Canções Inesquecíveis Luso-Europeias

Altino Moreira Cardoso, Canções Inesquecíveis Luso-Europeias 1.ª ed., Mem Martins,  ed. do autor, 2012, 260 pp.

 

FICHA TÉCNICA

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Título

Canções Inesquecíveis Luso-Europeias

Autor

Altino Moreira Cardoso

© Escrita Musical

Edições

AMADORA-SINTRA

Av. Vitorino Nemésio, 1-1º Dtº

(Apartado 108)

e-mail: amadora-sintra@sapo.pt

Depósito Legal

346613/12

ISBN 978-989-20-3208-5

 

ALGUMAS NOTAS PRELIMINARES

 

No frontispício desta antologia de canções quero gravar os nomes de dois grandes divulgadores actuais da boa Música, como grata Homenagem por tanto que nos têm dado:

– um é Eurico Augusto Cebolo, grande pedagogo português, autor de vários e óptimos métodos de aprendizagem e divulgador de belas canções internacionais;

– o segundo é o violinista e maestro André Rieu, excelso comunicador mundial – que consegue harmonizar os compositores clássicos com grandes orquestrações de canções tradicionais e inesquecíveis.

São dois corifeus do combate à trágica degradação do gosto musical (e poético, artístico) que a sociedade de consumo e as TVs populares têm imposto.

As poderosas tecnologias hoje ao dispor da Música e o desenvolvimento da escolaridade, que tanto poderiam ajudar a 'poetizar' as letras, estão a ser subaproveitados e desvirtuados.

Onde está o encanto, a sedução, o romance, o desejo, o amor o sonho, a música, a poesia de uma cantiga como esta: "Ela sorriu / Ele foi atrás / Ela despiu-o / Ela o satisfaz"?

Uma percentagem esmagadora das canções do consumo actual é um espantoso macaquear do instinto, sem respeito pela cultura nem pela dignidade dos (e das) jovens consumidores!

Música é Cultura, enraizamento e elevação. Mas, em vez de harmonia, sonho, romance e felicidade estética e sã, o consumismo materialista condiciona e escraviza as mentes em formação e excita o consumo de álcool, estupefacientes e free-sex, a soldo dos poderes básicos da sedução e explorando a ingenuidade e o mimoso poder de compra da Juventude.

O garrote de milhares de watts das gritarias agudas e dos baixos profundos destroem as frágeis defesas, nivelando de bestialidade as modas comerciais servidas por esses taberneiros.

Até as Festas universitárias! Que 'pimbalhadas'! Que tristes metastizações dos mais esquisitos 'forrifuns' do subdesenvolvimento cultural!

Em vez de a juventude culta influenciar e elevar os 'futricas', são estes que lhe marcam o compasso! Por falta de Cultura e livre pensamento, até, por ex., a solene Aula Magna da UL tem deixado 'misturar' eventos de Saber Universitário com espectáculos bem rascas.

A juventude actual, ou não canta, ou então, para 'armar', põe-se a 'abanar o capacete' e a silabar numa língua estrangeira que nem compreende.

Mas a culpa também é nossa. E é da nossa responsabilidade apresentar alternativas.

Colocar algumas das nossas belíssimas canções portuguesas lado a lado com as mais belas da Europa é uma das faces do projecto deste livro. Historicamente, Portugal é o primeiro País / 4 / europeu, com unidade de Pátria, escriturada na bula "Manifestis Probatum" de 1179.

Toda a Cultura tradicional da Europa (desde o trovadorismo medieval) irradiou de Santiago de Compostela, onde convergiam todos os povos. Muitas cantigas, portuguesas e europeias, mantêm ainda fundos vestígios de várias características dessa vivência compostelana, onde está documentada a expressão artística não só das terríveis fragilidades e receios do décimo milénio (a temática da guerra, o 'fossado'), mas ainda a doce 'cantiga de amigo' popular da confissão amorosa feminina e, em contexto, os temas ancestrais da ruralidade do noroeste peninsular: o mar, a fonte, o amor, a saudade, os trabalhos no campo e as festas populares (o Natal, S. João, os casamentos e baptizados...), o carácter social da alegria e a intencionalidade casamenteira da sedução implícita nas danças tradicionais...

Pequenas notas no rodapé de algumas canções afloram um pouco essa temática.

