Henrique J. C. de Oliveira, Os Meios Audiovisuais na Escola Portuguesa, 1996.


A Projecção Fixa


Dentro da projecção fixa podemos considerar duas grandes classes de aparelhos: os de projecção de imagens sobre suportes opacos e os de transparências. O único aparelho pertencente à primeira categoria é o episcópio, que permite a projecção de fotografias, postais ilustrados e imagens impressas. No entanto, tem dois grandes inconvenientes: além de necessitar de um ecrã apropriado e de uma sala em completa escuridão, deteriora facilmente as imagens se a projecção das mesmas for um pouco mais demorada. Mesmo os mais modernos episcópios, dotados de uma forte ventilação, não impedem o amarelecimento das imagens durante a projecção, tornando-as queimadas e quebradiças. Na segunda categoria, podem ser incluídos os projectores de diapositivos e diafilmes, os retroprojectores e os microprojectores.

Tal como refere António Moderno[1], a projecção fixa «possibilita o alargamento do campo de visão da aula sem haver necessidade de deslocar os alunos para um lugar especial», além de que proporciona uma melhor exploração das imagens projectadas, o que é bastante mais difícil com a projecção animada.

Do conjunto de aparelhos de projecção fixa, o único que existe a 100% nas escolas do distrito de Aveiro e, muito provavelmente, em todas as escolas portuguesas a partir do segundo ciclo é o retroprojector. Vêm em seguida o projector de diapositivos, com uma cobertura elevada, com percentagem média situada nos 96,6%, como revela a análise do quadro 5, e depois o episcópio, com uma percentagem média de 85,4%. O microprojector, tratando-se de um sistema relativamente recente, que permite substituir o microscópio, de utilização individual, por uma apresentação colectiva de amostras, encontra-se ainda muito pouco difundido nas nossas escolas, sendo a sua cobertura quase nula. Apenas existe em 11 escolas do distrito, o que significa que 84,9% das escolas ainda o não possui, sendo um recurso quase desconhecido, como adiante veremos.

 

EB2

EB23

SEC.

TOTAL

Níveis de Ensino

 

15,4

12,9

11,8

12,9

Categoria

Profis.

17,1

13

12,7

13,7

Profissional

N. Profis.

--

12,5

--

5,6

Áreas

L.

5,9

17,4

7

9,3

Disciplinares

CSH

10

5,9

24,2

16,7

 

CEN

21,7

--

6,5

10,1

 

E

19,1

21,1

8,3

17,3

 

OP

--

15,4

14,3

14

Formação

Sim

17,1

16,7

13,2

14,9

Recebida

Não

14

7,7

9,7

10,4

Quadro 20: Total das percentagens MV + AV relativamente ao episcópio.

 

O episcópio, como atrás dissemos, é um aparelho de projecção de imagens opacas existente em quase todas as escolas do distrito. Apenas 10 o não possuem, o que corresponde a 14,08%[2]. A análise do quadro 6 mostra-nos que existe 1 episcópio para 17 a 29 salas de aula, de acordo com o nível de ensino, o que dá um valor de ratio insuficiente. No entanto, a análise dos mapas de frequência de utilização e o quadro 20, com a soma das frequências MV+AV, revela-nos que o episcópio é um recurso muito pouco utilizado, havendo mesmo uma elevada percentagem de professores que nunca o utilizou. De facto, dos 349 que responderam ao inquérito, 183 NUNCA o utilizaram e 18 declararam mesmo desconhecê-lo, o que perfaz um total de 201 professores, ou seja, 57,6% dos docentes nunca recorreram ao episcópio. E dos 42,4% que já o utilizaram, 103 fizeram-no raramente (29,5%), 39 Algumas Vezes (11,2%) e apenas 6 Muitas Vezes (1,7%). Daqui parece poder inferir-se que o episcópio é um recurso que nunca cativou os professores e cujo interesse tem vindo a decrescer consideravelmente, como revelam as percentagens apresentadas por António Moderno[3], relativamente à região centro do país (1984), e Bento Duarte[4], relativamente ao distrito de Braga (1989). Para uma melhor apreciação do reduzido interesse dos professores pelos episcópio, consulte-se o quadro 21, no qual transcrevemos os dados referentes a três períodos distintos. Apesar de uma ligeira divergência de critérios, os valores percentuais registados não deixam de ser elucidativos. Em 1983, mesmo os professores não profissionalizados recorriam, ainda que numa reduzida frequência, ao episcópio. Em 1988, o valor percentual referente aos professores profissionalizados é bastante reduzido e só «Algumas Vezes» os não profissionalizados recorrem ao episcópio. Em 1994/95, os valores percentuais encontram-se significativamente reduzidos, sendo quase nulos entre os professores não profissionalizados.

