Henrique J. C. de Oliveira, Os Meios Audiovisuais na Escola Portuguesa, 1996. |
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Embora este trabalho tenha sido centrado essencialmente
nos recursos que têm a imagem como principal suporte da informação, a verdade
é que, nos vários inquéritos realizados, foram introduzidos quase todos os
recursos existentes, entre os quais os sonoros: rádio, giradiscos e gravadores
de som. Deste modo, passaremos a apresentar os dados recolhidos, seguindo os
mesmos critérios utilizados para os recursos anteriores.
Figura 16: Distribuição do número de aparelhos de rádio nas escolas do distrito de Aveiro. De acordo com os quadros 5 e 6, apresentados
no começo do capítulo, o rádio
encontra-se entre os recursos com cobertura elevada, com percentagem média
acima dos 80%, sendo as percentagens de escolas que o possuem, nos três níveis
de ensino, respectivamente de 100%, no nível EB2, 65,5% no nível EB23 e de
86,7% no nível secundário. Das 71 escolas que responderam ao primeiro inquérito,
apenas 14 (19,72%) não possuem rádio. E o total de aparelhos, nas 57 escolas
que o possuem, é de 119, o que significa que várias escolas possuem mais do
que um aparelho. De facto, no nível EB2, existem 26 aparelhos para 12 escolas,
o que dá uma média de 2,42. A análise do quadro 6 mostra-nos que, de acordo com os níveis de
ensino, existe um aparelho de rádio para 10 a 20 salas de aula, para 272 a 718
alunos e para 26 a 57 professores, o que dá um valor de ratio
insuficiente. No entanto, apesar do valor de ratio insuficiente segundo
os dados do quadro 6, a análise dos inquéritos aos docentes revela que o rádio
é um recurso cuja frequência de utilização apresenta valores percentuais
reduzidos. Dos 349 inquéritos preenchidos, apenas 13 professores indicaram
utilizar «Muitas Vezes» (3,7%) o
rádio e 47 professores «Algumas Vezes» (13,5%), o que dá uma percentagem
MV+AV igual a 17,2%. Dos restantes professores, 60 indicaram utilizar «Raras
Vezes» (17,2%) o rádio, 228 indicaram «Nunca» (65,3%), tendo mesmo havido um
professor (0,3%) que declarou não conhecer.
Quadro 41: Total das percentagens MV + AV
relativamente ao rádio. Os valores percentuais das frequências de utilização do rádio, tendo
em conta a soma das frequências MV+AV, são relativamente baixos. Na totalidade
dos níveis de ensino, o valor atingido é de 17,2%, verificando-se a
percentagem mais elevada no nível EB2. Tendo em conta a categoria profissional,
o maior valor verifica-se no nível secundário em relação aos professores não
profissionalizados. Figura 17: Utilização do rádio nas diferentes áreas disciplinares,
tendo em conta as frequências MV+AV. As maiores frequências de utilização (vd. quadro 41 e gráfico da
figura 17) verificam-se nas áreas das «Línguas» e da «Expressão». As
diferenças percentuais relativamente à formação recebida ou não são
bastante reduzidas e pouco significativas, na totalidade dos níveis de ensino;
todavia, ao nível do 2º ciclo do ensino básico, verifica-se uma diferença
significativa de 28,3%. Apesar dos valores percentuais obtidos relativamente ao distrito de
Aveiro serem reduzidos, mesmo assim são bastante superiores aos obtidos por B.
Duarte da Silva, em 1988, relativamente ao distrito de Braga. Aqui, os valores
percentuais das frequências MV+AV, tendo apenas em conta os níveis de ensino,
são de 10%, para o ensino preparatório e de 4,7% para o ensino secundário. Na
totalidade dos níveis, o valor percentual é de 6,73%. As áreas disciplinares
em que as frequências MV+AV atingem maiores valores são as «Línguas» e a «Expressão»,
no Ensino Preparatório, enquanto no Secundário apenas as «Línguas»
apresentam valores percentuais para estas duas frequências. Tendo em conta os dados registados nos 349 inquéritos, as disciplinas
que registam maiores frequências AV+MV relativamente ao rádio, por ordem
decrescente, são: Português (11+0=10); Inglês (6+3=9); Francês (6+2=8); História
(7+0=7); Educação Musical (2+3=5); Educação Visual (3+2=5); Educação Física
(5+0=5).
