Henrique J. C. de Oliveira, Os Meios Audiovisuais na Escola Portuguesa, 1996. |
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Nesta rubrica incluímos aspectos relacionados com os
recursos audiovisuais analisados ao longo deste trabalho, tais como salas de
audiovisuais, mediateca, laboratório de fotografias e pessoal responsável
pelos recursos existentes. Tal como A. Moderno refere[1],
«em toda a escola é indispensável a existência de alguém que se preocupe
com o material» existente e a quem deverá competir diferentes funções,
também referidas no citado trabalho, de entre as quais se destacam a supervisão
e controlo do material existente, procurando, simultaneamente, não só a sua
manutenção, mas sobretudo a promoção e aquisição de novos recursos, a
orientação dos professores na escolha do material mais adequado à acção
pedagógica e a promoção, formação e sensibilização dos docentes para uma
adequada utilização de todos os recursos disponíveis. As questões 46 e 48 do inquérito sobre os recursos didácticos da
escola, preenchido pelos elementos dos conselhos directivos, abordam
precisamente o problema da existência de um responsável pelos
audiovisuais,
bem como a verificação se os recursos são rapidamente reparados ou substituídos
em caso de avaria ou inutilização definitiva. De acordo com os
dados obtidos e registados no mapa 6 e quadros 5 e 6, apresentados no início do
capítulo, e quadro 44, só em 38 escolas do distrito de Aveiro (53,52%) existe
um responsável pelo material audiovisual. Em 22 das escolas que responderam
afirmativamente, esse responsável é um professor da escola; nas restantes 16 o
cargo é atribuído a um elemento do pessoal auxiliar da acção educativa. Sobre se o material danificado é rapidamente reparado ou substituído,
56 escolas (78,87%) responderam afirmativamente e as restantes (21,13%)
negativamente. As razões invocadas para a resposta negativa foram, em 11
escolas, a falta de verbas para manutenção e reparação do material e nas 3
restantes, a falta de habilitações qualificadas do pessoal responsável e a
excessiva demora na reparação. Das 71 que responderam ao inquérito, 44 possuem uma sala para
audiovisuais, o que corresponde a 61,97%. Em relação à existência de uma mediateca para arquivo do software
audiovisual, apenas 14 escolas responderam afirmativamente, correspondendo à
percentagem de 19,72%. A fotografia, quer do ponto de vista do documento obtido, quer enquanto
conjunto de processos conducentes à obtenção desse documento, pode constituir
um valioso recurso pedagógico. Como documento, «ninguém desconhece o
impacto que a fotografia e os quadros murais exercem, principalmente nas
disciplinas de observação: Geografia, História, Biologia...»[2]. Enquanto processo de obtenção de documentos impressos, envolve toda uma
série de etapas que poderão ser aproveitadas pelos professores, permitindo a
sensibilização dos alunos para aspectos ligados à estética, aos
conhecimentos da imagem (enquadramento, planos, etc.) e também para todo um
conjunto de processos físicos e químicos, que envolvem a captura das imagens
pela câmara e os processos químicos necessários para a revelação das películas,
a impressão dos negativos sobre papel e sua revelação e fixação, processos
estes só possíveis de concretizar mediante a existência de um laboratório
fotográfico. Mas para que todo este vasto conjunto de operações possa
realizar-se, não basta a existência de meios técnicos; é também essencial a
existência de professores que dominem todos os processos técnicos de obtenção
de imagens fotográficas e, sobretudo, que chamem a atenção dos alunos e lhes
despertem o interesse, levando-os à criação de clubes de fotografia e
familiarizando-os com todos os aspectos necessários para a obtenção das
imagens fotográficas. Os conhecimentos
adquiridos nesta área são de tal modo importantes, que constituem uma primeira
etapa evolutiva no sentido de um prosseguimento em direcção a outros domínios
da imagem, como é o caso da imagem animada: cinema e, sobretudo nos tempos
actuais, as modernas técnicas de vídeo. Dada a pluralidade de aspectos que a fotografia envolve, o nosso primeiro
inquérito foi desdobrado num inquérito directo, através do qual procurámos
obter, entre outras informações relacionadas com diversos recursos, um amplo
leque de elementos relativos ao laboratório de fotografia. Os resultados
obtidos encontram-se registados no quadro 45 (Nota: devido ao seu elevado
tamanho, não é possível aqui apresentar os quadros 44 e 45.). Das 71 escolas do distrito de Aveiro que nos permitiram a recolha de