ZONA CENTRO

 1983

DISTR. DE

BRAGA 1989

DISTRITO DE 

AVEIRO

1994/95

 

Preparatório

Secundário

Preparatório

Secundário

EB2

EB23

SEC

Profis.

Utilizam: 15 %

11 %

MV: 8,3 %

 -----

MV:  1,4 %

1,3 %

2,41 %

Raramente: 6,6 %

6,4 %

AV: 3,3 %

 11,8 %

AV: 15,7 %

11,69 %

10,24 %

Formação

-------

-------

MV: ----

 12,5 %

------

------

------

 

-------

-------

AV: 50 %

 25,0 %

------

------

------

Não Profis.

Utilizam: 7,5 %

6,6 %

MV: ----

-----

MV: ------

12,5 %

------

 

Raramente: 3,6 %

4 %

AV: 7,1 %

 4,5 %

AV: ------

------

------

Quadro 21: Comparação das frequências de utilização do episcópio em três épocas distintas.

Independentemente dos níveis de ensino, a análise do quadro 20 e dos gráficos apresentados no final mostra-nos que a maior frequência de utilização do episcópio, ainda que reduzida ou quase nula, se verifica nas áreas de «Expressão», com 17,3%,  e de «Ciências Sociais e Humanas», com 16,7%, sendo mais utilizado por professores profissionalizados, muito embora esta utilização apresente uma frequência muito reduzida, apenas alcançando os 17,1% no nível EB2.

 

Dos aparelhos de projecção fixa, é o microprojector o menos corrente nos estabelecimentos de ensino. De acordo com o mapa 6 e os quadros 5 e 6, apenas existem 16 aparelhos deste tipo num total de 11 escolas do distrito de Aveiro. No nível EB2 é inexistente; no nível EB23 existe em 9 escolas (31,03%); no secundário apenas existe em 2 escolas (6,67%).

A análise dos mapas de frequência de utilização 9 a 13, apresentados na respectiva secção de anexos, revela-nos que, na globalidade dos três níveis de ensino, 91,98 % dos professores «Nunca» utilizaram este recurso, sendo mesmo desconhecido de um elevado número. Dos 28 professores que declararam já ter utilizado o microprojector, só 3 indicaram «Muitas Vezes» (0,8 %), 8 «Algumas Vezes» (2,29 %) e 17 «Raras Vezes» (4,87 %). E dentro destes 28 elementos, a probabilidade de terem utilizado um microprojector é reduzidíssima, tanto mais que 7 professores são da área das «Línguas», 4 da área das «Ciências Sociais e Humanas» e 6 da área da «Orientação Prática», se nos lembrarmos que o microprojector é um aparelho essencialmente utilizado, por exemplo, em aulas de Biologia, servindo como alternativa ao microscópio. Excluindo estes 17 professores, que possivelmente nem deverão saber o que é um microprojector, restam-nos apenas 8 professores da área das «Ciências Exactas e da Natureza» que possivelmente terão já recorrido ao microprojector (AV=3; RV=5), o que equivale à reduzidíssima percentagem de 8,99 %.

 

Figura 6: Distribuição dos retroprojectores nas escolas do distrito de Aveiro, em 1994/95.

