Certo dia, quando D. Afonso regressava de uma empresa no Norte de África, a princesa Joana havia-se preparado para a recepção, no porto de Lisboa. Quando as embarcações se aproximaram do porto, o povo e toda a corte aclamaram a chegada do rei que, entretanto, acostava. Desceu para terra ao som dos vivas de alegria e, no meio desta azáfama, a princesa pediu permissão para falar.  Num discurso muito eloquente, congratulou seu pai pelas vitórias conseguidas além-mar e anunciou o desejo de seguir a vida religiosa, o qual D. Afonso V, deleitado pelo discurso e pela argumentação, avalizou. Com a idade de 20 anos retirou-se para o mosteiro de Odivelas, não chegando a cumprir os votos. Ao fim de dois meses, deixou Odivelas e partiu em direcção à Vila de Aveiro para se recolher no Mosteiro de Jesus onde viria, a 25 de Janeiro de 1475, a realizar os votos religiosos (desde a juventude que sentia uma atracção muito particular por este mosteiro). A cerimónia foi realizada na casa do capítulo, onde os seus longos e ondulados cabelos castanho-dourados foram cortados e lhe foi vestido o hábito dominicano. Numa quarta-feira de Maio de 1490, na sala de lavor, improvisada de quarto por estar mais perto do coro alto, viria a falecer Santa Joana princesa, encontrando-se ladeada por todas as irmãs que a acompanharam durante todo o sofrimento até ao último suspiro.

Tentei abreviar o relato da vida de Santa Joana princesa, sabendo de antemão a injustiça que lhe faço, pois, tão poucas palavras tornam-se insuficientes para descrever uma vida tão cheia e tão dedicada como foi a da padroeira de Aveiro.

«— Sempre pela direita.» Foi o que me disseram logo na entrada. Foi o que fiz. O coro baixo foi a primeira sala que encontrei — é aí que estão depositados os restos mortais da princesa — um túmulo no centro da sala, em mármore de várias cores, apoiado sobre quatro anjos e com duas Fénix no centro da base. Foi mandado construir por D. Pedro II em 1699. As cinzas de Stª Joana só viriam a ser aí depositadas em 1711. Em frente, vislumbra-se a Igreja de Jesus; pela pequena porta à direita, tem-se acesso ao túmulo de...

Garanto-vos uma coisa: nem uma, nem duas horas chegam para descobrir o museu. Poderia ter enumerado e descrito tudo o que de interesse lá se encontra: a Igreja de Jesus, as capelas, o claustro, o capítulo, todo o recheio artístico, cultural e histórico que está presente no primeiro andar do museu, os aposentos onde a princesa viria a passar os últimos dias, os quadros datados do séc. XV a XIX que adornam as paredes de várias salas. Não o fiz e não o vou fazer; por considerar que a cada um de vós compete fazer esta visita.