Escola Secundária José Estêvão, n.º 7, Jun.- Jul. de 1992

1 – Algumas actividades extra resultaram da necessidade de abertura à inovação. Portanto, o conhecimento de novos métodos pedagógicos e dos programas foram consequência do meu interesse pela auto-formação.

Como exemplo disso, refiram-se as acções de formação em que participei e as que o núcleo de estágio organizou, uma das quais foi, inclusive, dinamizada pelo próprio núcleo.

No âmbito do plano de actividades da Escola Secundária José Estêvão, o núcleo de estágio propôs a realização das seguintes acções de formação durante o ano lectivo de 91/92:

– "Análise elementar não-standard" pelo Prof. Doutor Sousa Pinto da Universidade de Aveiro; – "Sensibilização para a existência de algum material audiovisual" pelo núcleo de estágio. – "Resolução de problemas e os novos programas" pela Prof. Doutora Conceição Almeida da Universidade do Minho.

Estavam ainda previstas uma acção conduzida pelo Prof. Doutor David Vieira e outra pelo Dr. Falcão Paredes da Universidade de Aveiro, esta sobre Meios auxiliares de ensino.

As duas primeiras acções realizaram-se, respectivamente, nos dias 9 e 30 de Abril do ano em curso, tendo sido organizadas pelo núcleo de estágio.

A acção "Sensibilização para a existência de algum material audiovisual" foi dinamizada pelo grupo de estágio. Um dos objectivos passava pela sensibilização dos colegas de grupo para a utilização de material didáctico na sala de aula.

Algum do material audiovisual apresentado foi recolhido nos serviços de documentação da Universidade de Aveiro, na escola e algum material próprio.

Durante a apresentação desses trabalhos procedeu-se à análise dos mesmos e verificou-se, com grande unanimidade dos presentes, que o material disponível na Universidade de Aveiro para ser utilizado pelos professores, em especial os estagiários, carece de qualidade a nível científico. Portanto, talvez fosse altura para solicitar às individualidades responsáveis que ponham termo a tal situação.

2 – O núcleo de estágio organizou, ainda, a pré-selecção da Competição matemática (II) que se realizou no dia 26 de Março na escola.

Das sete turmas do 7.º ano de escolaridade participaram 38 equipas de 3 alunos cada.

Só 20 das equipas seriam apuradas; no entanto, devido à abertura de mais vagas, as 38 equipas participaram, no dia 28 de Abril, na eliminatória da Equamat(II) que se realizou aquando do 5.º Encontro da S.P.M.

Finalmente, 18 equipas foram à final. Contudo, só uma equipa ficou nos 25 primeiros lugares. Verificou-se que muitos alunos ficaram bastante nervosos, em especial os melhores alunos, devido ao peso da responsabilidade.

Estes três dias foram de grande azáfama e aventura. Afinal nem todos tinham, alguma vez, trabalhado com o computador.

Para os alunos foi uma experiência nova e a motivação para continuar a utilizar o computador, ainda que em matemática, surgiu naturalmente. À medida que os diferentes níveis surgiam, era a euforia total e o perceber que o computador não faz tudo. Afinal o papel e o lápis eram necessários!

O balanço final foi positivo. Os alunos aderiram com bastante entusiasmo e gostariam de repetir, novamente, a experiência!
 

3 – Jornais de Animação Matemática

No sentido de promover e dinamizar actividades para-escolares e ao mesmo tempo comemorar a lição número 100, quer na turma do 7.º De, quer na turma do 9.º E, eu e alguns alunos propusemo-nos editar um jornal, respectivamente, o "Triangulis" e o "Eureka".

Os alunos revelaram grande interesse neste projecto, já que estavam a ocupar-se de algo diferente, e mostraram-se preocupados em obter material para elaborar o jornal.

Esta actividade despertou nos alunos em causa uma mudança de atitude para com a disciplina de Matemática, principalmente os do 9.º ano, pois passaram a demonstrar mais interesse e a empenharem-se para compreenderem todos os conteúdos / 9 / leccionados.

