– A –
ABECA f. – Peça do arado. É uma travessa de madeira existente de cada
lado do dente destinada a atirar a terra revolvida para os lados.
ABROCHAS f. – Correias da canga para prender os animais.
ACABEDAR-SE v. – Acautelar-se.
ADOBAS f. – O mesmo que adobes, material de construção.
ADUBE m. – O mesmo que adubo
ALAMITE f. – O mesmo que dinamite.
ALCATRUZ m. – Palavra de origem árabe, composta a partir do grego:
al-kádos ár. alkadus. Os alcatruzes são pequenos baldes
cilíndricos existentes no engenho, para tirar a água dos poços.
ALJEIROZAS m. – O mm que algerozes, palavra de origem árabe, cujo étimo
é azzurúb. Designa normalmente a parte do telhado vulgarmente
chamada caleira. Na região, é usada para indicar os espaços entre cada
viga que sustenta o telhado, na parte superior da parede.
AMADURAR v. – O mesmo que amadurecer. Formado possivelmente por analogia
com os verbos da primeira conjugação.
AMIUL m. – Peça central da roda de cambas.
APIAÇAS f. − Correias da canga para prenderem o animal.
ÀPO m. − Proveniente do grego ápous, designa a haste do arado
onde são atrelados os bois.
ARCHETE m. − Arco de volta inteira de uma porta, feito geralmente de
adobes.
ARCO-CELESTE m. – O mesmo que arco-íris.
ARRABIÇA f. – Palavra formada pela
aglutinação do artigo a com o substantivo rabiça; a arrabiça é a
parte superior do arado.
ATÃO adv. – Forma popular de então.
ATIRÓ m. – Peça de madeira que liga
o dente ao apo, dando maior segurança ao arado.
AUGA f. – Forma popular de água, devida a um fenómeno de supressão do G
intervocálico.
AXINHO m. – Forma diminutiva de axe, própria da linguagem infantil.
Designa uma pequena ferida.
AZUBIAR v. – O mesmo que assobiar.
– B –
BANDEIRA f. – Parte superior do milho, que consiste numa inflorescência,
com um cacho composto, apresentando a forma de uma pirâmide.
BARROTAS f. – O mesmo que barrotes, traves que sustentam o telhado de
uma casa.
BELANÉU m. – O mesmo que bolina, na linguagem náutica. Consiste numa
corda que segura a parte superior da vela à proa do moliceiro.
BELIAR v. – Também correntemente
com a forma veliar, é o mesmo que bolinar. Consiste em navegar contra o
vento sendo por ele impelido.
BENDABAL m. – O mesmo que vendaval.
BENTO m. – O mesmo que vento
BIANDA f. – Palavra possivelmente
com base no francês viande, designa a parte interior comestível dos
moluscos.
BICA f. – Ponta superior da proa de um moliceiro; nome dado à caruma.
BIRGAGÃO m. – O mesmo que berbigão.
BOÇO m. – Cão grande.
BOTAR v. – Pôr, deitar.
BRAZEDEIRA f. – Conjunto das brasas, por exemplo, numa lareira.
BROA f. – Corcunda, em linguagem figurada; pão de farinha de milho.
BUA f. – Água (linguagem infantil).
BUCHOS m. – Arcos de ferro existentes na parte central da roda de
cambas.
BUÇO n. − Diminutivo de boço,
significa cãozinho.
– C –
CABAÇO m. − Balde cilíndrico de folha, atravessado por um cabo, para
limpeza das fossas.
CABANAL m. – Espécie de cabana, junto das eiras, feita de canas secas de
milho, para alimentação do gado.
CABEÇALHO m. − Haste de madeira do carro de bois à qual são atrelados os
bois.
CADEIAS f. − Travessas interiores
que suportam o solho do carro de bois.
CAGARÊTE m. − Banco da ré do moliceiro ou do mercantel. Deve ter a sua
origem na palavra popular cagueiro.
CALCADEIRA f. − Nome dado a uma corda que segura a vela à toste, nos
barcos moliceiros e mercantéis.
