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Thomas Mann, Evolução. Da «existência artística» ao humorismo - Coimbra, 1960, pp. III a V

Agradecimento

Verdadeiramente, nunca fiz a viagem de Munique a Lubeque, como Tonio Kröger. Mas fui, também do Sul (Friburgo) ao Norte (Travemünde) e não nego que sempre com o fito de imitar este herói.

Em Lubeque era quase tudo como nas descrições dos passeios de menino e da visita de saudade de Tonio. Quase – porque o resto da realidade e o estilo são de Thomas Mann, evidentemente. Desde a estação de caminho de ferro ao Arco de Holsten e à ponte com as figuras mitológicas, que a Guerra pouco danificou, até ao rio, à "rua ventosa" e ao Mercado, em que a intromissão de um estilo moderno marca os estragos sofridos – tudo varia pouco do descrito na novela. A Mengstrasse está ainda em reconstrução e a casa dos Buddenbrooks – já no tempo de Mann visita obrigatória dos turistas – é uma Volksbank (já não uma Volksbibliothek!) – o que se adapta muito melhor ao ser da velha família. Trata-se de uma casa patrícia, completamente arrasada durante a última Guerra, mas reconstruída "pedra por pedra", com um amor não raro na Alemanha. Mas amor a Thomas Mann? Não. Os habitantes / IV / de Lubeque, "amuados" desde a publicação dos "Buddenbrooks", em que viram só uma caricatura de tipos, nunca mais perdoaram "o delito da ovelha negra". Se fizeram do Mann já "estrangeirado" cidadão honorário da sua própria cidade natal (o último golpe da ironia!), parece que nem mesmo depois da morte esqueceram a antiga "falta": quando ainda o ano passado (1959) se quis dar a um liceu feminino de Lubeque o nome de Buddenbrook-Schule, a imprensa local protestou, com vigor "chauvinista"...

Da Travemünde de Tony, de Tonio Kröger e de Krull, a praia querida da infância de Mann, avista-se o Báltico e adivinha-se a terra de Hamlet e dos Blauängigen. A nossa romagem não esqueceu também o Kurhaus e aquelas ondas dos "sonhos estivais"...

A possibilidade de ter feito estas e outras deambulações bem como a estadia na Alemanha e a frequência da Universidade de Friburgo durante dois semestres, deve-se em boa parte ao Prof. Dr. / V / PROVIDÊNCIA COSTA, para quem vão também os meus agradecimentos pela sua dedicação como Director e orientador de trabalhos.

Ao Prof. Dr. ALBIN BEAU, agradeço reconhecidamente, sobretudo pelo interesse e acção quando do concurso à bolsa a que me refiro atrás, e pelo esclarecimento de várias dúvidas, surgidas já durante a redacção do trabalho.

Agradeço ainda ao Dr. DIETER WOLL, antigo leitor em Coimbra, além de tudo, pelo interesse sempre mostrado; e ao Dr. HABEL, assistente em Friburgo, pelas sugestões e facilidades concedidas.

Os meus agradecimentos vão, finalmente, e de uma maneira geral, para todos os que, em Portugal ou na Alemanha, fora ou dentro das universidades, com a sua compreensão humana e conselhos valiosos, sempre me encorajaram.

É para eles este trabalho, mas só se porventura disso for digno.

 

 

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