JORNAL
N.º 4

MAIO 1990 Ano II


ESCOLA SECUNDÁRIA HOMEM CRISTO - AVEIRO
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VÍRUS QUE NÃO SE TRATAM COM MEDICAMENTOS

O vocábulo VÍRUS, hoje em dia, ultrapassa o campo da biologia e da medicina para entrar noutros domínios do conhecimento humano. Enquanto os primeiros são naturais e atacam os seres vivos, podendo ser combatidos pela medicina, a nova geração viral é produzida pelo próprio homem e ataca não o homem, mas os trabalhos por ele criados. Estes novos vírus habitam no mundo da informática e são uma criação malévola intencional do próprio homem. São fruto de mentes menos sãs que, em vez de colocarem as suas capacidades criativas ao seu serviço e ao serviço de toda a sociedade, as utilizam para prejuízo dos outros e, por vezes, até para seu próprio prejuízo.

Infelizmente, nos tempos que correm, têm proliferado diversos tipos de vírus informáticos, uns menos, outros mais espectaculares, mas todos eles prejudiciais em maior ou menor grau. Alguns chegam a provocar prejuízos catastróficos e, segundo consta, até já chegaram a causar mortes.

Ainda não há muito tempo, surgiu uma notícia em jornais diários, segundo a qual, um vírus informático, introduzido numa máquina assistida por computador em funcionamento num hospital, causara a morte de um doente.

Ao todo, no momento actual, existem já cerca de 54 vírus detectados [nota: não esquecer que o artigo foi escrito em 1990; actualmente, a quantidade é já elevadíssima] e devidamente conhecidos, para os quais há já programas capazes de os eliminar. No entanto, o melhor tratamento anti-vírus, ideal para evitar muitos desapontamentos, com perda de horas de trabalho, consiste numa sadia desconfiança face a programas de origem duvidosa, mesmo quando trazidos pelos nossos amigos. Não significa isto que os nossos sejam dos tais “amigos da onça”; o que acontece, na maior parte dos casos, é que nem eles próprios sabem que as disquetes que possuem se encontram contaminadas, como resultado de cópias de outras disquetes ou de utilização em computadores com discos duros contaminados.

É precisamente no sentido de alertar os utentes dos meios informáticos para o perigo dos vírus informáticos que escrevo este artigo. Nas linhas seguintes, apresentarei alguns conselhos importantes, a que dou a designação de OS DEZ MANDAMENTOS DA SEGURANÇA no reino da informática e, em artigo seguinte, alguma informação sobre os vírus mais difundidos, bem como programas utilitários para sua detecção e eliminação.


DEZ MANDAMENTOS DA SEGURANÇA INFORMÁTICA

1º Proteja sempre e por sistema as suas disquetes contra a escrita ou o apagamento acidental. Isto consegue-se tapando a ranhura lateral nas disquetes de 5 e 1/4 ou deslocando a lingueta de segurança nas disquetes de 3 e 1/2. Além de evitar enganos desagradáveis, impossibilitará também a contaminação das disquetes.

2º Tenha sempre cópias de reserva do sistema operativo, dos programas utilitários e dos trabalhos que vai produzindo.

3º Efectue regularmente cópias de reserva.

4º Examine periodicamente o DISCO DURO do seu computador, bem como as disquetes desprotegidas que utiliza em computadores alheios. E se as emprestou a um amigo, verifique o estado em que a disquete lhe foi devolvida. Às vezes regressam com surpresas desagradáveis. Sobretudo, verifique sempre as disquetes que lhe emprestam, mesmo que não tenham programas, mas que tenham sido formatadas.

5º Para início do trabalho com o computador, utilize sempre a sua disquete de sistema que sabe estar isenta de vírus e protegida. Se o computador tiver disco duro, arranque somente com o sistema do próprio disco. Nunca inicie com uma disquete exteriormente. E, se possível, antes de efectuar trabalhos, verifique se o computador onde vai trabalhar não se encontra já contaminado.

6º Na disquete com o sistema operativo MS-DOS ou no MS-DOS do disco duro, proteja contra a escrita todos os ficheiros com extensão .COM e .EXE. Poderá mesmo retirar o ficheiro COMMAND.COM do reportório base e colocá-lo numa zona de segurança. Escusado será dizer que para seguir esta sugestão terá de ter bons conhecimentos de informática.

7º Desconfie de todos os programas de jogos, muito especialmente daqueles que já vêm com um sistema operativo próprio, bem como de todo o software permutado, isto é, emprestado.

8º Esteja sempre vigilante, verificando sempre as suas próprias disquetes e, sobretudo, aquelas que lhe emprestam. A tal desconfiança sadia de que atrás lhe falei é bastante útil para evitar dissabores.

9º Incuta nas pessoas das suas relações o salutar espírito de vigilância e de “saudável desconfiança”, para deste modo reduzir a probabilidade de contaminações.

10º Alerte as pessoas amigas para este eventual perigo. Se as sensibilizar para o problema, todos lucrarão com isso. E se, por ventura, detectar que uma pessoa das suas relações tem material contaminado, alerte-a para o facto e ajude-a a eliminar os vírus.

E por agora é tudo. No próximo número, apresentar-lhe-ei alguns dos vírus mais difundidos, bem como diversos utilitários existentes para detecção e eliminação de vírus.

Henrique J. C. de Oliveira


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