CAMBÃO m. − Haste do engenho que faz mover a roda do boi e à qual são
atrelados os animais.
CAMBAS f. − Tipo de roda do carro de bois. O nome provém-lhe dos dois
arcos laterais que constituem a roda e que se chamam cambas. Esta
palavra tem o seu étimo na forma céltica camb.
CAMBRA f. – Deturpação da palavra câmara, devido a uma nasalação de tipo
espontâneo muito frequente na linguagem do povo.
CANEJA f. − Nome possivelmente de influência castelhana, assenta na
forma latina CANICULA(M). Designa o lugar por onde corre a água para os
campos ou, ainda, a linha de encontro de dois telhados, for onde
escorrem as águas das chuvas.
CANEZIL m. − Hastes de madeira existentes nas cangas, entre as quais os
animais ficam seguros.
CAPOULHA f. − Camisa que envolve a espiga de milho.
CARAMÊLO m. − Pedaço de água gelada de uma poça.
CARAPITA f. − Parte superior da cana do milho (vd. bandeira).
CARNEIRO m. − Salta-carneiro. Nome de um jogo de rapazes.
CARRADA f. − Grande quantidade de determinados objectos; monte.
CATULO m. − Cocuruto da cabeça.
CERCA f. − Lugar onde ficam os porcos.
CHABELHA f. − O mesmo que chavelha,
haste de madeira existente no cabeçalho para impedir que o cabeçalho
saia do tamoeiro.
CHAMUNEI f. − O mesmo que chaminé.
CHAPAR v. − Cair, estatelar-se; deitar por terra.
CHEDAS f. − Parte lateral do carro
de bois, onde existem os buracos para os fueiros.
CHÊSCAS f. − Travessas internas de uma porta para a reforçar.
CHUDEIRO m. − Parte superior do carro de bois, na qual são colocados os
objectos.
CHUMBADOIRO m. − Lugar onde ficam presas com chumbo as dobradiças das
portas.
COCÕES m. − Peças de madeira entre as quais gira o eixo do carro de
bois.
CORRENTE f. v. - Corredio, isto é, que ficou pesado e fez mudar a
posição da balança.
COFINHO m. − Rede que se põe no focinho do boi para o impedir de pastar.
COLHUREIRO m. − O mesmo que colhereiro, utensílio para pôr colheres.
COTO m. − Maneta.
CUMPRAR v. − O mesmo que comprar.
CUTANO m. − O mesmo que tutano.
− D –
DENTE m. − Peça do arado que assenta no leito do sulco aberto pelo
ferro.
DESBULHADEIRA f. − O mesmo que debulhadora, máquina de debulhar cereais.
DESOVAR v. − Cair, sair.
− E –
ENCINHO m. − O mesmo que ancinho .
ENGACETA f. − Instrumento de uso agrícola.
ENGAÇO m. − Instrumento de uso agrícola.
ENROLHAR v. − O mesmo que enrolar.
ENXALAVAR m. − Saco com a forma de um coador de café feito de rede, com
um arco de ferro na boca, usado para o transporte de peixe.
ESBULHAR v. − O mesmo que debulhar, descascar.
ESBULHADElRA f. − O mesmo que debulhadora, máquina de debulhar cereais.
ESCALUFATE m. – Homem que amanha o barco.
ESCASSO m. − Esterco para a terra, estrume.
ESCUADOIRO m. – O mesmo que
vertedoiro, utensílio para escorrer a água, muito usado nas salinas.
ESCCOTA f. − Corda que segura a vela do moliceiro e que serve para lhe
dar orientação.
ESCUPEIRO m. − Espécie de pincel feito de pele de carneiro enrolada e
pregada num pau, para alcatroar os barcos.
ESMANTAR v. − Tirar a manta; tirar as folhas que envolvem a espiga do
milho.
ESPIRITO m. − Peça de madeira do malho.
ESQUERDO adj. − Canhoto.
ESTERCO m. − Estrurne.
ESTORÇÃO m. − Nome dado na região ao terçol.
− F –
FALCA f. − Longa tábua que se coloca no bordo dos moliceiros para o
aItear e impedir a entrada da água, quando muito carregados.
