Henrique J. C. de Oliveira, Os Meios Audiovisuais na Escola Portuguesa, 1996. |
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Tal
como refere António Moderno[1],
a projecção fixa «possibilita o alargamento do campo de visão da aula sem
haver necessidade de deslocar os alunos para um lugar especial», além de
que proporciona uma melhor exploração das imagens projectadas, o que é
bastante mais difícil com a projecção animada. Do
conjunto de aparelhos de projecção fixa, o único que existe a 100% nas
escolas do distrito de Aveiro e, muito provavelmente, em todas as escolas
portuguesas a partir do segundo ciclo é o retroprojector. Vêm em seguida o
projector de diapositivos, com uma cobertura elevada, com percentagem média
situada nos 96,6%, como revela a análise do quadro 5, e depois o episcópio,
com uma percentagem média de 85,4%. O microprojector, tratando-se de um sistema
relativamente recente, que permite substituir o microscópio, de utilização
individual, por uma apresentação colectiva de amostras, encontra-se ainda
muito pouco difundido nas nossas escolas, sendo a sua cobertura quase nula.
Apenas existe em 11 escolas do distrito, o que significa que 84,9% das escolas
ainda o não possui, sendo um recurso quase desconhecido, como adiante veremos.
Quadro
20: Total das percentagens MV + AV relativamente ao episcópio. O episcópio, como atrás dissemos, é um aparelho de projecção de imagens opacas existente em quase todas as escolas do distrito. Apenas 10 o não possuem, o que corresponde a 14,08%[2]. A análise do quadro 6 mostra-nos que existe 1 episcópio para 17 a 29 salas de aula, de acordo com o nível de ensino, o que dá um valor de ratio insuficiente. No entanto, a análise dos mapas de frequência de utilização e o quadro 20, com a soma das frequências MV+AV, revela-nos que o episcópio é um recurso muito pouco utilizado, havendo mesmo uma elevada percentagem de professores que nunca o utilizou. De facto, dos 349 que responderam ao inquérito, 183 NUNCA o utilizaram e 18 declararam mesmo desconhecê-lo, o que perfaz um total de 201 professores, ou seja, 57,6% dos docentes nunca recorreram ao episcópio. E dos 42,4% que já o utilizaram, 103 fizeram-no raramente (29,5%), 39 Algumas Vezes (11,2%) e apenas 6 Muitas Vezes (1,7%). Daqui parece poder inferir-se que o episcópio é um recurso que nunca cativou os professores e cujo interesse tem vindo a decrescer consideravelmente, como revelam as percentagens apresentadas por António Moderno[3], relativamente à região centro do país (1984), e Bento Duarte[4], relativamente ao distrito de Braga (1989). Para uma melhor apreciação do reduzido interesse dos professores pelos episcópio, consulte-se o quadro 21, no qual transcrevemos os dados referentes a três períodos distintos. Apesar de uma ligeira divergência de critérios, os valores percentuais registados não deixam de ser elucidativos. Em 1983, mesmo os professores não profissionalizados recorriam, ainda que numa reduzida frequência, ao episcópio. Em 1988, o valor percentual referente aos professores profissionalizados é bastante reduzido e só «Algumas Vezes» os não profissionalizados recorrem ao episcópio. Em 1994/95, os valores percentuais encontram-se significativamente reduzidos, sendo quase nulos entre os professores não profissionalizados.
