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Que tinha atrás um labrego...
De vez em quando fugia
Teimava em sair do rego.
E Eu atrás da charrua
E a besta à frente dela,
A verdade nua e crua
Eu era mais besta que ela!
Batia-lhe julgando eu
Que a besta fosse a culpada,
Mas o engano era meu,
Que ignorância chapada!
No dia seguinte ao raiar
Lá fui eu novamente,
Lá p'ra herdade lavrar
Já era ganhão experiente.
Fiz-lhe festas no cachaço
Dei-lhe um naco de pão,
Em troca o bom do macho
Fez de mim um bom ganhão.
A relha bem adestrada
Abria a terra com mestria,
Deixava a leiva virada
E a semente escondia.
Passei a ser admirado
Aprendi com uma besta,
Quem respeita é respeitado
Faz da vida uma festa!
Aires Plácido - Stº Aleixo (Monforte)
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