FARRAGOLAS f. – Nome dado às faúlhas.
FARTADA f. − Corresponde a pançada. Agarrar uma fartada − comer até não
mais poder, tirar a barriga de misérias.
FISGA f. − Espécie de arpão com vários dentes, para pescar.
FUGUEIRO m. – O mesmo que fueiro, estaca para amparar a carga
transportada no carro de bois.
− G –
GABELA f. − Palavra de origem árabe, cujo étimo é kabãla, designa
um molho de canas de milho. O conjunto de duas ou mais gabelas faz um
feixe. Há, portanto, uma gradação crescente de sentido entre gabela e
feixe; gabela é um pequeno grupo de objectos idênticos, enquanto feixe
designa já um grupo maior.
GADANHA f. − Foice de cabo comprido para cortar erva. É curioso notar
que o mesmo termo, noutras regiões, sobretudo na Beira Alta, é aplicado
para designar uma colher grande de tirar a sopa.
GADANHR v. − Cortar erva com a gadanha.
GARRIDAS f. − Apoios de ferro que assentam directamente sobre o eixo do
carro.
GARROA f. − Chuva, aguaceiro
GARRUÍTA f. − Diminutivo de garroa.
GASTALHO m. − Parte imediatamente
inferior às chedas do carro de bois.
− H −
HARMÓNICA f. − Instrumento musical, com teclas e um fole. Palavra
eventualmente utilizada por confusão com harmónio, porque esta
palavra designa normalmente um instrumento musical de sopro com
palhetas.
HOME m. − O mesmo que homem, mediante apócope do M final.
− I –
IMBERGUE m. − Vara de madeira que suporta a vela.
INGUIA f. − O mesmo que enguia.
INLETRU adj. − O mesmo que eléctrico.
INSPIRAÇÃO f. − Com o sentido de respiração. Falta de inspiração = falta
de ar.
INTIGAMENTE adv. – O mesmo que antigamente. Forma em que se deu um
fenómeno de metafonia, passando a vogal inicial a− a outra mais fechada,
por influência da vogal seguinte.
− J –
JORNALEIROS m. − Trabalhadores rurais.
− L –
LABERCA f. − Nome de pássaro; Levantar-se com a laberca ou ao cantar da
laberca = levantar-se muito cedo.
LONAS f. − O mesmo que tiras, bocados de pano de saco que se colocam
entre o bordo e a falcas para impedir a entrada da água no barco.
− M –
MACHO adj. − Pão-macho − nome genérico dado aos cereais.
MÃOZINIIAS f. − Duas pequenas peças de madeira existentes na proa dos
moliceiros e mercantéis para segurar as cordas.
MARCO m. − Nome dado ao nariz.
MARREIRO adj. − Vento que sopra do lado do mar.
MARGAÇA f. − Nome de uma pequena flor, semelhante aos malmequeres, muito
abundante nos campos.
MARMELAS f. − Parte lateral anterior do carro de bois.
MARQUÊS m. − Medida de 1/4 de litro.
MELHORADAS f. − Doces próprios do Natal.
MERCANTEL m. − Tipo de barco da região de Aveiro, também chamado
salineiro. Mercantel para mercadorias e salineiro para sal.
Caracteriza-se pelo seu bordo mais alto que o do moliceiro, não tendo a
proa recurvada nem tão pouco bica, nem as decorações típicas da proa e
da ré.
MISERABLE adj. − O mesmo que miserável. Tem o sentido de avarento.
MOCHO m. − Banco com três pés.
MOIRA f. − Cabo do malho.
MOLICEIRO m. − Barco típico da região de Aveiro, cuja principal
finalidade é a de transportar moliço. Caracteriza-se pelo seu bordo
baixo e alongado, fundo chato e proa alta e recurvada, com uma peça de
madeira na extremidade chamada bica, e com decorações típicas na proa e
na ré.
MURRACElRA f. − Nome dado a certo lugar da Gafanha.
− N –
NABALHA f. - Nome de uma variedade de marisco, de concha esguia e com
uns dez centímetros de comprimento.
