Além de um elevado número de recursos educativos, que
poderão ser incluídos no conceito de «audiovisual», analisámos outros
aspectos com eles relacionados, tais como, entre outros, a existência de
responsáveis pelos audiovisuais e de salas adequadas para a sua utilização.
Podemos, de tudo quanto foi exposto, concluir que, de uma
maneira geral, a grande maioria das escolas possui salas mais ou menos
apetrechadas para uma eficiente utilização dos recursos audiovisuais. No
entanto, a percentagem de escolas em que não existe qualquer sala minimamente
apetrechada é ainda bastante elevada. Se o que encontrámos no distrito de
Aveiro for um espelho mais ou menos fiel da realidade nacional, poderemos
afirmar que, em cerca de 40% das nossas escolas, ainda não existe uma sala de
audiovisuais minimamente dotada ou preparada, de modo a permitir aos docentes
uma utilização eficiente dos actuais recursos educativos à sua disposição e
susceptível de os levar à adopção de novas estratégias de
ensino-aprendizagem mais consentâneas com os tempos actuais, em que a acção
da escola paralela se faz sentir cada vez mais sobre todos nós.
Outro aspecto a referir é o da inexistência de
elementos responsáveis pelos recursos educativos de natureza audiovisual. Em
quase 50% das escolas do distrito de Aveiro não há um elemento responsável. E
quando existe, verifica-se que esse responsável é um elemento do pessoal
auxiliar da acção educativa, frequentemente sem qualquer preparação mínima
específica para poder desempenhar cabalmente um cargo deste género.
Do mesmo modo que, em todas as escolas, o funcionário da
secção de reprografia é previamente preparado, sendo-lhe fornecidos
conhecimentos mínimos para trabalhar com as máquinas, podendo assim
desempenhar com um mínimo de eficiência as suas funções, também o responsável
pelos recursos educativos de natureza audiovisual deveria ter um mínimo de
conhecimentos. Aliás, cremos que o cargo deveria ser atribuído a um docente
com conhecimentos sobre as características e utilização dos diferentes
recursos educativos audiovisuais, de modo a poder exercer uma acção pedagógica
sobre os restantes professores da escola, sendo coadjuvado por um elemento do
pessoal auxiliar.
Consideramos também um aspecto negativo aquilo que
verificámos na maioria das escolas: a ausência de uma mediateca ou, pelo
menos, de uma sala onde todo o material de natureza audiovisual ─ hardware
e software ─ esteja "centralizado".
Quando efectuámos o levantamento de certos elementos
relacionados com o software, como por exemplo os diapositivos, verificámos
que, na maioria das escolas, o material se encontrava disperso
por vários sectores, entregue
aos grupos e arrumado em armários,
tornando-se difícil aos professores das próprias escolas saber o que
efectivamente possuíam e tinham ao seu dispor.
Se todo o material existente, habitualmente designado
pela palavra inglesa software, tal como discos, cassetes sonoras e
registos de vídeo, diapositivos e diaporamas, colecções de fotografias e de
acetatos para retroprojector, estivesse devidamente arquivado e catalogado numa
mediateca, a qual poderia funcionar paralelamente com a biblioteca, o mesmo
material poderia servir mais eficazmente todos os professores da escola,
independentemente das áreas disciplinares. É que, por exemplo, diapositivos
sobre Arte ou sobre História podem ser também explorados por professores de
outras disciplinas. Estando o software distribuído e à responsabilidade
dos diferentes grupos, o material existente acaba, na maioria dos casos, por
nunca chegar a desempenhar plenamente a sua função, ficando muitas vezes
esquecido e ignorado pela maior parte dos professores. E, não raras vezes,
encontra-se material duplicado, adquirido por grupos disciplinares diferentes
por desconhecimento da sua existência.
Os dados por nós recolhidos no distrito de Aveiro
mostram-nos que só em 14 das 73 escolas do distrito, ou seja, 19,3% das
escolas, existe uma mediateca, onde o material se encontra devidamente ou
razoavelmente catalogado e à disposição de todos os professores,
independentemente das áreas disciplinares. E em algumas escolas, embora raras,
verificámos, segundo nos foi dado a conhecer pelos elementos responsáveis, que
o software existente podia também ser requisitado e utilizado pelos
alunos na biblioteca, havendo mesmo uma escola do distrito, dotada com razoável
número de discos para CD-I, em que estes eram utilizados pelos alunos durante
os tempos livres passados na biblioteca.
A ideia aqui apresentada da existência de uma mediateca
não é nossa e nem é nova, embora várias vezes a tenhamos já defendido e
apresentado em trabalhos anteriormente realizados. Os inquéritos agora
efectuados não fizeram mais do que vir comprovar estatisticamente aquilo que
há já alguns anos havíamos constatado: as mediatecas são praticamente
inexistentes nas escolas portuguesas e é desconhecida, da maioria dos
professores, a sua verdadeira função, pelo que, salvo raríssimas excepções,
não há nas nossas escolas um centro de recursos educativos, cujo papel poderia
ser da maior importância para o ensino.
Um recurso que poderia também desempenhar um maior papel
educativo é a fotografia e respectivo laboratório. Apenas 29 das 73 escolas
possuem um laboratório; e destas só 23 o têm minimamente apetrechado e
operacional, o que corresponde a cerca de 32% das escolas do distrito. Tal como
pode ser verificado no quadro 5, dos três níveis de ensino, o único que
apresenta uma percentagem média de apetrechamento é o secundário (56,7%),
enquanto nos restantes níveis é quase inexistente. Das 12 escolas do 2º
ciclo, só 3 possuem laboratório (25%), enquanto das 29 escolas EB23 o número
de escolas apetrechadas é de apenas 9 (31%).
A percentagem de utilização de um laboratório de
fotografia, nas escolas do distrito de Aveiro, é de apenas 26%, valor que não
deverá ser muito melhor nas restantes escolas do país, pelo que parece poder
inferir-se que a fotografia, enquanto conjunto de processos conducentes à obtenção
do registo, cujo contributo educativo poderia ser bastante importante a vários
níveis, não é devidamente aproveitada nas escolas portuguesas.
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