O retroprojector é dos sistemas mais úteis de projecção fixa, podendo mesmo funcionar como uma excelente alternativa ao quadro tradicional. O facto de permitir projectar à luz ambiente diversos tipos de documentos, mesmo objectos opacos, e de permitir a criação de imagens, gráficos e textos durante o decurso da aula, mantendo os intervenientes no processo ensino-aprendizagem frente a frente, faz com que o retroprojector tenha vindo a suscitar um interesse cada vez maior nos docentes. Talvez seja por isso mesmo que o retroprojector é um dos sete recursos educativos que existe a 100 % em todas as escolas do distrito de Aveiro e, provavelmente, de todo o país, a partir do segundo ciclo, sendo o mais utilizado pelos docentes depois do quadro tradicional na globalidade dos níveis de ensino. É isto o que nos mostram os mapas de frequência e os gráficos correspondentes, como já tivemos ocasião de referir a propósito dos posters e cartazes. Se nos níveis EB2 e EB23 cartazes e posters se posicionam em segundo lugar, na globalidade dos níveis este segundo lugar passa a pertencer ao retroprojector, como se pode observar no quadro 14, anteriormente reproduzido.

A análise do mapa 6 e dos quadros 5 e 6 fornece-nos elementos sobre o número de retroprojectores existentes por escola e o grau de apetrechamento das escolas do distrito de Aveiro. O histograma da figura 6 dá-nos uma ideia dos quantitativos deste recurso por estabelecimento de ensino. Entre 2 e 15 aparelhos por estabelecimento, os valores mais frequentes são, por ordem decrescente do número de escolas, 4, 8, 5 e 6 aparelhos, dando na globalidade uma média de 5 por escola.

A análise do quadro 6 permite-nos verificar que o retroprojector, sendo o segundo ou terceiro recurso mais utilizado pelos docentes, apresenta um valor de ratio de 1 para 4 a 6 salas de aulas e de 1 para 11 a 15 professores, o que corresponde a um apetrechamento quase suficiente. Isto mesmo foi também verificado em 1988 por Bento Duarte da Silva[5], em relação ao distrito de Braga, onde havia 1 retroprojector para 5 a 6 salas de aula.

Embora os valores de ratio, no quadro 6, revelem um apetrechamento quase suficiente, uma análise «micrométrica», como a que nos é dado pelo mapa 13, mostra-nos que, ao lado de escolas bem apetrechadas, em que há 1 retroprojector para 2 a 4 salas de aulas e 1 para 5 a 10 professores, noutras há apenas 1 retroprojector para 8 a 10 salas de aula, havendo mesmo uma escola secundária em que o número de salas servidas por um retroprojector é de 18. E embora o grau de necessidade de um retroprojector esteja dependente da sensibilização e utilização que os docentes lhe dão, mesmo assim impõe-se uma particular atenção por parte das entidades responsáveis pelo apetrechamento escolar para estes casos, felizmente em reduzido número[6].

 

EB2

EB23

SEC.

TOTAL

Níveis de Ensino

 

56,4

71

75,8

70,2

Categoria

Profis.

58,6

76,6

77,1

72,9

Profissional

N. Profis.

37,5

43,8

58,3

47,2

Áreas

L.

58,8

73,9

73,7

71,1

Disciplinares

CSH

60

82,4

75,8

75

 

CEN

65,2

85

76,1

75,3

 

E

38,1

47,4

50

44,2

 

OP

--

61,5

89,3

76,7

Formação

Sim

68,6

75,9

76,4

74,9

Recebida

Não

46,5

64,1

75

64,3

 Quadro 22: Total das percentagens MV + AV relativamente ao retroprojector.

 

 

Figura 7: Utilização do retroprojector nas diferentes áreas disciplinares tendo em conta as frequências MV e AV.