elementos, só 29 escolas possuem laboratório de fotografia, o que corresponde
a 40,9%. E destas 29 escolas, apenas 23 o possuem em estado operacional, o que
reduz a percentagem anterior para 32,4%. E em relação à sua utilização, só
19 escolas responderam afirmativamente (26,8%). Quanto à frequência de utilização do laboratório, duas escolas
indicaram-na como sendo elevada (7,4%), 13 indicaram uma frequência média
(48,15%), 5 uma frequência reduzida (18,52%) e 7 uma frequência nula (25,93%). De uma maneira geral, todas as escolas que possuem laboratório o têm
minimamente equipado, sendo esta dotação mínima constituída por um
ampliador, tinas para revelação e fixação das provas, lanternas de iluminação
e pinças para manipulação das fotografias durante os processos químicos de
obtenção. Todavia, o sistema de obtenção de imagens por contacto directo,
aquilo que vulgarmente se designa por «provas de contacto», não é viável em
nenhuma escola, pois nenhuma possui uma "prensa" para provas deste
tipo, apesar da sua obtenção ser extremamente fácil, podendo mesmo ser
construída pelos alunos nas aulas de Educação Tecnológica, uma vez que
envolve conhecimentos de construção em madeira e montagem eléctrica. Quanto às pessoas que utilizam os laboratórios, embora a maior frequência
de utilização corresponda aos professores (18), de uma maneira geral os
elementos dos conselhos directivos e outros professores por nós inquiridos
─ geralmente os professores que utilizavam os laboratórios ─
indicaram simultaneamente alunos e professores. Só duas escolas indicaram a
utilização exclusiva por professores e uma, de nível secundário, indicou
apenas os alunos. Quanto aos grupos disciplinares em que as técnicas laboratoriais de
fotografia são utilizadas, as maiores frequências dizem respeito à Educação
Visual. O quadro 45 apresenta as respostas registadas rigorosamente de acordo
com os elementos que nos foram fornecidos. Tendo em conta os objectivos de utilização, as maiores frequências
dizem respeito ao Clube de Fotografia, com 14 respostas, e aos objectivos didácticos
e Área-Escola, ambos com 5 respostas. Foram ainda referidas as actividades
relacionadas com o Clube de Jornalismo, (3 respostas), actividades
extra-curriculares (3 respostas), Clube de Audiovisuais e Vídeo (2 respostas),
e, finalmente, Clube de Ciências, actividades curriculares e Clube de Arte. Figura 20: Distribuição do número
de fotocopiadores nas escolas dos 3 níveis de ensino do distrito de Aveiro, em
1994/95. Embora não podendo ser englobado pelo vocábulo «audiovisual» no
sentido em que geralmente o entendemos, a verdade é que o fotocopiador, do
mesmo modo que os policopiadores, é um dos mais importantes auxiliares de todos
quantos participam no processo de ensino-aprendizagem. Intencionalmente não o incluímos no inquérito aos docentes; além de não
fazer parte dos nossos objectivos, é talvez o único recurso de utilização
frequente que nenhum professor poderá actualmente dispensar. Por muito
completos que sejam os manuais escolares, nenhum professor consegue passar sem
recorrer ao fotocopiador. Mesmo que intencional e sistematicamente procure nunca
recorrer a ele, acabará sempre por ter de utilizar um policopiador ou um
fotocopiador. Será por meio dele que poderá obter os duplicados dos testes a
distribuir pelos alunos nos momentos de avaliação, a menos que ainda utilize o
antiquado sistema de passar o enunciado no quadro, o que, hoje em dia, será
muito pouco provável. Mas se o fotocopiador não foi por nós incluído nos inquéritos aos
docentes, não pudemos deixar de o mencionar na secção «F-Outros meios» do
inquérito para levantamento dos «Recursos didácticos da escola», preenchido
pelos conselhos directivos. Os dados recolhidos por meio deste inquérito
encontram-se não só no mapa 6 (apresentado nos Anexos), mas também nos
quadros 5 e 6, apresentados no início do capítulo de análise dos dados da
investigação. Tal como já referimos oportunamente e poderá ser verificado pela
consulta do quadro 5, o fotocopiador faz parte do grupo de recursos existentes a
100% em todos os níveis de ensino a partir do 2º ciclo do ensino básico. A partir dos dados registados no mapa 6, que nos fornece a distribuição
de todos os recursos pelos três níveis de ensino, é possível a obtenção do
gráfico da figura 20. Da sua leitura, verifica-se que, nos dois primeiros níveis
de ensino (EB2 e EB23), a moda se situa nos dois fotocopiadores por
escola, valor que se mantém considerando-se a totalidade dos níveis de ensino.
