Civil empanado na ida a Quimbele

A viagem até Quimbele decorre normalmente. Apenas paramos a meio do percurso. Na parte da picada, entre a Fazenda Nossa Senhora da Conceição e a estrada alcatroada, deparamos com um civil no meio do caminho. Do landrover, que tem o capot levantado, sai um fumo branco. Está com problemas com a bomba da água. O radiador parece uma panela de pressão, a libertar vapor pelo orifício da tampa circular. O homem ficou encantado por nos ver, pois já sabe que tem o transporte assegurado para Quimbele.

Aqui em Angola a mentalidade de todos quantos circulam nas estradas e picadas é diferente da metrópole. É uma regra sagrada: nunca se passa por ninguém que esteja empanado na estrada sem parar e procurar ajudar a resolver o problema. Aí em Portugal, bem pode o desditoso automobilista gesticular e fazer toda a espécie de sinais. Se não tiver a sorte de passar alguém que seja excepção à regra, o desgraçado acaba por lá ficar horas eternas à espera de ajuda. Aqui, em Angola, se nos cruzamos com alguém numa zona de picada, mesmo que não se pare, trocam-se sempre algumas palavras. Mas se a pessoa com quem nos cruzamos, ainda que seja em estrada alcatroada, estiver com problemas, a regra é parar imediatamente e procurar ajudar.

A meio da picada, tivemos uma paragem momentânea para recebermos um passageiro imprevisto. Chegamos a Quimbele com nuvens bem carregadas, a prenunciarem uma valente carga de água para nos refrescar um pouco e acabar com a poeira das picadas, na melhor das hipóteses; na pior, poderá acabar até mesmo com a picada, abrindo-lhe um precipício por onde dificilmente se conseguirá passar, facto que já não é para nós inédito.

Deixamos o nosso passageiro civil à entrada de Quimbele. É dono de um dos bares que ficam na recta entre os hospital e a colina sobre a qual se ergue o centro da povoação. Quer por força que entremos para tomarmos uma bebida fresca por conta da casa. Agradecemos-lhe o convite, mas temos de subir a colina até à sede da companhia. É urgente desembarcarmos os GEs e dar algum descanso ao pessoal. Além disto, estamos quase em cima da hora do almoço e convém não perder tempo, porque é necessário regressar ao Alto Zaza o mais cedo possível antes do fim do dia.

Durante o almoço, caiu um violento aguaceiro, que atrasou a saída do pessoal para a operação na zona de Macocola. E pensei que desta vez tínhamos tido sorte, porque nos livráramos de apanhar um chuveiro vestidos.

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