A poesia mastiga e o Senhor castiga

 

Os poemas escritos navegam ao sol
Os barcos de papel encalham na lagosta
E a cerveja a copo rega uma sardinhada,
O taverneiro frita marisco de apetite.

Um sonho rasgado, um sono cortado,
Um silêncio mil vezes abençoado.

Uma carta rasgada, uma folha virada
Porquê, senhor? Por tudo e por nada...

Uma porta fechada, uma luz esbranquiçada,
Uma cerveja na conta
Oh! O custo da vida nas horas de ponta...

Um mijo canino, um sol peregrino,
Um arfar de peito, um homem sujeito
À burocracia. Um cigarro apagado,
Um cão escorraçado. Um penico na berma
E um lençol branco manchado de esperma.

A poesia mastiga e o senhor castiga,
A campa tem urtigas,
Onde está o banquete dos condenados?

E as meninas portadoras do sovaco,
Beijam rapagões brancos de leite,
Na barriga da perna, uma faca e um saco
Durante a noite escrever poesia é aceite.

Os burgueses comem vegetais, os pobres feijões
Antigamente os pobres não tinham televisão, mas filhos...

E os ricos usavam preservativos,
Mas os donos do infinito vendem bulas para comer carne.
A poesia mastiga, e o senhor castiga os vivos.
Mas o poeta rejeita missais e cartilhas,
E escreve a verdade sem grandes alardes!

 

 

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Data de inserção
14-Maio-2007