Quadro
21: Comparação das frequências de utilização do episcópio em três épocas
distintas. Independentemente
dos níveis de ensino, a análise do quadro 20 e dos gráficos apresentados no
final mostra-nos que a maior frequência de utilização do episcópio, ainda
que reduzida ou quase nula, se verifica nas áreas de «Expressão», com 17,3%,
e de «Ciências Sociais e Humanas», com 16,7%, sendo mais utilizado por
professores profissionalizados, muito embora esta utilização apresente uma
frequência muito reduzida, apenas alcançando os 17,1% no nível EB2. Dos
aparelhos de projecção fixa, é o
microprojector
o menos corrente nos estabelecimentos
de ensino. De acordo com o mapa 6 e os quadros 5 e 6, apenas existem 16
aparelhos deste tipo num total de 11 escolas do distrito de Aveiro. No nível
EB2 é inexistente; no nível EB23 existe em 9 escolas (31,03%); no secundário
apenas existe em 2 escolas (6,67%). A análise dos mapas de frequência de utilização 9 a 13, apresentados na respectiva secção de anexos, revela-nos que, na globalidade dos três níveis de ensino, 91,98 % dos professores «Nunca» utilizaram este recurso, sendo mesmo desconhecido de um elevado número. Dos 28 professores que declararam já ter utilizado o microprojector, só 3 indicaram «Muitas Vezes» (0,8 %), 8 «Algumas Vezes» (2,29 %) e 17 «Raras Vezes» (4,87 %). E dentro destes 28 elementos, a probabilidade de terem utilizado um microprojector é reduzidíssima, tanto mais que 7 professores são da área das «Línguas», 4 da área das «Ciências Sociais e Humanas» e 6 da área da «Orientação Prática», se nos lembrarmos que o microprojector é um aparelho essencialmente utilizado, por exemplo, em aulas de Biologia, servindo como alternativa ao microscópio. Excluindo estes 17 professores, que possivelmente nem deverão saber o que é um microprojector, restam-nos apenas 8 professores da área das «Ciências Exactas e da Natureza» que possivelmente terão já recorrido ao microprojector (AV=3; RV=5), o que equivale à reduzidíssima percentagem de 8,99 %.
Figura 6:
Distribuição dos retroprojectores nas escolas do distrito de Aveiro, em
1994/95. O
retroprojector
é dos sistemas mais úteis de projecção fixa, podendo mesmo funcionar
como uma excelente alternativa ao quadro tradicional. O facto de permitir
projectar à luz ambiente diversos tipos de documentos, mesmo objectos opacos, e
de permitir a criação de imagens, gráficos e textos durante o decurso da
aula, mantendo os intervenientes no processo ensino-aprendizagem frente a
frente, faz com que o retroprojector tenha vindo a suscitar um interesse cada
vez maior nos docentes. Talvez seja por isso mesmo que o retroprojector é um
dos sete recursos educativos que existe a 100 % em todas as escolas do distrito
de Aveiro e, provavelmente, de todo o país, a partir do segundo ciclo, sendo o
mais utilizado pelos docentes depois do quadro tradicional na globalidade dos níveis
de ensino. É isto o que nos mostram os mapas de frequência e os gráficos
correspondentes, como já tivemos ocasião de referir a propósito dos posters
e cartazes. Se nos níveis EB2 e EB23 cartazes e posters se posicionam em
segundo lugar, na globalidade dos níveis este segundo lugar passa a pertencer
ao retroprojector, como se pode observar no quadro 14, anteriormente
reproduzido. A
análise do mapa 6 e dos quadros 5 e 6 fornece-nos elementos sobre o número de
retroprojectores existentes por escola e o grau de apetrechamento das escolas do
distrito de Aveiro. O histograma da figura 6 dá-nos uma ideia dos quantitativos
deste recurso por estabelecimento de ensino. Entre 2 e 15 aparelhos por
estabelecimento, os valores mais frequentes são, por ordem decrescente do número
de escolas, 4, 8, 5 e 6 aparelhos, dando na globalidade uma média de 5 por
escola. A
análise do quadro 6 permite-nos verificar que o retroprojector, sendo o segundo
ou terceiro recurso mais utilizado pelos docentes, apresenta um valor de ratio
de 1 para 4 a 6 salas de aulas e de 1 para 11 a 15 professores, o que
corresponde a um apetrechamento quase suficiente. Isto mesmo foi também
verificado em 1988 por Bento Duarte da Silva[5],
em relação ao distrito de Braga, onde havia 1 retroprojector para 5 a 6 salas
de aula. Embora
os valores de ratio, no quadro 6, revelem um apetrechamento quase
suficiente, uma análise «micrométrica», como a que nos é dado pelo mapa 13,
mostra-nos que, ao lado de escolas bem apetrechadas, em que há 1 retroprojector
para 2 a 4 salas de aulas e 1 para 5 a 10 professores, noutras há apenas 1
retroprojector para 8 a 10 salas de aula, havendo mesmo uma escola secundária
em que o número de salas servidas por um retroprojector é de 18. E embora o
grau de necessidade de um retroprojector esteja dependente da sensibilização e
utilização que os docentes lhe dão, mesmo assim impõe-se uma particular atenção
por parte das entidades responsáveis pelo apetrechamento escolar para estes
casos, felizmente em reduzido número[6].