Nas escolas de nível secundário, a moda situa-se nos três
fotocopiadores por escola. A média é de 2 fotocopiadores por escola. Poder-se-á pensar que o número de fotocopiadores por escola está de
acordo com a população escolar e, concomitantemente, com as necessidades deste
recurso. Todavia, a consulta do mapa 6 revela-nos que não há qualquer relação
entre o número de recursos e a população escolar. Por exemplo, uma escola de
nível secundário com 1404 alunos e 109 professores possui 5 fotocopiadores.
Outras escolas, com maior população, apenas possuem 2 fotocopiadores, como é,
por exemplo, o caso da escola com a referência 50, onde apenas existem 2
fotocopiadores para 1890 alunos e 143 professores. E este é apenas um caso
entre vários, o que parece indiciar que a distribuição dos recursos pelas
escolas é feita de maneira um tanto aleatória, sem atender às reais características
e necessidades de cada uma. A consulta do quadro 6 mostra-nos também que o valor de ratio do
fotocopiador aponta para um insuficiente apetrechamento das escolas, havendo um
fotocopiador para 337 a 504 alunos, para 12 a 13 salas de aulas e para 32 a 40
professores. No inquérito relativo aos recursos existentes nas escolas, considerou-se
também, no grupo «F-Outros Meios», o laboratório de
línguas. Embora, de
acordo com as respostas fornecidas pelos conselhos directivos tenham sido
indicadas 7 salas deste tipo, o inquérito directo veio revelar que apenas uma
escola do distrito de Aveiro, de nível EB23, possui um laboratório de línguas
devidamente apetrechado[3],
conforme pudemos verificar in loco. Montado em colaboração com a
Universidade de Aveiro, que dá o apoio para a manutenção do material, através
do Departamento de Electrónica, e o CET, que cedeu o material, o laboratório
de línguas é constituído por 16 mesas individuais equipadas com gravadores de
bobinas e de cassetes da marca Revox, sendo o seu grau de utilização elevado
para o ensino do Francês e do Inglês. A indicação por parte de algumas escolas em como possuíam laboratório de línguas (cfr. mapas 7 e 8) ficou a dever-se ao facto dos elementos dos conselhos directivos que responderam terem feito confusão com aquilo que, vulgarmente, os professores de línguas designam por «clube de línguas». [3]
- Numa das escolas que declarou possuir laboratório de línguas (Refª
018), apesar de, por mais de uma vez, termos manifestado o nosso desejo de
visitar esta sala para podermos determinar o tipo de aparelhos existentes e
o grau de apetrechamento, foi-nos sistematicamente vedado o acesso. Na
impossibilidade dessa visita, procurámos através do diálogo determinar as
características do provável laboratório de línguas. Pelas informações
fornecidas, ficámos convencidos de que não se tratava de um laboratório
de línguas, mas sim de uma vulgar sala normal de aulas especialmente
destinada às línguas vivas. |
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