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André Ala dos Reis, Vida. Poemas, Coimbra, Coimbra Editora Ldª, 1963, pp. 32 e 33.

PALMEIRA BRANCA

 

És branca e nua de marfim,
palmeira da minha vida I
O tronco nunca foi castanho,
nem, de entre o verde dos ramos,
saíram bandos a chilrear.
Seca e pálida no descampado,
ouves só o Mar longínquo que se aproxima sempre
e que, às furtadelas, te quer beijar.
Como tenho ainda forças,
para regar teu pé sem vida
e esperar verde nas palmas
geladas num céu sem vento?


Ignoras tudo. Bem sei.
E' por isso que te hei-de trocar um dia,
palmeira branca,
pIo roble imenso,
teimoso,
castanho e verde,
sanguíneo,
vermelho - eterno;
pelo roble que os pássaros não temem,
que os ventos fustigam,
a terra mantém
e o sol doira.
Então, não mais haverá Mar que se aproxima,
nem seiva gelada,
nem horizontes parados,
nem sonhos hirtos na copa,
nem marfim.

Mudarás a seiva em sangue, palmeira branca!

 

 

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