Com a Maria do Céu Guerra da Barraca
O desafio era irrecusável: «Não é a professora que diz
que devemos ir ao teatro? Tanto mais que estamos a estudar Gil Vicente?»
– era o 10.º B, turma irrequieta e interessada.
Lançaram-me o repto... e eu aceitei-o. Fomos ao teatro. A
Lisboa, claro!
O projecto desenrolou-se com algumas dificuldades mais ou
menos previstas. Foi tomando proporções cada vez maiores e, de repente,
já eram duas camionetas com 89 alunos e 7 professores: alunos das turmas
A, B, C, H e G do 10.º ano, 3 alunos do 10.º F,1 aluna do 9.º C e 3 do
11.º G. E ainda, para além de mim, a Lurdes Rosa, a Dulcínea Aires, a
Alice Pinho, a Teresa Rino, a Rosa Dias e a Clara Sacramento da Escola
Secundária n.º 1.
Partimos com hora e meia de atraso. As camionetas
revelaram-se muito deficientes e um dos condutores verdadeiramente
insuportável. Mas às 15 horas estávamos no Cinearte Barraca.
E iniciou-se o percurso mágico do dia 27 de Março que até
é o Dia Mundial do Teatro. Aqueles jovens nunca tinham, na sua
quase totalidade, visto um espectáculo de teatro. Mas assistiram ao "Pranto
de Maria Parda" de Gil Vicente, interpretado pela Maria do Céu
Guerra, com uma atenção e interesse, uma sensibilidade e emoção,
verdadeiramente extraordinárias. A sua intuição transformou-os em
espectadores magníficos que se manifestavam na altura cena, rindo,
chorando, participando, aplaudindo – empolgando a própria actriz que
sendo, como todos sabemos, uma grande intérprete, se ultrapassou a si
própria naquela sessão que fez especialmente para os alunos da Escola
Secundária de José Estêvão de Aveiro. ■
Isabel Estrela Esteves,
Professora do Quadro de Nomeação Definitiva do 8.º Grupo
B
Responsável do Clube de Francês
Ver para gostar...
Começo por dizer que não tenho quaisquer dotes
literários. No entanto, achei oportuno afrontar este meu receio natural
em relação a escrever algo, para redigir umas breves linhas acerca da
ida ao teatro de algumas turmas do 10.º ano. Não me alongarei com
detalhes, pois os pormenores são insignificantes. O que eu quero realçar
com esta mensagem é que o teatro é uma das mais fabulosas artes que o
Homem criou e que como tal não há justificativa possível para a crise
que atravessa no nosso país. Tenho a certeza absoluta que todos os que
participaram nesta visita de estudo passaram a gostar de teatro. Via-se
pela forma entusiasta com que aplaudiram.
Não se fiem então nos que dizem ser o teatro "uma seca".
Sigam este conselho: não critiquem sem ver, vão ao
teatro! ■
Um aluno que foi ao teatro e que gostou.
Com João Mota da Comuna
No dia 15 de Março, 50 alunos da Escola, que desenvolvem
actividades de Expressão Dramática e Teatro, foram ao Teatro Casa da
Comuna ver "Má sorte ter sido puta" de John Ford. No fim do
espectáculo, os estudantes da arte puderam conversar longamente com João
Mota, actor e encenador.
A visita de estudo foi organizada por Duarte Morgado, que
dinamiza os grupos "Riscos & Ecos" e, para além dele, vários professores
acompanharam os estudantes em visita.
Antes do espectáculo, que começou às 17 horas, os
estudantes e professores visitaram os jardins e as exposições do Museu
da Fundação Calouste Gulbenkian, bem como exposições de pintura e
escultura do Centro de Arte Moderna. ■
Arsélio Martins
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