 

A análise dos mapas 9 a 13 e respectivos gráficos, bem como o quadro, e o gráfico da figura 7, permitem-nos avaliar a frequência de utilização do retroprojector. Tomando apenas os valores percentuais das frequências MV e AV, verificamos que a frequência de utilização decresce com os níveis de ensino: Sec.=75,8%; EB23=71%; EB2=56,4%. Em qualquer nível de ensino, a maior percentagem de frequência corresponde aos professores profissionalizados.

As áreas disciplinares em que mais frequentemente se recorre ao retroprojector variam com o nível de ensino. No segundo ciclo do Ensino Básico (EB2), as maiores frequências de utilização verificam-se nas «Ciências Exactas e da Natureza», «Ciências Sociais e Humanas» e «Línguas», sendo inferior a 40% na »Expressão» e nula na área da «Orientação Prática». Nas escolas com o 2º e 3º ciclo do Ensino Básico (EB23), as maiores frequências de utilização mantêm-se ainda nas três áreas disciplinares, mas, enquanto no 2º ciclo o retroprojector apresenta um valor percentual nulo, nas escolas EB23 verifica-se que na «Orientação Prática» o valor percentual de utilização do retroprojector atinge 61%, e na área de «Expressão» o valor de 47,4%. Nas escolas de nível secundário, às três áreas anteriormente referidas vem juntar-se a de «Orientação Prática», cuja frequência MV+AV acaba por vir em primeiro lugar, com 89,29%, apresentando as três restantes valores percentuais de frequência bastante aproximados.

De uma maneira global, as disciplinas que recorrem ao retroprojector, tomando em conta apenas as frequências AV e MV são, por ordem decrescente: História (15+7=22); Português (19+3=22); Ciências Físico-Químicas (12+8=20); Ciências da Natureza (12+7=19); Francês (14+5=19); Inglês (16+2=18); Geografia (9+6=15); Matemática (13+2=15); Biologia (6+8=14); Educação Tecnológica (7+5=12); Educação Visual (10+2=12); Educação Física (6+1=7); Alemão (4+2=6).

Quer por níveis disciplinares, quer de uma maneira global, os docentes do sexo feminino parecem ser os que recorrem com maior frequência ao retroprojector (fem.=71,8%; masc.=64,86%). No entanto, qualquer que seja o sexo, o retroprojector é o segundo recurso audiovisual mais utilizado pelos docentes, como pode ser verificado pela leitura dos gráficos 6.1, 6.2 e 6.3.

A formação recebida parece ter contribuído para uma maior frequência de utilização do retroprojector em qualquer dos níveis de ensino, embora a diferença percentual a nível global seja de apenas 10,6%. A maior diferença verifica-se no nível EB2, em que atinge 22,1%.

Comparando os dados obtidos em 1994/95, no distrito de Aveiro, com os de outros períodos de tempo, verificamos que, em relação a 1983, a frequência de utilização do retroprojector pelos professores profissionalizados parece ter aumentado significativamente. Segundo os dados de António Moderno[7], as percentagens de frequências de utilização por professores profissionalizados eram de 26,6 % no ensino preparatório e de 19,6 % no secundário. Neste momento, os valores percentuais são, para os três níveis de ensino actualmente em vigor, respectivamente de 58,6%, 76,6% e 77,1%. Este aumento não é de agora, pois a comparação  das  percentagens das frequências obtidas em 1988, por B. Duarte da Silva[8], revela-nos uma grande aproximação com os valores por nós obtidos.

 

O projector de diapositivos ou de diafilmes constitui, como anteriormente referimos, um dos recursos com cobertura elevada, com percentagem média de 96,6 %, idêntica à do gravador de cassetes. Apenas três escolas do distrito de Aveiro, do 2º e 3º ciclo, declararam não possuir nenhum aparelho de projecção fixa deste tipo, cuja utilização pode ser efectuada de duas maneiras diferentes: recorrendo à projecção manual dos diapositivos ou diafilmes ou à projecção automatizada, geralmente acompanhada de som (música e palavras), mediante acoplamento do projector a um gravador especial de cassetes, dotado de um sistema de impulsos para mudança automática das imagens. Este segundo sistema permite a projecção de uma montagem audiovisual designada por diaporama. Relativamente ao retroprojector, o projector de diapositivos tem o inconveniente de exigir a sala de aula totalmente escurecida e, preferentemente, a utilização de um bom ecrã, o que o torna menos utilizado pela maioria dos professores. Tornando-se um recurso de utilização pouco frequente, consideramos que a existência de um bom projector para 5 a 10 salas de aula constitui uma dotação dentro do suficiente.