Quadro
22: Total das percentagens MV + AV relativamente ao retroprojector. Figura
7: Utilização do retroprojector nas diferentes áreas disciplinares tendo
em conta as frequências MV e AV. A
análise dos mapas 9 a 13 e respectivos gráficos, bem como o quadro, e o gráfico
da figura 7, permitem-nos avaliar a frequência de utilização do
retroprojector. Tomando apenas os valores percentuais das frequências MV e AV,
verificamos que a frequência de utilização decresce com os níveis de ensino:
Sec.=75,8%; EB23=71%; EB2=56,4%. Em qualquer nível de ensino, a maior
percentagem de frequência corresponde aos professores profissionalizados. As
áreas disciplinares em que mais frequentemente se recorre ao retroprojector
variam com o nível de ensino. No segundo ciclo do Ensino Básico (EB2), as
maiores frequências de utilização verificam-se nas «Ciências Exactas e da
Natureza», «Ciências Sociais e Humanas» e «Línguas», sendo inferior a 40%
na »Expressão» e nula na área da «Orientação Prática». Nas escolas com
o 2º e 3º ciclo do Ensino Básico (EB23), as maiores frequências de utilização
mantêm-se ainda nas três áreas disciplinares, mas, enquanto no 2º ciclo o
retroprojector apresenta um valor percentual nulo, nas escolas EB23 verifica-se
que na «Orientação Prática» o valor percentual de utilização do
retroprojector atinge 61%, e na área de «Expressão» o valor de 47,4%. Nas
escolas de nível secundário, às três áreas anteriormente referidas vem
juntar-se a de «Orientação Prática», cuja frequência MV+AV acaba por vir
em primeiro lugar, com 89,29%, apresentando as três restantes valores
percentuais de frequência bastante aproximados. De
uma maneira global, as disciplinas que recorrem ao retroprojector, tomando em
conta apenas as frequências AV e MV são, por ordem decrescente: História
(15+7=22); Português (19+3=22); Ciências Físico-Químicas (12+8=20); Ciências
da Natureza (12+7=19); Francês (14+5=19); Inglês (16+2=18); Geografia
(9+6=15); Matemática (13+2=15); Biologia (6+8=14); Educação Tecnológica
(7+5=12); Educação Visual (10+2=12); Educação Física (6+1=7); Alemão
(4+2=6). Quer
por níveis disciplinares, quer de uma maneira global, os docentes do sexo
feminino parecem ser os que recorrem com maior frequência ao retroprojector (fem.=71,8%;
masc.=64,86%). No entanto, qualquer que seja o sexo, o retroprojector é o
segundo recurso audiovisual mais utilizado pelos docentes, como pode ser
verificado pela leitura dos gráficos 6.1, 6.2 e 6.3. A
formação recebida parece ter contribuído para uma maior frequência de
utilização do retroprojector em qualquer dos níveis de ensino, embora a
diferença percentual a nível global seja de apenas 10,6%. A maior diferença
verifica-se no nível EB2, em que atinge 22,1%. Comparando
os dados obtidos em 1994/95, no distrito de Aveiro, com os de outros períodos
de tempo, verificamos que, em relação a 1983, a frequência de utilização do
retroprojector pelos professores profissionalizados parece ter aumentado
significativamente. Segundo os dados de António Moderno[7],
as percentagens de frequências de utilização por professores
profissionalizados eram de 26,6 % no ensino preparatório e de 19,6 % no secundário.
Neste momento, os valores percentuais são, para os três níveis de ensino
actualmente em vigor, respectivamente de 58,6%, 76,6% e 77,1%. Este aumento não
é de agora, pois a comparação das
percentagens das frequências obtidas em 1988, por B. Duarte da Silva[8],
revela-nos uma grande aproximação com os valores por nós obtidos. O
projector de diapositivos ou de diafilmes constitui, como anteriormente
referimos, um dos recursos com cobertura elevada, com percentagem média de 96,6
%, idêntica à do gravador de cassetes. Apenas três escolas do distrito de
Aveiro, do 2º e 3º ciclo, declararam não possuir nenhum aparelho de projecção
fixa deste tipo, cuja utilização pode ser efectuada de duas maneiras
diferentes: recorrendo à projecção manual dos diapositivos ou diafilmes ou à
projecção automatizada, geralmente acompanhada de som (música e palavras),
mediante acoplamento do projector a um gravador especial de cassetes, dotado de
um sistema de impulsos para mudança automática das imagens. Este segundo
sistema permite a projecção de uma montagem audiovisual designada por
diaporama. Relativamente ao retroprojector, o projector de diapositivos tem o
inconveniente de exigir a sala de aula totalmente escurecida e, preferentemente,
a utilização de um bom ecrã, o que o torna menos utilizado pela maioria dos
professores. Tornando-se um recurso de utilização pouco frequente,
consideramos que a existência de um bom projector para 5 a 10 salas de aula
constitui uma dotação dentro do suficiente. A
análise do quadro 6 mostra-nos que as escolas do distrito de Aveiro,
independentemente dos níveis de ensino, se encontram dentro destes parâmetros,
ou seja, 1 projector para 6 salas nos níveis EB2 e EB23
e 1 para 9 no nível Secundário.