− O –
OPOIS adv. − O mesmo que depois.
ÓRGÃOS m. − Nome dado às gaitas de beiço, em vez de harmónica.
− P −
PADIAL m. − Parte superior da soleira da porta, oposta ao degrau de
entrada.
PALMA f. − Rede para apanhar vivos os pássaros.
PANDÕES m. − Parte superior da cana do milho (vd. bandeira).
PÃO MACHO m. − Nome genérico dado aos cereais.
PARCEIROS m. − Nome dado ao presumível parentesco entre os pais de um
casal.
PATINHA adj. − Nome dado a uma erva muito abundante nos poços e nos
charcos, utilizada para alimentar os patos.
PEDIDELA f. − Costume pelo qual os pais de um rapaz vão pedir aos
futuros parceiros a filha em casamento.
PEDRÊS m. − Dobradiça de uma porta.
PEINEIRO m. − Estrado existente nas extremidades do moliceiro e
mercantel.
PERCEBER v. − Sentir, aperceber-se.
PESTANAS f. – Extremidades da canga voltadas para cima, fazendo lembrar
as pestanas de um animal.
PIRÂNGULAS f. − Pirâmides existentes nos vértices dos telhados.
PITURIL m. − O mesmo que peitoril.
PRANTAR-SE v. − Colocar-se; pôr-se.
− Q −
-QUEDAR v. − Ficar.
− R –
RABEIRO m. − Resto.
RANCHO m. - Grupo (de rapazes ou raparigas).
RASINA f. − O mesmo que resina.
RASTO m. − Aro de ferro que envolve as rodas para impedir o desgaste.
REBATE m. − Degrau de uma porta de entrada.
RELHAS f. − Hastes internas que dão maior segurança à roda de cambas.
RIBA adv. – Cima; por cima. Pôr por riba = pôr por cima.
RIPAS f. − Travessas que sustentam as telhas.
RODEIRO m. − Conjunto das rodas e respectivo eixo.
RODO m. − Utensílio para retirar as cinzas do forno.
ROLOAR v. − Possivelmente o mesmo que rolar. Consiste em fazer andar as
brasas de um para o outro lado, para aquecer o forno de maneira
uniforme.
ROLOEIRO m. − Vara de madeira que serve para «roloar».
− S −
SARRAR v. − O mesmo que cerrar.
SARRANO adj. − O mesmo que serrano. Vento que sopra do lado da serra.
SARRUSCADELA f. – Corte; golpe.
SIGURAR v. − O mesmo que segurar.
SIGUREZA f. − Forma analógica correspondente a segurança.
SOLHO m. − O mesmo que soalho, parte superior do carro de bois, onde se
colocam os objectos a transportar.
− T –
TAMBULARÃO m. − Nome dado ao baloiço.
TAMOEIRO m. − Peça de couro que segura o cabeçalho do carro à canga.
TENDAL m. − Lugar onde o milho cresce e o deixam, depois de cortado, a
secar.
TIRABIRA f. − Corda do leme.
TIRAS f. − Também conhecidas por lonas, são pedaços de pano de saco que
se colocam entre o bordo e a falca para a água não entrar no barco.
TORNO m. − Cavilha de ferro que impede que a roda salte do eixo; pega de
madeira existente a meia altura do cabo da gadanha.
TOSTE f. − Prancha central onde, no buraco da toste, entra o mastro.
TRABAS f. − O mesmo que traves.
TRABALHAR v. − Estragar, comer.
TRAMELA f. − O mesmo que taramela, fecho tosco de uma porta feito
geralmente de madeira.
TROÇO m. − Cana do milho sem espiga.
TROCHA f. − Argola que segura o imbergue ao mastro.
− U −
URRACA f. − O mesmo que trocha, argola que segura o imbergue ao mastro.
USTAGA f. − Corda para içar a vela.
− V –
VERTEDOIRO m. − O mesmo que escoadoiro, utensílio para escorrer água,
muito usado nas salinas.
− Z –
ZELINCÚ m. − Nome dado na região ao pirilampo. |