A análise do quadro 6 mostra-nos que as escolas do distrito de Aveiro, independentemente dos níveis de ensino, se encontram dentro destes parâmetros, ou seja, 1 projector para 6 salas nos níveis EB2 e EB23  e  1 para 9 no nível Secundário.  Todavia,  a análise do mapa 14 mostra-nos uma realidade um tanto diferente, uma vez que, ao lado de 3 escolas sem qualquer dotação, 22 escolas encontram-se insuficientemente dotadas[9]. O facto de surgirem escolas que indicam possuir elevada quantidade de projectores está longe de constituir uma boa dotação. Em algumas escolas, acabámos por verificar de visu que o material existente, por vezes ainda por utilizar, era constituído por máquinas completamente obsoletas e que, para cúmulo, embora funcionassem, derretiam completamente o diapositivo ao fim de uns segundos, por falta de um filtro calórico. Verificámos, não sem algum espanto, que uma escola, por exemplo, fora dotada em tempos com elevada quantidade deste tipo de material que, já nessa época, constituía material completamente obsoleto, de reduzido valor comercial e sem qualquer utilidade para os docentes.

Para que os projectores possam ter alguma utilidade, é indispensável a existência do correspondente software. Para este tipo de recurso, o software pode ser constituído por dois tipos de suporte em película: os diafilmes (ou filmes fixos) e os diapositivos.

Os diafilmes constituem um suporte da imagem idêntico aos diapositivos. Enquanto estes são imagens independentes montadas em caixilhos, que o professor pode ordenar em função dos objectivos, os diafilmes ou filmes fixos constituem sequências de imagens igualmente obtidas fotograficamente numa película de tipo inversível de 35 milímetros, dispostas horizontal ou verticalmente e ordenadas, em regra, segundo uma determinada sequência lógica, devendo essa película ser desenrolada à medida que as imagens vão sendo projectadas, sendo ao mesmo tempo enrolada numa bobina de recepção. O diafilme tem o grande inconveniente de não permitir uma fácil alteração da sequência de projecção e de levar à deterioração das imagens, que acabam por ficar riscadas ao fim de certo tempo. Por estas razões, o filme fixo ou diafilme teve uma reduzida aceitação, não existindo na maioria das escola do distrito de Aveiro. Das 71 escolas que responderam ao inquérito, apenas 4 indicaram possuir diafilmes (5,63 %): 1 com 55 exemplares; as restantes com 4 exemplares ao todo, perfazendo um total de 59 diafilmes. Em contrapartida, a grande maioria das escolas está dotada com diapositivos, sendo os quantitativos muito variáveis de escola para escola, como se pode verificar nos quadros 5 e 6 e no mapa 14. Ao lado de 7 escolas que não possuem ainda quaisquer dispositivos (9,86 %), as restantes apresentam quantitativos que vão de um reduzido número a milhares de exemplares, como tivemos oportunidade de conferir com a colaboração dos funcionários responsáveis, actividade morosa e nem sempre fácil, pois em bom número de estabelecimentos de ensino o software existente encontra-se disperso e não devidamente catalogado e centralizado numa mediateca[10]. O total global de diapositivos contabilizado é de 50943, o que dá um valor médio de 717 diapositivos por escola.

Frequência

%

% acumulada

Não conheço

76

21,8

21,8

Nunca

247

70,8

92,6

Raras Vezes

19

5,4

98,0

Algumas Vezes

6

1,7

99,7

Muitas Vezes

1

0,3

100,0

Total

349

100,0

100,0

 Quadro 23: Frequências de utilização dos diafilmes.