Quadro 42: Frequências de utilização do gira-discos em duas épocas e
distritos diferentes. Frequências de utilização mais reduzidas que as da rádio são as que
dizem respeito ao gira-discos, cujo valor máximo é de 6,9%. De acordo com o mapa 6 e com os quadros 5 e 6, apresentados no começo do
capítulo, das 71 escolas do distrito que responderam ao inquérito apenas 14
(19,7%) não possuem este recurso, o qual se situa entre os que apresentam uma
cobertura média (EB2=75%; EB23=44,8%; SEC.=63,3%; Total=60,9%). O número total
de gira-discos existentes é de 49, o que dá um valor médio de 0,69. Não é só o número destes aparelhos que é reduzido; também as frequências
de utilização pelos docentes apresentam valores percentuais baixos, como
mostram os mapas 9 a 12 e o quadro 43. A análise do mapa 11, por exemplo,
permite verificar que os maiores valores das frequências MV+AV, relativamente
às áreas disciplinares, se verificam nas «Línguas» e na «Expressão»,
sendo nulas as frequências nas áreas das «Ciências Exactas e da Natureza» e
da «Orientação Prática». E esse maiores valores são respectivamente de
13,4% e 13,5%, apresentando a área das «Ciências Sociais e Humanas» uma
percentagem de 6,7%. Apenas 9 disciplinas apresentam indicação de frequência
AV ou MV, que passamos a apresentar segundo a ordem decrescente dos valores
registados: Português (7+0=7); Educação Musical (2+3=5); História (3+0=3);
Francês (1+1=2); Educação Física e Inglês (2+0=2); Alemão (0+1=1);
Filosofia e Latim (1+0=1). Enquanto o gira-discos e correspondente software têm uma utilização
reduzida, os sistemas de gravação sonora em fita magnética apresentam uma
frequência de utilização bastante superior, sobretudo os sistemas de gravação
em cassete, que se situa, na totalidade dos níveis, nos 40%. Esta forma
de registo tem grandes vantagens em relação aos tradicionais discos analógicos,
ao ponto de os professores, quando possuem registos com interesse, os passarem
previamente do disco para a fita magnética. De facto, além de uma maior
facilidade de manuseamento e de arquivo, o registo em cassete, ao contrário dos
tradicionais discos em vinil, permite ouvir as gravações tantas vezes quantas
as necessárias sem o risco da perda de qualidade sonora que se verifica com os
discos devido ao desgaste e aos ruídos de fundo. Em relação aos registos magnéticos e, consequentemente, ao
correspondente hardware, geralmente conhecido por gravadores de som, há
que considerar duas grandes classes de aparelhos: os antigos sistemas de bobina,
que exigem aparelhos pesados e difíceis de transportar e um certo cuidado no
manuseamento da fita; os sistemas de cassete, cujos aparelhos são
extremamente compactos, leves e fáceis de transportar e utilizar, em que a fita
magnética se encontra perfeitamente protegida numa embalagem fechada, bastando
inseri-la no gravador/leitor, operação bastante fácil e que não leva mais do
que umas fracções de segundo. O gráfico da figura 18 mostra bem a diferença existente entre o número
de gravadores de bobina e de cassete. Enquanto apenas existem 28
aparelhos do primeiro tipo num total de 28 escolas, ou seja, apenas 35,6% das
escolas do distrito, o número de gravadores de cassete alcança o total
de 341 aparelhos para 68 escolas, o que significa que só 3 escolas do distrito
(4,1%) indicaram não possuir nenhum aparelho deste tipo. Figura 18: Distribuição do número de gravadores de
bobina e cassete nas escolas do distrito de Aveiro. De acordo com o quadro 6, apresentado no início do capítulo, enquanto o
gravador de bobinas figura entre os recursos de cobertura reduzida, o gravador
de cassete é um dos recursos de cobertura elevada, sendo o seu valor de ratio
de um para 4 a 7 salas de aula, de um para 141 a 278 alunos e de um para 12 a 22
professores. O gráfico da figura 18 mostra-nos que a distribuição do número de
gravadores de cassete por escola é bastante variável: ao lado de
escolas com um número insuficiente de aparelhos deste tipo, outras possuem uma
razoável quantidade, seguramente acima das necessidades de utilização deste
recurso pelos docentes, cuja percentagem de frequência na totalidade dos níveis
de ensino, tendo em conta as frequências MV+AV, não vai além dos 40%.
Quadro 43: Total das percentagens MV+AV relativamente
ao gravador de cassetes. Figura 19: Utilização do gravador de cassetes nas diferentes áreas
disciplinares, tendo em conta as frequências MV+AV.
A consulta do quadro 43, bem como dos gráficos apresentados em anexo e
que registam, lado a lado, todos os recursos educativos, mostra-nos que o
gravador de cassetes se posiciona, na totalidade dos níveis de ensino e
independentemente das diferentes variáveis de análise, à frente dos restantes
recursos exclusivamente sonoros (Vd. gráficos 6.1 a 6.3). Tendo em conta as
frequências MV+AV, na globalidade dos recursos, o gravador de cassetes
surge em 8º lugar. Na totalidade dos níveis de ensino, o valor percentual das frequências
MV+AV é de 40,4%. As áreas disciplinares em que os docentes recorrem ao
gravador de cassetes, na totalidade dos níveis, são, em primeiro lugar, as «Línguas»
(valores percentuais oscilando entre 70,6 e 87,7%); em segundo lugar, a área da
«Expressão» (valores percentuais entre 42,9% e 58,3%); em terceiro lugar, a
área das «Ciências Sociais e Humanas» (valores entre 29,4% e 42,4%). As
restantes áreas apresentam valores percentuais inferiores aos 10%[1]. De acordo com os dados recolhidos nos inquéritos, as disciplinas em que
os professores mais recorrem ao gravador de cassetes, por ordem
decrescente das frequências AV+MV, são: Inglês (13+13=26); Português
(18+7=25); Francês (11+10=21); Educação Física e História (10+0=10); Educação
Musical (2+7=9); Alemão (2+5=7); Educação Visual (4+2=6); Filosofia (3+2=5);
Educação Moral Religiosa e Cívica (2+2=4). Os maiores valores das frequências MV+AV verificam-se entre os docentes que declararam ter recebido formação sobre recursos audiovisuais, parecendo bastante significativa a diferença entre estes e os que não receberam formação deste tipo. [1]
- As respostas obtidas nos 349 inquéritos distribuem-se da seguinte maneira
relativamente ao gravador de cassetes: Nunca=148 (42,4%); Raras Vezes=60
(17,2%); Algumas Vezes=86 (24,6%); Muitas Vezes=55 (15,8%). Devido aos reduzidos valores percentuais das frequências MV+AV, não
elaborámos os quadros de síntese para o gira-discos e gravador de bobinas.
A consulta dos mapas 9 a 12, apresentados na secção de anexos, são
claramente elucidativos da reduzida frequência de utilização destes dois
recursos. |
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