Todavia, a análise do mapa
14 mostra-nos uma realidade um tanto diferente, uma vez que, ao lado de 3
escolas sem qualquer dotação, 22 escolas encontram-se insuficientemente
dotadas[9].
O facto de surgirem escolas que indicam possuir elevada quantidade de
projectores está longe de constituir uma boa dotação. Em algumas escolas,
acabámos por verificar de visu que o material existente, por vezes ainda
por utilizar, era constituído por máquinas completamente obsoletas e que, para
cúmulo, embora funcionassem, derretiam completamente o diapositivo ao fim de
uns segundos, por falta de um filtro calórico. Verificámos, não sem algum
espanto, que uma escola, por exemplo, fora dotada em tempos com elevada
quantidade deste tipo de material que, já nessa época, constituía material
completamente obsoleto, de reduzido valor comercial e sem qualquer utilidade
para os docentes. Para que os projectores possam ter alguma utilidade, é indispensável a existência do correspondente software. Para este tipo de recurso, o software pode ser constituído por dois tipos de suporte em película: os diafilmes (ou filmes fixos) e os diapositivos. Os
diafilmes constituem um suporte da imagem idêntico aos diapositivos.
Enquanto estes são imagens independentes montadas em caixilhos, que o professor
pode ordenar em função dos objectivos, os diafilmes ou filmes fixos constituem
sequências de imagens igualmente obtidas fotograficamente numa película de
tipo inversível de 35 milímetros, dispostas horizontal ou verticalmente e
ordenadas, em regra, segundo uma determinada sequência lógica, devendo essa
película ser desenrolada à medida que as imagens vão sendo projectadas, sendo
ao mesmo tempo enrolada numa bobina de recepção. O diafilme tem o grande
inconveniente de não permitir uma fácil alteração da sequência de projecção
e de levar à deterioração das imagens, que acabam por ficar riscadas ao fim
de certo tempo. Por estas razões, o filme fixo ou diafilme teve uma reduzida
aceitação, não existindo na maioria das escola do distrito de Aveiro. Das 71
escolas que responderam ao inquérito, apenas 4 indicaram possuir diafilmes
(5,63 %): 1 com 55 exemplares; as restantes com 4 exemplares ao todo, perfazendo
um total de 59 diafilmes. Em contrapartida, a grande maioria das escolas está
dotada com diapositivos, sendo os quantitativos muito variáveis de escola para
escola, como se pode verificar nos quadros 5 e 6 e no mapa 14. Ao lado de 7
escolas que não possuem ainda quaisquer dispositivos (9,86 %), as restantes
apresentam quantitativos que vão de um reduzido número a milhares de
exemplares, como tivemos oportunidade de conferir com a colaboração dos
funcionários responsáveis, actividade morosa e nem sempre fácil, pois em bom
número de estabelecimentos de ensino o software existente encontra-se
disperso e não devidamente catalogado e centralizado numa mediateca[10].
O total global de diapositivos contabilizado é de 50943, o que dá um valor médio
de 717 diapositivos por escola.