A análise dos mapas 9 a 13 e dos quadros de síntese permite-nos efectuar diversas leituras relativamente à utilização não só do projector, como das diferentes formas de utilização do software.

Começando pela análise do recurso menos frequente, pode-se verificar, pela consulta do mapa 9 e do quadro 23 que, na globalidade dos níveis de ensino, o diafilme não é utilizado pelos docentes. Dos 349 professores que responderam ao inquérito, só 1 declarou utilizá-lo «Muitas Vezes» (0,3%), 6 «Algumas Vezes» (1,7%), 19 «Raras Vezes» (5,4%) e os restantes 323 «Nunca» (92,6%). Dos 323 professores que declararam nunca utilizar diafilmes, 76 acrescentaram mesmo desconhecer o que era (21,8 %). E, dentro dos que declaram utilizar o diafilme, esta utilização é muitíssimo pouco provável. Das 12 escolas onde foi efectuado o inquérito aos docentes, à excepção de uma escola secundária em Santa Maria da Feira, onde encontrámos um exemplar, nenhuma escola possui diafilmes e, muito menos, projectores preparados para a projecção deste tipo de suporte de imagem. À excepção dos modelos antiquados de projectores, de que encontrámos alguns exemplares figurando como peças de museu, entre os quais contamos também um xermascópio em bom estado e dotado com todos os acessórios, as modernas máquinas de projecção apenas vêm preparadas para a projecção de diapositivos, quer com carregadores para 36 a 40 diapositivos, quer com carregadores circulares para cerca de 100. No momento actual, pelo menos no distrito de Aveiro, só é possível o recurso ao filme fixo ou diafilme se o professor trouxer o seu próprio material (software e hardware) para o espaço da sala de aula, o que julgamos muito pouco provável, dado que todas as películas inversíveis fotografadas, salvo pedido expresso do próprio, são cortadas após a revelação e as imagens montadas em caixilhos para a projecção como diapositivos.

Diaporamas

Formação recebida sobre criação/utilização

  Frequência % %  Acumulada
Não 211 60,46 60,46
Sim 138 39,54 100,00

Total

349 100,00  

Frequência de utilização

  Frequência % % Acumulada
Não conheço 4 1,15 1,15
Nunca 197 56,45 57,59
Raras Vezes 109 31,23 88,83
Algumas Vezes 38 10,89 99,71
Muitas Vezes 1 0,29 100,00
Total 349 100,00  

Projector com diapositivos

  Frequência % % Acumulada
Não conheço 1 0,29 0,29
Nunca 91 26,07 26,36
Raras Vezes 110 31,52 57,88
Algumas Vezes 119 34,10 91,98
Muitas Vezes 28 8,02 100,00
Total 349 100,00  

Quadro 24: Projecção de diaporamas e projecção manual de diapositivos, no distrito de Aveiro (1994/95)

Se, segundo o que acabámos de expor, e que julgamos válido, o diafilme está praticamente extinto na prática educativa, em contrapartida a projecção mediante recurso a diapositivos mantém-se ainda prática relativamente corrente no ensino actual.

A utilização dos diapositivos pelos docentes pode ser efectuada de duas maneiras diferentes: de forma manual, em que o professor vai projectando e explorando com a turma as imagens uma a uma; de uma maneira automatizada e mais cativante, em que a sequência de imagens é projectada sem necessidade da intervenção permanente do professor e acompanhada de locução e fundo musical ou de ambiente, recriando a atmosfera de uma autêntica projecção de cinema, à qual apenas falta a animação das imagens. Esta segunda técnica de projecção, que pode ser mais ou menos sofisticada, consoante o tipo de hardware utilizado, constitui aquilo que habitualmente se designa por diaporama. E, embora as escolas do distrito de Aveiro não possuam gravador de cassetes próprio para a realização e projecção de diaporamas, verificámos que, em algumas escolas, especialmente a nível dos núcleos de estágio, os professores recorrem a um sistema artesanal de projecção de diaporamas, fazendo avançar as imagens com a ajuda do guião e do comando à distância, à medida que a locução da cassete se vai fazendo ouvir. E, embora artesanal e, por vezes, com alguma ocasional falta de sincronismo, a verdade é que o balanço final acaba por se revelar positivo.

