Aquele bafiento biombo da peculiaridade da área
disciplinar, com resquícios de manutenção em foro privado dum bem que
socialmente deveria ser público, foi muitas vezes usado como obstáculo à
cooperação interdisciplinar.
Mas a legitimação que suporta a actual Reforma Educativa
(DL 46186, Desp. 142/ME/90, etc.) derrubaram aquele biombo, autêntico
"muro da vergonha", invertendo certa "sabedoria popular". A partir
daquela derrocada e já legalmente implementada, jamais poderá ser
julgado por "sábio" aquele que ficar "calado".
Os "Princípios Orientadores da Acção Pedagógica (3.º
ciclo)" publicados pelo Ministério da Educação referem-se à globalidade
das disciplinas, evidenciando uma acção educativa interdisciplinar e não
restringida à disciplina A ou B.
«Ao definir os objectivos do ensino básico, em coerência
com os princípios gerais que devem reger o sistema educativo, a Lei de
Bases apontou um conjunto de directrizes que vieram reflectir-se em
todos os níveis do desenvolvimento do currículo.
O conjunto de princípios e orientação incide globalmente
sobre todo o processo educativo.
...a valia-se para regular o que se ensina / o que se
aprende e não para sancionar os resultados terminais da aprendizagem. O
sistema de ensino não se finaliza em si próprio, mas antes existe para
servir a realização integral do aluno, como sujeito consciente, autónomo
e socialmente interveniente, princípio que deverá cumprir-se por inteiro
no ensino básico, na medida em que ele constitui para muitos jovens a
única escolaridade, finda a qual ingressarão na vida activa, assumindo
também responsabilidades de cidadania.
O aluno é o sujeito da aprendizagem, não o objecto do
ensino.
As experiências de aprendizagem terão de adequar-se aos
estádios de desenvolvimento cognitivo e moral dos alunos, solicitando a
sua continua progressão (1).
A ênfase do processo de ensino-aprendizagem reagirá sobre
o domínio de processos e o desenvolvimento de aptidões que habilitem os
alunos para a resolução de problemas e a adaptação flexível a novas
situações (2).
As aquisições cognitivas deverão proporcionar uma
formação de base em contextos significativos e estimuladora da
auto-formação. (3)
As actividades educativas privilegiarão o desenvolvimento
da personalidade do aluno, visando o seu equilíbrio físico e
sócio-afectivo e a consolidação de atitudes e valores de autonomia e
solidariedade. (4)
As actividades escolares devem articular-se estreitamente
com a vida, o meio e o mundo do trabalho. (5)
A adequação das experiências ao nível de desenvolvimento
dos alunos é condição necessária da construção de aprendizagens
estruturadas e significantes (6)
As programações curriculares, ao estabelecerem os
objectivos de ensino / aprendizagem para uma dada etapa da escolaridade,
tomam por referência o estádio de desenvolvimento cognitivo que
caracteriza genericamente as crianças ou os jovens na respectiva faixa
de idade (7). Todavia o professor terá, não apenas de conhecer as
estruturas e os mecanismos cognitivos inerentes a cada estádio, mas
também de identificar em qual dos estádios se situam individualmente os
alunos (8).
Experiências e Actividades adequadas significa que a
realidade com que o aluno é confrontado se ajusta aos seus esquemas de
conhecimento ou então é capaz de suscitar a sua modificação e o seu
reajustamento. (9)
Para assegurar a evolução intelectual do aluno, importa
menos o conhecimento das respostas e soluções do que os passos
desenvolvidos para alcançar a resolução de uma situação problema. (10)
O professor será antes de tudo um problematizador... mas
terá de preocupar-se logo de imediato, com os caminhos que conduzem à
descoberta dos problemas. (11)
O que se afirma é transponível para os planos da
expressão criativa, destrezas físicas e manuais. O que importa é que o
aluno seja o sujeito activo de apropriação de processos, de modos de
pensar e de fazer (12).
As aquisições cognitivas, quando concorrem para uma
sólida formação de base, alicerçada em contextos significativos,
constituem um meio privilegiado para a intelecção da realidade (13).
É possível emprestar ao conhecimento um grau elevado de
significação se os conteúdos se apresentarem inseridos em campos
estruturados de relações (14). Mais do que adquirir informação, o que se
toma urgente é que o aluno aprenda a procurá-la e a utilizá-la,
habilitando-se para prosseguir no futuro de forma continuada a sua
auto-formação (15)
É necessário que cada disciplina prossiga o
desenvolvimento harmonioso de um amplo leque de aptidões e atitudes.
Para além disso, que a própria escola no seu todo se tome num centro de
interacção multidisciplinar (17)» (Adaptado de textos do ME)
O texto anterior foi intencionalmente montado com
fragmentos identificados por números. E a finalidade é propor-lhe o
passatempo "pedagógico" seguinte: "É BOM OBSERVADOR?!"
- Então a chave apresentada a seguir e onde são
mencionados psicopedagogos da aprendizagem. Nos seus trabalhos
encontram-se ensinamentos que facilitarão a nossa inserção, como
professores, no desenvolvimento da reforma educativa.
CHAVE:
(A) - Ausubel, D. – (B) - Buner, J. – (C) - Driver, R. –
(D) - Novak, J. – (E) - Piaget, J. – (F) - Tavares, J. – (G) - Witkin,
H.
Passatempo proposto:
"Seleccionar números do texto anterior para uma relação
com as letras da chave fornecida. "
Nota final: A sua auto-avaliação poderá sugerir-lhe
pistas para eventuais leituras.
Manuel Ferreira,
Julho 92
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