1 – Algumas actividades extra
resultaram da necessidade de abertura à inovação. Portanto, o
conhecimento de novos métodos pedagógicos e dos programas foram
consequência do meu interesse pela auto-formação.
Como exemplo disso, refiram-se as acções de formação em
que participei e as que o núcleo de estágio organizou, uma das quais
foi, inclusive, dinamizada pelo próprio núcleo.
No âmbito do plano de actividades da Escola Secundária
José Estêvão, o núcleo de estágio propôs a realização das seguintes
acções de formação durante o ano lectivo de 91/92:
– "Análise elementar não-standard" pelo Prof. Doutor
Sousa Pinto da Universidade de Aveiro; – "Sensibilização para a
existência de algum material audiovisual" pelo núcleo de estágio. –
"Resolução de problemas e os novos programas" pela Prof. Doutora
Conceição Almeida da Universidade do Minho.
Estavam ainda previstas uma acção conduzida pelo Prof.
Doutor David Vieira e outra pelo Dr. Falcão Paredes da Universidade de
Aveiro, esta sobre Meios auxiliares de ensino.
As duas primeiras acções realizaram-se, respectivamente,
nos dias 9 e 30 de Abril do ano em curso, tendo sido organizadas pelo
núcleo de estágio.
A acção "Sensibilização para a existência de algum
material audiovisual" foi dinamizada pelo grupo de estágio. Um dos
objectivos passava pela sensibilização dos colegas de grupo para a
utilização de material didáctico na sala de aula.
Algum do material audiovisual apresentado foi recolhido
nos serviços de documentação da Universidade de Aveiro, na escola e
algum material próprio.
Durante a apresentação desses trabalhos procedeu-se à
análise dos mesmos e verificou-se, com grande unanimidade dos presentes,
que o material disponível na Universidade de Aveiro para ser utilizado
pelos professores, em especial os estagiários, carece de qualidade a
nível científico. Portanto, talvez fosse altura para solicitar às
individualidades responsáveis que ponham termo a tal situação.
2 – O núcleo de estágio
organizou, ainda, a pré-selecção da Competição matemática (II) que se
realizou no dia 26 de Março na escola.
Das sete turmas do 7.º ano de escolaridade participaram
38 equipas de 3 alunos cada.
Só 20 das equipas seriam apuradas; no entanto, devido à
abertura de mais vagas, as 38 equipas participaram, no dia 28 de Abril,
na eliminatória da Equamat(II) que se realizou aquando do 5.º Encontro
da S.P.M.
Finalmente, 18 equipas foram à final. Contudo, só uma
equipa ficou nos 25 primeiros lugares. Verificou-se que muitos alunos
ficaram bastante nervosos, em especial os melhores alunos, devido ao
peso da responsabilidade.
Estes três dias foram de grande azáfama e aventura.
Afinal nem todos tinham, alguma vez, trabalhado com o computador.
Para os alunos foi uma experiência nova e a motivação
para continuar a utilizar o computador, ainda que em matemática, surgiu
naturalmente. À medida que os diferentes níveis surgiam, era a euforia
total e o perceber que o computador não faz tudo. Afinal o papel e o
lápis eram necessários!
O balanço final foi positivo. Os alunos aderiram com
bastante entusiasmo e gostariam de repetir, novamente, a experiência!
3 – Jornais de Animação Matemática
No sentido de promover e dinamizar actividades
para-escolares e ao mesmo tempo comemorar a lição número 100, quer na
turma do 7.º De, quer na turma do 9.º E, eu e alguns alunos
propusemo-nos editar um jornal, respectivamente, o "Triangulis" e o
"Eureka".
Os alunos revelaram grande interesse neste projecto, já
que estavam a ocupar-se de algo diferente, e mostraram-se preocupados em
obter material para elaborar o jornal.
Esta actividade despertou nos alunos em causa uma mudança
de atitude para com a disciplina de Matemática, principalmente os do 9.º
ano, pois passaram a demonstrar mais interesse e a empenharem-se para
compreenderem todos os conteúdos
/
9 / leccionados.