A análise dos mapas 9 a 13 e respectivos gráficos mostra-nos uma predominância do primeiro sistema de projecção de diapositivos sobre o de recurso aos diaporamas. A análise dos gráficos 6.1, 6.2 e 6.3, referentes à globalidade dos níveis de ensino, mostra-nos que a projecção manual de diapositivos se encontra entre os 10 recursos mais frequentemente utilizados pelos docentes, ao passo que o diaporama apenas surge entre os recursos indicados como sendo utilizados Algumas Vezes: a projecção com diapositivos surge em 7ª posição considerando as frequências Muitas Vezes e Algumas Vezes; o diaporama surge apenas com a indicação de Algumas Vezes e num posicionamento muito distante da projecção tradicional. Esta diferença mantém-se inalterável em qualquer dos três níveis de ensino. Apesar da reduzida frequência, começaremos a nossa análise pelo diaporama.

  O quadro 24, reproduzido na página anterior, apresenta-nos as frequências de utilização e a formação recebida sobre a criação e utilização pedagógica dos diaporamas relativamente aos 349 professores inquiridos do distrito de Aveiro. Apenas 39,5% dos professores recebeu formação sobre a criação e utilização pedagógica de diaporamas, nunca tendo utilizado este recurso 57,6 %. Da reduzida percentagem de professores que já recorreram à apresentação de diaporamas, apenas 1 declarou utilizá-lo «Muitas Vezes» (0,29 %) e 38 «Algumas Vezes» (10,9 %), o que significa que este recurso educativo é muito pouco utilizado.

Os valores mais significativos, resultantes da análise dos mapas 9 a 13, mostram-nos que, apesar de reduzidos, os diaporamas são utilizados pelas diferentes áreas disciplinares de acordo com a seguinte sequência de frequências: 1. «Ciências Sociais e Humanas» ─ MV+AV=25%; 2. «Línguas» ─ MV+AV=12,37%; 3. «Expressão» ─ MV+AV=7,69%; 4. «Orientação Prática» ─ MV+AV=6,98%; 5. «Ciências Exactas e da Natureza» ─ MV+AV=5,62%.

Tendo em conta as frequências RV, MV e AV, as maiores frequências de utilização dos diaporamas, por ordem decrescente, verificam-se nas seguintes disciplinas: Português (13+3+0=16); História (6+7+0=13); Inglês (8+4+0=12); Francês (7+4+0=11); Matemática (9+2+0=11); Educação Visual (8+2+0=10); Físico-Química (9+1+0=10).

Os docentes que recorrem com mais frequência aos diaporamas na globalidade dos três níveis são os que indicaram ter já recebido formação sobre a realização e utilização pedagógica dos diaporamas.

 

EB2

EB23

SEC.

TOTAL

Níveis de Ensino

 

46,2

43

39,9

41,1

Categoria

Profis.

47,1

44,2

42,2

43,8

Profissional

N. Profis.

37,5

37,5

25

27,8

Áreas

L.

47,1

39,1

38,6

40,2

Disciplinares

CSH

60

64,7

69,7

66,7

 

CEN

43,5

40

26,1

33,7

 

E

42,9

36,9

33,3

38,5

 

OP

--

38,5

32,1

32,6

Formação

Sim

54,3

44,5

45,3

46,7

Recebida

Não

39,5

41

32

36,4

Quadro 25: Total das percentagens MV + AV relativamente à projecção de diapositivos avulsos.

