CURSOS / PROFISSÕES NO FEMININO E
MASCULINO
Diversificar as opções profissionais de mulheres e homens é
objectivo de uma orientação não discriminativa. Afirmamos que
não há ocupação específica de cada sexo e que a competência
no trabalho não é função do sexo, mas sim das habilidades
individuais. Em Portugal até já existe um índice com todas as
profissões no feminino; mas também no livro se nota como a sua
distribuição é muito irregular: profissões exclusivas ou
maioritariamente masculinas/femininas denunciam os estereótipos
tradicionais. Vamos dar uma volta por este caminho que vai da
igualdade de direito até à (des)igualdade de factos...
- Na população portuguesa existem mais mulheres, mas... há mais
homens empregados. - Tem aumentado o número de mulheres
trabalhadoras, mas... o desemprego é mais feminino. - Há mais
raparigas estudantes, mas.. à saída do 9º ano,
— Elas ficam mais no desemprego;
— Empregam-se em profissões menos qualificadas;
— Têm salários mais baixos. Em 1986, só 15% das mulheres
activas tinha curso secundário, médio ou superior;
— Mais de 80% concentram-se nos sectores da agricultura,
alimentares, têxteis, restaurantes e hotéis, função pública,
educação e saúde. “Limpam, servem, classificam, vendem,
tratam ou ensinam”, na sua maioria actividades próximas dos
serviços domésticos... Em 1987, havia quase 60% de mulheres
trabalhadoras não remuneradas e um reduzido número de
“patroas” - trabalhadoras por conta própria, com pessoal ao
seu serviço. Estamos ao nível do ensino básico e podemos
verificar que, para as raparigas, quanto menos estudos, mais
probabilidades de ocuparem profissões tradicionalmente
femininas. Isto é, o primeiro passo para a mudança da
desigualdade tradicional é elevar o nível de formação das
mulheres para atingirem profissões mais qualificadas,
desenvolvendo capacidades cognitivas e comportamentais, como o
“sentido de responsabilidade, de liderança, de assunção de
risco, de organização e de tomada de decisões”. A vida das
raparigas e dos rapazes está a mudar e só a mudança de
atitudes permitirá às mulheres a entrada em profissões de
futuro, de componentes científicas e técnicas mais acentuadas.
Deixaremos de vê-las só como
agricultoras, cabeleireiras, empregadas de balcão, dactilógrafas,
enfermeiras, professoras ou modelos, hospedeiras; e passaremos a
encontrá-las como taxistas, montadoras de vídeo,
electricistas, gráficas, engenheiras, gestoras, empresárias ou
militares.., isto é, com profissões menos terciárias, menos
tradicionais e mais qualificadas. Para isto é necessário mais
escolaridade e o curso complementar mais frequentado por
raparigas – veja-se como elas se distribuem pelas várias áreas
de estudo no gráfico transcrito ao fundo desta página.
Se nos lembrarmos (cf. último
número) que a área D, predominante em
raparigas, é também aquela que dará continuação para Cursos
Superiores de Ciências Sociais e Humanas e para Ensino de Línguas,
podemos constatar que também no Curso Complementar elas estão
mais expostas ao estereotipo tradicional (ensino...) e ao
desemprego (letras...) que se verificará também à saída do
12º ano. No próximo número confirmaremos o percurso pelos
Cursos Superiores.
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