Talvez por um snobismo inerente à ignorância musical (e pela dificuldade da leitura paleográfica em latim...), a própria magistratura universitária ainda mal começou a debruçar-se a sério sobre o infindável manancial poético, musical, histórico e sociológico de muitas das canções tradicionais – por ex., há rimances praticamente desconhecidos, apesar de riquíssima temática da intimidade histórico-social, nomeadamente do tempo dos Mouros e, até, de Carlos Magno (séc. VII- VIII) [1]

Para além da fidelidade às Raízes culturais portuguesas e europeias, esta antologia de CANÇÕES... transcritas neste primeiro volume (outros se seguirão?) procura compilar de modo abrangente, de países e géneros, algumas das canções mais conhecidas e apreciadas em toda a Europa e, até, no Mundo.

São variadíssimos os temas e os alvos:

– o escutismo, o regionalismo, as profissões e festividades tradicionais, o desporto, o turismo e as romarias, os grupos corais, o associativismo juvenil, a emigração, o Dia da Mãe, do Pai, dos Namorados... as línguas vivas... o convívio... todas as escolas...

Com as canções inserem-se alguns contos tradicionais, seculares, agora musicados, que, com uma encenação elementar, bem podem ser transformados em pequenas operetas, destinadas aos mais novos das nossas escolas: a História da Carochinha, a História da Cabacinha...
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Nestas CANÇÕES... reserva-se também um lugar especial para a cidadania, através dos Hinos Nacionais dos países europeus.

Não fica esquecido o Fado de Lisboa (agora património da Humanidade), nem o Fado da nossa velha e saudosa Coimbra, "menina e moça" eterna.

A Música é a mais poderosa e íntima linguagem universal da empatia humana; através dela, as mensagens do coração e da fraternidade propagam-se como um sorriso feliz.

Por isso, não deixei de dar letras portuguesas a algumas das mais belas canções europeias, que tão fundas marcas têm deixado na vida de tantas pessoas.

É o caso de Edelweiss (Música no Coração), Greensleeves, Nearer my God to thee, The way old friends (ABBA), The Rose, Amigos para sempre, Serenata de Schubert, Fascination (divulgadas por André Rieu), Padam... padam... (Edith Piaf!), House of rising sun... – e tantas tantas canções 'inesquecíveis', mesmo em línguas estrangeiras e sem a letra em português, que agora passam a ter.

Uma última observação vai para a notação das músicas, que procuro escrever com rigor e lógica, também de memória, quando não há pautas (ou não são fiáveis).

Procuro sempre a possível simplificação pedagógica, escolhendo as tonalidades no sentido de tornar cantáveis certas peças de origem instrumental ou mais erudita. Em apêndice, incluo os acordes básicos, para viola e para teclado de piano.

Num mundo quase sufocado pelo Ruído e pela Angústia (que tão dolorosamente Álvaro de Campos lamentou!) será muito bom que esta antologia de CANÇÕES INESQUECÍVEIS LUSO-EUROPEIAS possa contribuir para que a Música – e a Poesia, sua irmã gémea e inerente – ajude os jovens a encontrarem um dia uma alternativa estética à carneirada dos mass media, assumindo nobremente uma educação espiritual própria, que é, sempre, libertação.

Para os menos jovens, a minha mensagem é que, nas inexoráveis pegadas do Tempo, ainda possam encontrar e reviver muitas – de tantas! – melodias dos 'bons tempos'... inesquecíveis.

Sintra, 10 de Julho de 2012
Altino Moreira Cardoso

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[1] – Ver, do autor:

GRANDE CANCIONEIRO DO ALTO DOURO, volume I (Cantigas da Vinha); /////

GRANDE CANCIONEIRO DO ALTO DOURO, volume II (Tunas, Rimances, Religiosas, Várias, Desgarradas);

GRANDE CANCIONEIRO DO ALTO DOURO, volume III (Os cantares em contexto...) /////

Sobre os rimances, ver, ainda:

RIMANCEIRO DO ALTO DOURO, ed. Amadora-Sintra, 2012

- CANCIONEIRO SALOIO, Junho 2005, 302 pp  /////

Obs. – Outros dados vão incluídos nas badanas deste livro.

 


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Data de inserção
28-07-2012