Ambos os jornais tiveram uma tiragem de cerca de 300
exemplares cada um, o que foi óptimo. Foram distribuídos às turmas que
tinham a disciplina de matemática na hora em que se realizou a lição
número 100.
Um dos objectivos dos dois jornais foi dar a conhecer
dois matemáticos portugueses: Pedro Nunes e José Sebastião e Silva. Além
de que, no mês de Maio deste ano se comemorou os 20 anos da morte de
Sebastião e Silva.
4. Saber estudar também se aprende
No âmbito das actividades orientadas pela psicóloga da
escola disponibilizei a aula de matemática do 7.º D para a psicóloga
incentivar os alunos a adoptarem um melhor método de estudo e
organizarem o seu tempo de trabalho.
Estas actividades passaram também pela análise, por parte
dos alunos, do seu comportamento e das atitudes dos professores em
geral.
Todos os alunos presentes concluíram ser necessárias
certas modificações, principalmente a nível do comportamento e hábitos
de estudo. Creio, contudo, que estas sessões trariam muitos mais
benefícios se fossem realizadas com mais frequência.
5 – Das necessidades educativas especiais
e do uso dos computadores
Atenta à realidade escolar das minhas turmas e
verificando, mais uma vez, que o número de elementos das turmas é
excessivo, o que provoca uma cena deficiência a nível do aproveitamento
e melhoramento dos alunos, decidi encontrar-me, extra-aula (não
periodicamente), com alguns alunos para tentar colmatar certas
deficiências a nível da aquisição de conhecimentos e de estruturação do
raciocínio.
Numa experiência que alguns alunos tiveram com o
computador ao utilizar o programa do Dr. Aurélio – Aplicações –
entusiasmaram-se para estudar os conteúdos leccionados na aula, em
especial, uma
aluna que anteriormente se mostrava pouco interessada.
A avaliar pelos resultados obtidos nos testes sumativos e
pelas intervenções efectuadas nas aulas, posso concluir que no geral foi
francamente proveitoso.
6 – Um trabalho de grupo:
Construção e Resolução de Problemas
Foi proposto aos alunos o trabalho de grupo sobre
Resolução de Problemas. Estes empenharam-se bastante nesta actividade e
sentiram-se deveras importantes. Na verdade, o papel desempenhado pelo
professor: enunciar problemas para os alunos resolverem passou a poder
ser feito pelos próprios alunos.
Assim, surgiu a salutar competitividade e, todos queriam
enunciar um problema, o mais complexo, de modo que os colegas tivessem
dificuldade em resolver. E, é claro, o prazer de conseguir resolver o
problema que o outro grupo tinha fornecido. Na exposição dos trabalhos
todos queriam colaborar e mostrar aquilo de que eram capazes.
7 – Algumas notas didácticas
Referimos algumas questões relativas às actividades
curriculares e ao cumprimento dos programas.
No 7.º ano, para abranger o maior número de conteúdos e
explorar convenientemente os que consideramos mais importantes, optámos
por não leccionar as subunidades «Composição de rotações e composição de
isometrias».
Isso só foi decidido após verificar que era necessário
adaptar à situação de atraso e ao ritmo dos alunos a leccionação das
Equações do 1.º grau e Aplicações que reputámos de grande importância
para o prosseguimento de estudos.
De qualquer modo, convém referir que o número de aulas
utilizadas em cada uma das grandes unidades não foi muito diferente do
que aqueles que estavam previstos no programa oficial:
A desigualdade triangular apareceu como consequência da
realização de construções de triângulos apresentados de modo prático,
com utilização
/ 10 / de
materiais correntes.
Foram
propostas aos estudantes tentativas discutidas de construção de
triângulos: 1. cujos lados fossem duas borrachas e uma caneta; 2. cujos
lados fossem uma borracha e duas canetas.
No 9.º ano, a leccionação incidiu mais sobre as duas
primeiras unidades, considerando que a primeira é imprescindível para o
prosseguimento dos estudos e que a segunda é de grande complexidade e
apresenta-se de difícil apreensão para a generalidade dos alunos.
