terminal do EB.

Este artigo 7.º contempla os objectivos correspondentes às três dimensões seguintes:

– Pessoal,

– Das aquisições básicas e intelectuais fundamentais,

– Para a cidadania.

O artigo 8.º define os objectivos de cada um dos 3 ciclos do EB numa sequencialidade progressiva, cujo diagnóstico julgo constituir uma das finalidades que a todos nós foi proposta nos trabalhos analíticos das "fichas EB 4; 5; 6 e 7.

Mas parece-me que aquela análise deve ser precedida de prévias considerações sobre a indispensável articulação entre objectivos gerais e específicos.

Socorro-me das palavras do Professor Carrilho Ribeiro: "A distinção entre objectivos de ensino (gerais e específicos) não deve ser entendida em termos absolutos, mas num "continuum" de generalidade – especificidade. Há objectivos mais ou menos gerais e mais ou menos específicos...".

Na ficha EM, uma das finalidades é "analisar as relações existentes entre os Objectivos Gerais do EB e as Finalidades/Objectivos Gerais definidos para as disciplinas de Ciências da Natureza (2.º ciclo) e Ciências naturais (3.º Ciclo)". E deste modo surge a necessidade de realizar algumas considerações sobre "Objectivos Gerais-específicos", naquele "continuum” anteriormente citado. As 3 dimensões contempladas no artigo 7.º da LBSE e que o EB deverá estar preocupado em prosseguir e perseguir, estão especificadas nos objectivos de Ciências da Natureza e de Ciências Naturais, como se evidencia nas transcrições seguintes:

– Sensibilização e consciencialização da actividade experimental na elaboração das estruturas conceptuais,

– Compreender o mundo natural e tecnológico,

– Compreender a dinâmica da e na Natureza,

– Consciencialização na necessidade de preservar os património natural e construído,

– Compreender o binómio qualidade de vida e defesa do consumidor,

– Integrar a articulação das responsabilidades individual e colectiva a nível da problemática Saúde.

– Compreender a relevância dos novos conhecimentos da Biologia/Geologia na melhoria das condições de vida,

– Compreender as limitações da Ciência na resolução de problemas.

Estes objectivos admito constituírem uma orientação para o trabalho a desenvolver, contemplando uma formação geral comum a todos os portugueses naquelas três dimensões que constituem os Objectivos Gerais do Ensino Básico.

Para análise das relações existentes entre os Objectivos gerais do EB e as Finalidades/Objectivos Gerais em Ciências da Natureza (2.º Ciclo) e Ciências Naturais (3.º Ciclo) "tendo em conta as componentes experimental/ambiental e a perspectiva de desenvolvimento dum currículo em espiral, tive presentes as palavras dos Autores de "Organização Curricular e Novos Programas" ... a existência de distintas etapas psicopedagógicas..."

Também consciente na distinção entre "fase etária e "nível de desenvolvimento" e situando estatisticamente os alunos dos 12 e 3.º Ciclos do Ensino Básico entre os 11 e os 14 anos de idade (fase de pré-adolescência), surge-me uma inevitável pergunta:

«– Serão viáveis objectivos como os que se transcrevem daqueles Programas:

– Formular hipóteses que podem ser testadas experimentalmente.

– Aplicar a novas situações, técnicas laboratoriais apropriadas.

– Fazer inferências e comunicá-las com base em dados.

– Considerar teorias alternativas, hipóteses e modelos.

– Evidenciar uma atitude responsável particularmente relacionada com a prática de laboratório.

– Relacionar ideias, permitindo a passagem do conhecimento em si mesmo para o conhecimento posto em acção.

– Compreender a relevância da Ciência no dia-a-dia, perspectivando as suas potenciais aplicações"?!

E tinham escrito os Autores daqueles "Programas": "... adequar o nível de prossecução dos objectivos aos estádios de desenvolvimento dos alunos, característicos das diferentes fases..."!

Aceitando, como aceito, a validade de palavras como as da Professora Isabel Alarcão e que transcrevo no essencial: "O desenvolvimento humano e a aprendizagem desenvolvem-se em espiral, de tal maneira que o desenvolvimento, ao mesmo tempo que possibilita a aprendizagem, é também dinamizado por esta.

O aluno aprende porque atingiu determinado..., mas ao aprender, desenvolve-se ainda mais … o educador não deverá contrariar as leis do desenvolvimento do aluno...".

Com a citação destes doutos ensinamentos e os objectivos apresentados para o Ensino Básico, creio ter dado resposta para um dos trabalhos recentemente proposto aos professores:

"Análise dos objectivos gerais de um currículo em espiral"

Manuel Ferreira

Junho de 1992
 

Aliás, Escola Secundária José Estêvão

 

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