Ambos os jornais tiveram uma tiragem de cerca de 300 exemplares cada um, o que foi óptimo. Foram distribuídos às turmas que tinham a disciplina de matemática na hora em que se realizou a lição número 100.

Um dos objectivos dos dois jornais foi dar a conhecer dois matemáticos portugueses: Pedro Nunes e José Sebastião e Silva. Além de que, no mês de Maio deste ano se comemorou os 20 anos da morte de Sebastião e Silva.
 

4. Saber estudar também se aprende

No âmbito das actividades orientadas pela psicóloga da escola disponibilizei a aula de matemática do 7.º D para a psicóloga incentivar os alunos a adoptarem um melhor método de estudo e organizarem o seu tempo de trabalho.

Estas actividades passaram também pela análise, por parte dos alunos, do seu comportamento e das atitudes dos professores em geral.

Todos os alunos presentes concluíram ser necessárias certas modificações, principalmente a nível do comportamento e hábitos de estudo. Creio, contudo, que estas sessões trariam muitos mais benefícios se fossem realizadas com mais frequência.
 

5 – Das necessidades educativas especiais

      e do uso dos computadores

Atenta à realidade escolar das minhas turmas e verificando, mais uma vez, que o número de elementos das turmas é excessivo, o que provoca uma cena deficiência a nível do aproveitamento e melhoramento dos alunos, decidi encontrar-me, extra-aula (não periodicamente), com alguns alunos para tentar colmatar certas deficiências a nível da aquisição de conhecimentos e de estruturação do raciocínio.

Numa experiência que alguns alunos tiveram com o computador ao utilizar o programa do Dr. Aurélio – Aplicações – entusiasmaram-se para estudar os conteúdos leccionados na aula, em especial, uma

aluna que anteriormente se mostrava pouco interessada.

A avaliar pelos resultados obtidos nos testes sumativos e pelas intervenções efectuadas nas aulas, posso concluir que no geral foi francamente proveitoso.

 

6 – Um trabalho de grupo:

       Construção e Resolução de Problemas

Foi proposto aos alunos o trabalho de grupo sobre Resolução de Problemas. Estes empenharam-se bastante nesta actividade e sentiram-se deveras importantes. Na verdade, o papel desempenhado pelo professor: enunciar problemas para os alunos resolverem passou a poder ser feito pelos próprios alunos.

Assim, surgiu a salutar competitividade e, todos queriam enunciar um problema, o mais complexo, de modo que os colegas tivessem dificuldade em resolver. E, é claro, o prazer de conseguir resolver o problema que o outro grupo tinha fornecido. Na exposição dos trabalhos todos queriam colaborar e mostrar aquilo de que eram capazes.
 

7 – Algumas notas didácticas

Referimos algumas questões relativas às actividades curriculares e ao cumprimento dos programas.

No 7.º ano, para abranger o maior número de conteúdos e explorar convenientemente os que consideramos mais importantes, optámos por não leccionar as subunidades «Composição de rotações e composição de isometrias».

Isso só foi decidido após verificar que era necessário adaptar à situação de atraso e ao ritmo dos alunos a leccionação das Equações do 1.º grau e Aplicações que reputámos de grande importância para o prosseguimento de estudos.

De qualquer modo, convém referir que o número de aulas utilizadas em cada uma das grandes unidades não foi muito diferente do que aqueles que estavam previstos no programa oficial:

A desigualdade triangular apareceu como consequência da realização de construções de triângulos apresentados de modo prático, com utilização / 10 / de materiais correntes. Foram propostas aos estudantes tentativas discutidas de construção de triângulos: 1. cujos lados fossem duas borrachas e uma caneta; 2. cujos lados fossem uma borracha e duas canetas.

No 9.º ano, a leccionação incidiu mais sobre as duas primeiras unidades, considerando que a primeira é imprescindível para o prosseguimento dos estudos e que a segunda é de grande complexidade e apresenta-se de difícil apreensão para a generalidade dos alunos. Parece-nos que essa insistência foi positiva a julgar pelos resultados obtidos.

