Henrique J. C. de Oliveira, Os Meios Audiovisuais na Escola Portuguesa, 1996.

 

Delimitação do problema

 / 132 / Um trabalho deste género, no qual se pretende avaliar a situação da actual escola portuguesa relativamente aos recursos educativos de natureza audiovisual, deveria abranger a totalidade do território nacional. Todavia, esta seria uma tarefa que exigiria não só outros recursos materiais e humanos, como um período de tempo extremamente mais dilatado. Na inviabilidade material e de tempo de um trabalho que abranja a totalidade do território nacional, numa altura em que o nosso ensino sofreu recentemente profundas remodelações, procurámos abranger todas as escolas a partir do 2º ciclo do Ensino Básico até ao Ensino Secundário, delimitando o nosso estudo ao distrito de Aveiro. Se, por um lado, a escolha deste distrito apresentava vantagens para nós, por aqui exercermos a actividade docente, por outro, o distrito escolhido apresenta caracte­rísticas diversificadas, que nos permitem considerá-lo como uma micro-imagem da situação real do país. Ao lado de concelhos altamente urbanizados e industrializados, com elevada densidade populacional, encontramos outros de reduzida densidade e cuja população activa está predominantemente voltada para o trabalho agrícola.

Segundo informações recolhidas em trabalhos que procuram forne­cer-nos uma panorâmica sobre as características do distrito de Aveiro[1], a população do distrito, em finais da década de 1980, distribuía-se: 9,3 % nos centros urbanos; 14,1 % nos centros semi-urbanos; 76,6 % nas zonas rurais. Relativamente ao ensino básico (2º e 3º ciclo) e ao ensino secundário, o distrito conheceu um acentuado progresso. Com um total de 60 escolas em 1988/89, apresenta actualmente 73[2], o que corresponde a um aumento significativo de 21,6 %. Este aumento de unidades escolares, correspondendo a uma passagem de 1500 salas de aula para mais de 2000 (aumento de 33,3 %), deveu-se a um aumento igualmente significativo do número de alunos. Em 1987/88, o número de alunos inscritos era de cerca de 40 mil. No ano lectivo seguinte, o seu número passou para 42 mil. Em 1994/95, o total de alunos a frequentar o 2º e 3º ciclo do ensino básico e o ensino secundário é de cerca de 70.689, correspondendo a um aumento de cerca de 68,3 %[3].

 / 133 / Na impossibilidade de abranger todos os níveis de ensino, delimitámos o nosso estudo a todas as escolas a partir do segundo ciclo: Ensino Básico, segundo ciclo (EB2); Ensino Básico, segundo e terceiro ciclo (EB23); Ensino Secundário (SEC). Com um total de 73 escolas, apenas duas não responderam aos nossos inquéritos, apesar de termos frequentemente contactado in loco os respectivos conselhos directivos.



[1] - Veja-se, a título exemplificativo, o trabalho Panorama do distrito, recolha, compilação de dados e elaboração de textos de Jorge Carvalho da Fonseca, Manuel Garcia Ribeiro Janicas e Maria Clara Godinho Ferreira Proença, para as «VII Jornadas de Saúde de Aveiro», realizadas em Outubro de 1988, especialmente os capítulos onde nos são fornecidos os indicadores demográfi­cos, económicos e sociais do distrito.

[2] - No ano lectivo de 1995/96, o distrito de Aveiro passará a contar com quatro novas escolas EB23, isto é, escolas com o 2º e 3º ciclo do ensino básico (Aradas-Aveiro; Feira; Gafanha da Encarnação-Ílhavo; Loureiro-Oliveira de Azeméis), passando o total de 73 para 77.

[3] - Embora 2 escolas do distrito não tenham querido fornecer-nos os elementos pedidos no inquérito, os elementos referentes às 71 escolas que responderam permitem-nos estimar, com reduzida margem de erro, os valores que apresentá­mos, quer relativamente ao número de salas de aula, quer ao total de alunos. O número apurado de salas de aula é de 2033, sendo a média de salas por escola de 28,63, o que nos permite calcular que o número total de salas das restantes escolas se situe possivelmente entre os 50 e os 70, perfazendo um total de mais de 2100 salas. Quanto ao número de alunos, o total obtido foi de 69.512. Mesmo sem recorrer à média de alunos por escola, a qual corresponde a 979, e tomando como estimati­va apenas o valor de 500 alunos, obteremos para as duas escolas que não responderam ao inquérito um total de 1.000 alunos, o que deverá perfazer para todo o distrito cerca de 70.689 alunos.

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