Quadro
23: Frequências de utilização dos diafilmes. A
análise dos mapas 9 a 13 e dos quadros de síntese permite-nos efectuar
diversas leituras relativamente à utilização não só do projector, como das
diferentes formas de utilização do software. Começando pela análise do recurso menos frequente, pode-se verificar, pela consulta do mapa 9 e do quadro 23 que, na globalidade dos níveis de ensino, o diafilme não é utilizado pelos docentes. Dos 349 professores que responderam ao inquérito, só 1 declarou utilizá-lo «Muitas Vezes» (0,3%), 6 «Algumas Vezes» (1,7%), 19 «Raras Vezes» (5,4%) e os restantes 323 «Nunca» (92,6%). Dos 323 professores que declararam nunca utilizar diafilmes, 76 acrescentaram mesmo desconhecer o que era (21,8 %). E, dentro dos que declaram utilizar o diafilme, esta utilização é muitíssimo pouco provável. Das 12 escolas onde foi efectuado o inquérito aos docentes, à excepção de uma escola secundária em Santa Maria da Feira, onde encontrámos um exemplar, nenhuma escola possui diafilmes e, muito menos, projectores preparados para a projecção deste tipo de suporte de imagem. À excepção dos modelos antiquados de projectores, de que encontrámos alguns exemplares figurando como peças de museu, entre os quais contamos também um xermascópio em bom estado e dotado com todos os acessórios, as modernas máquinas de projecção apenas vêm preparadas para a projecção de diapositivos, quer com carregadores para 36 a 40 diapositivos, quer com carregadores circulares para cerca de 100. No momento actual, pelo menos no distrito de Aveiro, só é possível o recurso ao filme fixo ou diafilme se o professor trouxer o seu próprio material (software e hardware) para o espaço da sala de aula, o que julgamos muito pouco provável, dado que todas as películas inversíveis fotografadas, salvo pedido expresso do próprio, são cortadas após a revelação e as imagens montadas em caixilhos para a projecção como diapositivos.
Quadro 24:
Projecção de diaporamas e projecção manual de diapositivos, no distrito de
Aveiro (1994/95) Se, segundo o que acabámos de expor, e que julgamos válido, o diafilme está praticamente extinto na prática educativa, em contrapartida a projecção mediante recurso a diapositivos mantém-se ainda prática relativamente corrente no ensino actual. A
utilização dos diapositivos pelos docentes pode ser efectuada de duas maneiras
diferentes: de forma manual, em que o professor vai projectando e explorando com
a turma as imagens uma a uma; de uma maneira automatizada e mais cativante, em
que a sequência de imagens é projectada sem necessidade da intervenção
permanente do professor e acompanhada de locução e fundo musical ou de
ambiente, recriando a atmosfera de uma autêntica projecção de cinema, à qual
apenas falta a animação das imagens. Esta segunda técnica de projecção, que
pode ser mais ou menos sofisticada, consoante o tipo de hardware
utilizado, constitui aquilo que habitualmente se designa por diaporama.
E, embora as escolas do distrito de Aveiro não possuam gravador de cassetes próprio
para a realização e projecção de diaporamas, verificámos que, em algumas
escolas, especialmente a nível dos núcleos de estágio, os professores
recorrem a um sistema artesanal de projecção de diaporamas, fazendo avançar
as imagens com a ajuda do guião e do comando à distância, à medida que a
locução da cassete se vai fazendo ouvir. E, embora artesanal e, por vezes, com
alguma ocasional falta de sincronismo, a verdade é que o balanço final acaba
por se revelar positivo. A
análise dos mapas 9 a 13 e respectivos gráficos mostra-nos uma predominância
do primeiro sistema de projecção de diapositivos sobre o de recurso aos
diaporamas. A análise dos gráficos 6.1, 6.2 e 6.3, referentes à globalidade
dos níveis de ensino, mostra-nos que a projecção manual de diapositivos se
encontra entre os 10 recursos mais frequentemente utilizados pelos docentes, ao
passo que o diaporama apenas surge entre os recursos indicados como sendo
utilizados Algumas Vezes: a projecção com diapositivos surge em 7ª posição
considerando as frequências Muitas Vezes e Algumas Vezes; o diaporama surge
apenas com a indicação de Algumas Vezes e num posicionamento muito distante da
projecção tradicional. Esta diferença mantém-se inalterável em qualquer dos
três níveis de ensino. Apesar da reduzida frequência, começaremos a nossa análise
pelo diaporama. Os
valores mais significativos, resultantes da análise dos mapas 9 a 13,
mostram-nos que, apesar de reduzidos, os diaporamas são utilizados pelas
diferentes áreas disciplinares de acordo com a seguinte sequência de frequências:
1. «Ciências Sociais e Humanas» ─ MV+AV=25%; 2. «Línguas» ─
MV+AV=12,37%; 3. «Expressão» ─ MV+AV=7,69%; 4. «Orientação Prática»
─ MV+AV=6,98%; 5. «Ciências Exactas e da Natureza» ─ MV+AV=5,62%. Tendo
em conta as frequências RV, MV e AV, as maiores frequências de utilização
dos diaporamas, por ordem decrescente, verificam-se nas seguintes disciplinas:
Português (13+3+0=16); História (6+7+0=13); Inglês (8+4+0=12); Francês
(7+4+0=11); Matemática (9+2+0=11); Educação Visual (8+2+0=10); Físico-Química
(9+1+0=10). Os
docentes que recorrem com mais frequência aos diaporamas na globalidade dos três
níveis são os que indicaram ter já recebido formação sobre a realização e
utilização pedagógica dos diaporamas.
