Henrique J. C. de Oliveira, Os Meios Audiovisuais na Escola Portuguesa, 1996.

 

Recursos didácticos predominantes  

Uma análise do quadro 5, não tomando em conta os diferentes tipos de salas e laboratórios, permite-nos desde já efectuar algumas leituras com interesse relativamente aos recursos predominantes nos três níveis de ensino (EB2, EB23 e Secundário) e aos praticamente inexistentes.

            · Existentes a 100% em todos os níveis[1]:

        quadro tradicional (negro); mapas; retroprojec­tor; televisor; gravador de vídeo sistema VHS; fotocopiador; computador.

             · Cobertura elevada, com percentagem média acima dos 80% (por ordem decrescente e com as percentagens indicadas por ordem dos três níveis):

        projector de diapositivos (100─89,7─100=96,6) e gravador de cassete (100─89,7─100=96,6); episcópio (83,3─89,7─83,3=85,4); máquina fotográfica (91,6─79,­3─8­3,3=84,7); rádio (100─65,5­─86,7=84,1); Câmara de vídeo (75─89,7─83,3=82,7).

 

            · Cobertura média, entre os 40 e 80%:

        gira-discos (75─44,8─63,3=60,9); cartazes/posters (66,7─44,8─63,3=58,3); modelos em relevo (41,7─62─46,7=50,1); quadro branco (25─48,3─76,7=50).

             · Cobertura reduzida, entre os 20 e os 40%:

         quadro magnético (41,7─48,3─23,3=37,8); gravador de bobinas (33,3─24,1─50=35,8); flanelógrafo (50─37,9─16,7=34,9); fotos/postais ilustrados (33,3─20,7─26,7=26,9); data display (16,7─17,2─43,3=25,7).

          · Cobertura nula ou quase nula, entre 0 e 20%:

        projector de cinema de 8 mm (25─6,9─13,3=15,1); microprojector (0─31─6,7=12,6); álbum seriado (16,7─17,2─3,3=12,4); projector de cinema de 16 mm (16,7─3,5─13,3=11,2); videogravador sistema Beta (0─10,3─23,3=11,2); diafilmes (8,3─3,5─6,7=6,2); sistemas multimédia (8,3─0─10=6,1); CD-I (8,3─3,5─3,3=5,0); videoprojector (0─0─10=3,3); quadro de pregas (0─0─0) e quadro de fios (0─0─0) não existem nas escolas.

 

Relativamente a laboratórios e salas especiais,  a análise do grupo F  do quadro 5 permite-nos tirar algumas conclusões. Na generalidade das escolas, não existe a preocupação em criar uma mediateca, isto é, uma sala para arquivo de material audiovisual para utilização de alunos e docentes. Relativamente, por exemplo, às escolas de nível secundário, apenas em 9 das 30 escolas existe uma mediateca, o que corresponde a uma baixa percentagem de 30%. E esta percentagem diminui à medida que descemos de nível de ensino.

Quanto aos laboratórios de fotografia, apenas nas escolas secundárias a sua existência se verifica acima dos 50%. Nas escolas EB2 e EB23 o seu número é bastante reduzido, correspondendo apenas a 25 e a 31%, respectivamente.

Em relação aos laboratórios de Ciências, de Física e de Química, as escolas de nível EB23 e Secundário encontram-se devidamente apetrechadas, oscilando as percentagens entre os 93 e os 62%, destacando-se as escolas de nível secundário, cuja percentagem média é de 84,4%.

Relativamente às escolas EB2, enquanto o laboratório de Ciências atinge os 91,6% e apenas uma escola o não possui, os laboratórios de Física e de Química são praticamente inexistentes, o que se explica pelo facto destes só se tornarem indispensáveis a partir do nível 3 e do secundário.

Quanto às salas de informática, estas existem a 100% no ensino secundário, decrescendo o seu número à medida que baixa o nível de ensino: 72% no nível EB23 e 66% no nível EB2. De qualquer modo, a situação, com uma percentagem média nos dois níveis de 69,6%, é reveladora da penetração da informática cada vez maior ao nível das nossas escolas, muito embora consideremos que, na fase final do projecto MINERVA, terminado em 1993/94, todas as escolas deveriam ter, pelo menos, uma sala de informática.

Em relação à existência de salas preparadas para audiovisuais, a situação decresce também com o nível de ensino: 66,7% no nível secundário; 58,6 no nível EB23; apenas 33,3 no nível EB2.

De uma maneira geral, em mais de 50% das escolas existe um elemento responsável pelos recursos de natureza audiovisual e há uma elevada preocupação em manter o material operacional. Em qualquer destes dois aspectos e à semelhança do que se verifica em relação aos outros recursos, verifica-se geralmente que as percentagens decrescem de acordo com os níveis de ensino. 

A comparação do quadro 5 referente ao distrito de Aveiro com o quadro dos recursos obtido por Bento Duarte para o distrito de Braga, ressalvada a distância no tempo, parece apontar para um melhor apetrechamento do distrito de Aveiro. Enquanto aqui se verifica uma dotação a 100% de seis recursos didácticos (quadro tradicional, mapas, retroprojector, televisor, videogravador e fotocopiador), no distrito de Braga este valor apenas coincide em relação ao quadro tradicional e ao retroprojector. Esta mesma superioridade se verifica em relação à maioria dos restantes recursos. Apenas em cinco recursos o distrito de Braga está melhor apetrechado: máquinas fotográficas, episcópios, projectores de diapositivos, projectores de cinema de 8 mm e laboratórios de fotografia. Importa frisar que estas grandes diferenças podem já não corresponder à situação real em 1994/95, pois é muito provável e quase certo que as escolas, a partir de 1989, tenham recebido mais equipamento. Só um inquérito actual permitiria estabelecer uma comparação rigorosa entre os dois distritos. No entanto, as grandes diferenças aqui notadas poderão eventualmente ter algum significado.


[1] - Consideramos dentro dos 100% o valor 96,55%, relativamente aos computadores, cuja média em relação aos três níveis de ensino é de 98,9%. Este não é efectivamente de 100% por a escola indicada no mapa 10 com a referência 5 corresponder à EB23 da Branca, no concelho de Albergaria-a-Velha, inaugurada há pouco tempo e ainda, no momento do nosso inquérito, na fase de apetrechamento pelos equipamentos escolares.

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