Preservação da pele e alguns dados científicos
Há muito que o Homem procura encontrar a chave da
eterna juventude. Os Sumérios, há cinco mil anos, contavam a
epopeia de Gilgamesh, rei da cidade de Ourok, situada na margem
esquerda do rio Eufrates, a propósito do elixir da imortalidade.
Segundo eles, esse elixir encontrava-se numa alga marinha que
estava protegida por uma serpente.
É, contudo, na Idade Média que a Ciência começa,
através da Alquimia, da Medicina e da Magia, a fabricar elixires
da longa Vida.
A
estrutura da pele, como se pode ver na figura 1, é constituída
por quatro camadas:
camada córnea
(onde se situam as células mortas), epiderme (que contém,
essencialmente, melanócitos), derme e hipoderme.
Os melanócitos são as células que produzem a melanina (proteína
granular), que é enviada para os queranócitos (células
superficiais da pele). A melanina bloqueia uma parte dos raios
solares. Assim, pode-se dizer que os melanócitos têm a função de
proteger a pele do sol. A quantidade de melanina é diferente em
cada ser humano; é isto que faz com que haja diferentes cores de
pele.
A pele sofre uma tripla agressão pelos raios
infravermelhos, raios ultravioleta A e raios ultravioleta B.
Os raios ultravioleta A (UVA), mais numerosos,
penetram nas camadas profundas da derme e degradam directamente
o ADN (Ácido Desoxirribonucleico). Os raios ultravioleta B (UVB)
atacam directamente o património genético das células. Os raios
infravermelhos acentuam a acção prejudicial dos UV.
Uma
exposição prolongada ao sol até à idade de 10 anos é factor de
risco de desenvolvimento de melanoma (cancro de pele) na idade
adulta, pelo que o ideal seria estar com o corpo coberto na
praia; isso, geralmente, não se verifica, pois o sonho de
qualquer veraneante é ter uma pele bronzeada. O modo de
bronzeamento favorece o progresso de melanomas malignos, pelo
que se deve evitar a exposição prolongada ao sol entre as 12 e
as 16 horas. Em França, a curva da mortalidade por melanoma não
cessa de crescer. Cada ano, o número de cancro cutâneo aumenta
cerca de 7%, devido à exposição intermitente ao sol (fig. 2).
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Para evitar este aumento, procede-se ao uso de
cremes, não só com o fim de proteger, mas também de prolongar a
"juventude" da pele. Os cosméticos não impedem o envelhecimento,
mas atenuam os seus sinais visíveis, tais como rugas, cabelos
brancos e lassidão da pele. O tempo deixa as suas marcas no
corpo; sendo a pele um órgão muito exposto, depreende-se que a
sua aparência seja um bom indicador do tempo como sinónimo de
idade e das condições ambientais a que esteve exposta.
Actualmente,
os investigadores consideram como principais inimigos do Homem
os radicais livres, que são moléculas provenientes de numerosos
processos fisiológicos. Estas moléculas têm como característica
o seguinte: perdendo um electrão, esforçam-se por obtê-lo de
outras moléculas; essas ficam desestabilizadas, alterando outras
moléculas e assim sucessivamente (figura 3). Pode-se falar em
efeito de "bola de neve" que provoca "erosão" dos mecanismos
fisiológicos.
Admite-se que, no século XXI, se encontrarão nos
supermercados comprimidos com anti-radicais livres, adaptados à
fisiologia e ao perfil genético de cada um. Uma segunda
explicação para reduzir o envelhecimento consiste em controlar
as dietas alimentares: estudos recentes mostraram que os ratos,
submetidos a um regime hipocalórico prolongado, vivem mais tempo
e com melhor saúde e o mesmo deve suceder com o Homem.
Se a longevidade do Homem é superior à dos outros
mamíferos (à excepção da baleia, que é igual à nossa), é porque
nós possuímos um sistema mais eficiente de reparação do ADN.
Como não só o ADN "envelhece", mas também certos genes
implicados no envelhecimento, poder-se-á, no futuro, com o
avanço da engenharia genética, reparar o ADN "envelhecido", pela
introdução de genes novos, sendo esta uma via de prolongar a
juventude. A menos que um dia, no fundo dos oceanos, os
mergulhadores encontrem a alga com virtudes particulares a que
se referiam os Sumérios.
Trabalho conjunto de
Diana Santos, Jenifer
Alfaiate, Joana Portugal e José Fontes
Nota: Um grupo metileno (1 - fig. 30) que
perde um átomo de hidrogénio, sob o efeito do fumo de cigarro,
por exemplo, forma um radical livre (2) tóxico para as células,
que acelera o envelhecimento.
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