Este ano de estágio foi muito enriquecedor em vários aspectos. De facto, a relação humana com o aluno, como ser individual que é, trouxe-me experiências novas assim como fortificou a relação pedagógica. Estas experiências resultaram do trabalho constante com adolescentes de personalidades múltiplas e distintas de quando eu era adolescente.

As relações, quer em grupo, quer a nível individual, com os meus alunos fortificaram-se em especial nas actividades extra que tive com eles (elaboração do jornal, apoio,...).

Senti que este espaço, que é o estágio, permitiu-me realizar uma troca diversificada de experiências e saberes. Esta troca realizou-se com os alunos e com os professores mais experientes. Na verdade, os alunos sugerem atitudes diferentes e levam-nos a moldar à turma que temos nas nossas mãos.

Assim sendo, comportei-me, simultaneamente, como actor e espectador do processo de ensino-aprendizagem. Por outro lado, os alunos mostraram-me modos novos de entender os conhecimentos que, por vezes, não tinha pensado. Os professores foram fonte de estratégias e comportamentos a adoptar por mim. Assim como, fortificaram o ser social que sou, já que, por um lado, me senti bem acolhida na escola.

De entre todos os que me proporcionaram experiências novas e saberes salientam-se os nossos orientadores, que foram incansáveis aquando do meu pedido de ajuda, quer a nível de atitudes, quer a nível de conhecimentos e estratégias. O estágio é, claramente, um espaço de enriquecimento pessoal e profissional por todas as experiências novas que proporciona aos dois níveis.

Um aspecto importante a salientar será o facto de, neste ano, ter aplicado conhecimentos adquiridos ao longo do curso e, especialmente, consolidar os que apreendi na escola secundária.

Senti um gosto imenso ao transmitir e, por vezes, trocar conhecimentos com os alunos, assim como nas relações que estabeleci com eles, em especial na minha atitude de educador, que tive que pôr à prova frequentemente, já que os alunos me confidenciavam as suas atitudes.

Esse gosto deve-se ao facto de eu ter escolhido esta profissão por vocação. Contudo, ao longo deste ano, apercebi-me que me sinto mais vocacionada para ensinar/educar os alunos de escolaridade não obrigatória, isto é, os alunos que faziam parte da turma de regências.

As minhas turmas do unificado conseguiram, ao longo do ano, ter um aproveitamento razoável. No 9.º ano, contudo, é curioso verificar que nenhum aluno se manteve num nível superior ao três, apesar da percentagem de positivas ser elevada.

A nível do comportamento, o sétimo ano de escolaridade foi, sem dúvida, quem me deu mais trabalho. Mas será de perguntar: Que criança aos doze anos é serena e calma? Não nos corria, também a nós, um sangue vivo nessa idade? Como libertar essa energia, senão expandirem-se no modo como falam e se agitam?

O programa foi cumprido na sua totalidade em ambos os níveis; contudo, é de assinalar que a última unidade didáctica não foi tão aprofundada como seria de desejar.

Durante todo o ano o uso de materiais audiovisuais não foi tão frequente, já que o facto de trocar de sala provocava grande agitação nos alunos.

Um dos aspectos importantes do estágio passa pela experiência de grupo que tive com o meu núcleo de estágio, o que me permitiu desenvolver técnicas de comunicação e hábitos de trabalho de grupo.

É ainda de salientar as actividades que organizei, quer com o núcleo, quer com os meus alunos e que já foram relatadas no "dossier".

O estágio foi para mim um espaço de aprendizagem profícua que facilitou o conhecimento de uma realidade diferente e preparou para superar as realidades que possa vir a encontrar durante a minha actividade como professor e não só.

Helena Matilde Cardoso

Prof. Estagiária do 1.º Grupo
 

Aliás, Escola Secundária José Estêvão

 

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