A maior utilização do projector por parte dos docentes é feita recorrendo à apresentação manual dos diapositivos, por meio do comando à distância, cujas imagens podem ser exploradas de diversas maneiras. Dos 349 professores inquiridos, apenas 91 indicaram «Nunca» terem utilizado o projector com diapositivos (Vd. quadro 24), o que corresponde a uma percentagem de 26,36 %. A análise do mapa 11 e respectivos gráficos permite-nos verificar que, na globalidade dos três níveis de ensino, o projector com diapositivos é o 7º recurso mais utilizado, ao passo que a projecção de diaporamas surge em 15º lugar e o recurso aos diafilmes é praticamente nulo. A maior frequência de utilização, em qualquer nível de ensino, corresponde aos professores profissionalizados e também àqueles que declararam ter recebido formação sobre tecnologia audiovisual.

A análise do mapa 13 ou do quadro 25, com a soma percentual das frequências MV e AV, mostra-nos que, em qualquer nível de ensino, a maior frequência de utilização corresponde à área das «Ciências Sociais e Humanas», em que atinge valores percentuais, nos três níveis de ensino, entre 60% e 69,7%. A área em que se verifica a menor utilização é a de «Orientação Prática», sendo mesmo nula no segundo ciclo do Ensino Básico. A soma das frequências AV+MV permite-nos indicar as disciplinas em que os docentes mais recorrem à projecção de diapositivos: História (16+2=18); Português (13+0=13); Francês (13+0=13); Geografia (9+3=12); Educação Visual (6+5=11); Ciências da Natureza (10+1=11); Biologia (4+6=10); Inglês (8+1=9).

 

Figura 8: Utilização da projecção avulsa de diapositivos nas diferentes áreas disciplinares tendo em conta as frequências MV e AV.

Tendo em conta apenas a globalidade dos três níveis de ensino, as maiores frequências de utilização correspondem aos professores profissionalizados e àqueles que indicaram ter recebido formação audiovisual.

 

[1] - António Moderno, op. cit., pp. 208-209.

[2] - Distribuição do número de episcópios pelas 61 escolas que indicaram possuí-lo: 1-40; 2-16; 3-4; 4-1; Total: 88. Média de 1,44 relativamente às 61 escolas e de 1,23 em relação às 71 escolas que responderam ao inquérito.

[3] - António Moderno, op. cit., p. 211.

[4] - Bento Duarte da Silva, op. cit., p. 195.

[5] - Bento Duarte da Silva, op. cit., pp. 179-180.

[6] - Escolas do distrito de Aveiro mais deficientemente dotadas de retroprojectores (por ordem decrescente, entre 18 a 7 salas): 1 para 18: Sec. refª 20;  1 para 10: EB2 43; EB23 24; Sec. 47;  1 para 9: EB2 70; EB23 68; Sec. 3; Sec. 56;  1 para 8: EB2 12; EB23 14; Sec. 66;  1 para 7: EB2 32; EB23 30; Sec. 9; Sec. 39; Sec. 52. (Vd. Mapa 13).

[7] - António Moderno, op. cit., p. 215.

[8] - Bento Duarte da Silva, op. cit., p. 195. Valores percentuais das frequências MV e AV obtidas em 1988: Ensino Preparatório: AV 58,3% + MV 12,5 % = 70,8 %;  Ensino Secundário: AV 44,1 % + MV 20,6 % = 64,7 %.

[9] - Apresenta-se uma listagem das escolas sem qualquer dotação e com dotação insuficiente. Escolas sem qualquer projector de diapositivos: EB23, referências 13, 14 e 22. Escolas insuficientemente apetrechadas com projectores de diapositivos: nível EB2, referências 29, 37 e 61; nível EB23, referências 16, 21, 44, 55 e 60; nível secundário, referências 3, 17, 20, 31, 34, 38, 40, 47, 49, 50, 51, 63, 66 e 71.

[10] - Para se ficar com uma ideia dos quantitativos de dispositivos existentes nas diferentes escolas do distrito, por vezes na ordem dos milhares, consulte-se a alínea 16 dos quadros 6 e 7 (no início deste capítulo) e os mapas 6 e 14. O quantitativo mínimo é de 2 diapositivos, na escola com a referência EB23-6, e o máximo de 4700 na escola EB2-35.

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