Parece-nos que essa insistência foi positiva a julgar pelos resultados
obtidos.
Este ano de estágio foi muito enriquecedor em vários
aspectos. De facto, a relação humana com o aluno, como ser individual
que é, trouxe-me experiências novas assim como fortificou a relação
pedagógica. Estas experiências resultaram do trabalho constante com
adolescentes de personalidades múltiplas e distintas de quando eu era
adolescente.
As relações, quer em grupo, quer a nível individual, com
os meus alunos fortificaram-se em especial nas actividades extra que
tive com eles (elaboração do jornal, apoio,...).
Senti que este espaço, que é o estágio, permitiu-me
realizar uma troca diversificada de experiências e saberes. Esta troca
realizou-se com os alunos e com os professores mais experientes. Na
verdade, os alunos sugerem atitudes diferentes e levam-nos a moldar à
turma que temos nas nossas mãos.
Assim sendo, comportei-me, simultaneamente, como actor e
espectador do processo de ensino-aprendizagem. Por outro lado, os alunos
mostraram-me modos novos de entender os conhecimentos que, por vezes,
não tinha pensado. Os professores foram fonte de estratégias e
comportamentos a adoptar por mim. Assim como, fortificaram o ser social
que sou, já que, por um lado, me senti bem acolhida na escola.
De entre todos os que me proporcionaram experiências
novas e saberes salientam-se os nossos orientadores, que foram
incansáveis aquando do meu pedido de ajuda, quer a nível de atitudes,
quer a nível de conhecimentos e estratégias. O estágio é, claramente, um
espaço de enriquecimento pessoal e profissional por todas as
experiências novas que proporciona aos dois níveis.
Um aspecto importante a salientar será o facto de, neste
ano, ter aplicado conhecimentos adquiridos ao longo do curso e,
especialmente, consolidar os que apreendi na escola secundária.
Senti um gosto imenso ao transmitir e, por vezes, trocar
conhecimentos com os alunos, assim como nas relações que estabeleci com
eles, em especial na minha atitude de educador, que tive que pôr à prova
frequentemente, já que os alunos me confidenciavam as suas atitudes.
Esse gosto deve-se ao facto de eu ter escolhido esta
profissão por vocação. Contudo, ao longo deste ano, apercebi-me que me
sinto mais vocacionada para ensinar/educar os alunos de escolaridade não
obrigatória, isto é, os alunos que faziam parte da turma de regências.
As minhas turmas do unificado conseguiram, ao longo do
ano, ter um aproveitamento razoável. No 9.º ano, contudo, é curioso
verificar que nenhum aluno se manteve num nível superior ao três, apesar
da percentagem de positivas ser elevada.
A nível do comportamento, o sétimo ano de escolaridade
foi, sem dúvida, quem me deu mais trabalho. Mas será de perguntar: Que
criança aos doze anos é serena e calma? Não nos corria, também a nós, um
sangue vivo nessa idade? Como libertar essa energia, senão expandirem-se
no modo como falam e se agitam?
O programa foi cumprido na sua totalidade em ambos os
níveis; contudo, é de assinalar que a última unidade didáctica não foi
tão aprofundada como seria de desejar.
Durante todo o ano o uso de materiais audiovisuais não
foi tão frequente, já que o facto de trocar de sala provocava grande
agitação nos alunos.
Um dos aspectos importantes do estágio passa pela
experiência de grupo que tive com o meu núcleo de estágio, o que me
permitiu desenvolver técnicas de comunicação e hábitos de trabalho de
grupo.
É ainda de salientar as actividades que organizei, quer
com o núcleo, quer com os meus alunos e que já foram relatadas no
"dossier".
O estágio foi para mim um espaço de aprendizagem profícua
que facilitou o conhecimento de uma realidade diferente e preparou para
superar as realidades que possa vir a encontrar durante a minha
actividade como professor e não só.
Helena Matilde Cardoso
Prof. Estagiária do 1.º Grupo
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