Quadro
25: Total das percentagens MV + AV relativamente à projecção de
diapositivos avulsos. A
maior utilização do projector por parte dos docentes é feita recorrendo à
apresentação manual dos diapositivos, por meio do comando à distância, cujas
imagens podem ser exploradas de diversas maneiras. Dos 349 professores
inquiridos, apenas 91 indicaram «Nunca» terem utilizado o projector com
diapositivos (Vd. quadro 24), o que corresponde a uma percentagem de 26,36 %. A
análise do mapa 11 e respectivos gráficos permite-nos verificar que, na
globalidade dos três níveis de ensino, o projector com diapositivos é o 7º
recurso mais utilizado, ao passo que a projecção de diaporamas surge em 15º
lugar e o recurso aos diafilmes é praticamente nulo. A maior frequência de
utilização, em qualquer nível de ensino, corresponde aos professores
profissionalizados e também àqueles que declararam ter recebido formação
sobre tecnologia audiovisual. A
análise do mapa 13 ou do quadro 25, com a soma percentual das frequências MV e
AV, mostra-nos que, em qualquer nível de ensino, a maior frequência de utilização
corresponde à área das «Ciências Sociais e Humanas», em que atinge valores
percentuais, nos três níveis de ensino, entre 60% e 69,7%. A área em que se
verifica a menor utilização é a de «Orientação Prática», sendo mesmo
nula no segundo ciclo do Ensino Básico. A soma das frequências AV+MV
permite-nos indicar as disciplinas em que os docentes mais recorrem à projecção
de diapositivos: História (16+2=18); Português (13+0=13); Francês (13+0=13);
Geografia (9+3=12); Educação Visual (6+5=11); Ciências da Natureza (10+1=11);
Biologia (4+6=10); Inglês (8+1=9). Figura
8: Utilização da projecção avulsa de diapositivos nas diferentes áreas
disciplinares tendo em conta as frequências MV e AV. Tendo em conta apenas a globalidade dos três níveis de ensino, as maiores frequências de utilização correspondem aos professores profissionalizados e àqueles que indicaram ter recebido formação audiovisual. [2]
- Distribuição do número de episcópios pelas 61 escolas que indicaram
possuí-lo: 1-40; 2-16; 3-4; 4-1; Total: 88. Média de 1,44 relativamente às
61 escolas e de 1,23 em relação às 71 escolas que responderam ao inquérito. [6]
- Escolas do distrito de Aveiro mais deficientemente dotadas de
retroprojectores (por ordem decrescente, entre 18 a 7 salas): 1 para 18:
Sec. refª 20; 1 para 10:
EB2 43; EB23 24; Sec. 47; 1
para 9: EB2 70; EB23 68; Sec. 3; Sec. 56;
1 para 8: EB2 12; EB23 14; Sec. 66;
1 para 7: EB2 32; EB23 30; Sec. 9; Sec. 39; Sec. 52. (Vd. Mapa
13). [8]
- Bento Duarte da Silva, op. cit., p. 195. Valores percentuais das frequências
MV e AV obtidas em 1988: Ensino Preparatório: AV 58,3% + MV 12,5 % = 70,8
%; Ensino Secundário: AV 44,1
% + MV 20,6 % = 64,7 %. [9]
- Apresenta-se uma listagem das escolas sem qualquer dotação e com dotação
insuficiente. Escolas sem qualquer projector de diapositivos: EB23, referências
13, 14 e 22. Escolas insuficientemente apetrechadas com projectores de
diapositivos: nível EB2, referências 29, 37 e 61; nível EB23, referências
16, 21, 44, 55 e 60; nível secundário, referências 3, 17, 20, 31, 34, 38,
40, 47, 49, 50, 51, 63, 66 e 71. [10]
- Para se ficar com uma ideia dos quantitativos de dispositivos existentes
nas diferentes escolas do distrito, por vezes na ordem dos milhares,
consulte-se a alínea 16 dos quadros 6 e 7 (no início deste capítulo) e os
mapas 6 e 14. O quantitativo mínimo é de 2 diapositivos, na escola com a
referência EB23-6, e o máximo de 4700 na escola EB2-35. |
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