Henrique J. C. de Oliveira, Os Meios Audiovisuais na Escola Portuguesa, 1996.

 / 133 / Este estudo experimental abrange duas populações distintas: os Conselhos Directivos das escolas oficiais do ensino básico (2º e 3º ciclo) e do ensino secundário do distrito de Aveiro; o corpo docente efectivamente em exercício nessas escolas.

Em relação ao primeiro aspecto, que tinha como objectivo efectuar o levantamento dos recursos educativos das escolas e corpo docente em exercício, fomos relativamente bem sucedidos. Das 73 escolas existentes no distrito, obtivemos, numa primeira fase, 66 respostas ao nosso inquérito (90,4 %)[1]. Foi com base nestes elementos que delimitámos a amostra em relação ao corpo docente e que seleccionámos as escolas. Posteriormente, durante o decurso do inquérito aos docentes, conseguimos ainda obter as respostas dos conselhos directivos de cinco escolas, aumentando para 97,26 % a percentagem de respostas recebidas.

Embora tenhamos feito a delimitação da amostra com base nas respostas obtidas com os 66 inquéritos recebidos na primeira fase, os mapas 1 e 2 (Vd. Anexos) incluem também os elementos relativos às cinco escolas que responderam tardiamente, perfazendo um total de 71 escolas. O mapa 1 permitiu-nos obter um quadro com a distribuição dos professores por categoria profissional e nível de ensino nas 71 escolas, dando-nos uma ideia (com reduzidíssima margem de erro, que não deve chegar aos 200 professores) da população total do distrito.  / 134 /

  Quadro 1: Distribuição do pessoal docente por nível de ensino e categoria profissional nas 71 escolas do distrito de Aveiro que forneceram respostas ao primeiro inquérito.

Para obtenção de uma amostragem significativa do universo docente, procurámos que a percentagem mínima relativamente ao total de docentes não fosse inferior a 5%. Como no momento em que determinámos o tamanho da amostra apenas possuíamos as respostas de 66 das 73 escolas, perfazendo um total de 5525 docentes, foi com base neste valor que estabelecemos um número mínimo, num total de 275 inquéritos, distribuídos proporcionalmente em função dos valores relativos a cada área disciplinar, representados no quadro 2. Aos 275 inquéritos vieram juntar-se os 49 realizados na Secundária Homem Cristo, em Aveiro, que serviram para testar a qualidade e fiabilidade do modelo de inquérito, e os exemplares excedentes entregues nas escolas seleccionadas, que foram distribuídos aleatoriamente após o preenchimento dos valores mínimos estipulados. Para que a distribuição se fizesse rigorosamente, foi elaborado um mapa específico para cada escola, o que permitiu aos professores encarregados da distribuição e recolha dos inquéritos um trabalho bastante eficiente[2] e com uma percentagem insignificante de erro. Obtiveram-se, deste modo, 349 inquéritos, uma vez eliminados cerca de 7, devido ao número de omissões que apresentavam. Estimando-se o universo total em cerca de 6000 professores, número superior ao obtido relativamente às 66 escolas, mesmo assim a percentagem total de inquéritos correctamente preenchidos é de 5,8 %.

Quadro 2: Universo docente relativamente às 66 escolas que responderam atempadamente ao primeiro inquérito e a partir do qual foi determinado o valor da amostra.

Os quadros 2 e 3 mostram o universo docente relativo às 66 escolas que responderam atempadamente ao primeiro inquérito, distribuído por áreas disciplinares e níveis de ensino, e os valores da amostragem relativamente a 5% do universo total, perfazendo 275 inquéritos. O gráfico da figura 1 permite comparar o universo docente relativamente às mesmas escolas e a amostragem efectivamente obtida, depois de aos 275 inquéritos termos também juntado as respostas ao inquérito para testagem da fiabilidade e facilidade de respostas, efectuado numa escola secundária de Aveiro. Obteve-se uma amostragem total correspondente a 5,8 %. No gráfico da figura 1, no qual ressalta a similitude de proporções, o total de respostas é de 341 e não 349, em virtude de 8 casos omissos. Na secção de anexos, apresenta-se um conjunto de três gráficos com a distribuição dos professores por áreas disciplinares nos diferentes níveis de ensino (ver Anexos: Gráfico 1).

Para um maior rigor no trabalho, optámos por uma amostra estratificada, o que nos colocou problemas relativamente aos critérios a ter em conta. Consideramos que determinados critérios, geralmente válidos em Ciências Sociais, não deveriam ser por nós considerados, atendendo às características dos constituintes do universo da amostra. Meio e ambiente social, por exemplo, não nos parecem factores de grande peso neste trabalho, pois os inquéritos destinam-se a profissionais do ensino. À partida, têm idêntica base de formação. Sabemos que, de há alguns anos para cá, os cursos de formação de professores englobam uma componente disciplinar relacionada com a tecnologia educativa e diferentes modelos de ensino. Todos os docentes deverão estar, pois, mais ou menos conscientes da importância dos recursos educativos no processo de ensino-aprendizagem. O aspecto relativo ao sexo, embora importante em relação a alguns parâmetros, começa a não ser o mais relevante. Como se sabe, a percentagem de docentes femininos é cada vez mais elevada em relação aos masculinos, como o provam as / 136 / estatísticas oficiais e os resultados por nós obtidos em 13 escolas do distrito de Aveiro[3].

Quadro 3: Distribuição proporcional dos valores da amostra relativamente a 5% do universo docente.

Embora contestável, consideramos o nível de apetrechamento das escolas como o critério mais importante na selecção das escolas. Quanto maior o apetrechamento de uma escola em recursos educativos, sejam eles tecnológicos ou não, maiores as probabili­dades dos docentes recorrerem a eles, muito embora esta não seja condição única, pois muitas variáveis podem estar em jogo (sensibilização para a importância dos recursos educativos, conhecimentos mínimos para a sua utilização, etc.).

Considerando-se que o nível de apetrechamento de uma escola constitui factor importante na utilização dos recursos educativos, procedeu-se à selecção aleatória de 12 escolas, distribuídas por grupos de quatro, tendo em conta três níveis de apetrechamento: escolas com reduzido número de recur­sos; escolas medianamente apetrechadas; escolas com elevado nível de apetrechamento. Tarefa morosa e complexa, esta divisão por três categorias foi feita a partir de um mapa estatístico A (Vd. Anexos: Mapa 3) em que os recursos didácti­cos foram ordenados por classes e por ordem crescente, com base nos dados obtidos com os inquéritos nas 66 escolas, cujos conselhos directivos responderam atempadamente. Estes dados, uma vez devidamente ordenados por classes, foram divididos em três partes[4].  / 137 /

 Figura 1 : Distribuição dos docentes por áreas disciplinares ─ comparação entre o universo e a amostra obtida.

Com o auxílio de um segundo mapa B (Vd anexos: mapa 4) com as escolas ordenadas por ordem crescente do total de recursos, foi possível avaliar quais as escolas que, com reduzidíssima margem de erro, deveriam ser tidas em conta na escolha aleatória. Das 66, apenas 20 puderam ser consideradas dentro dos parâmetros pretendidos, tendo destas apenas sido seleccionadas aleatoriamente as 12 escolas mencionadas no mapa B.

Importa referir que no Mapa A foram eliminados, no grupo A, os quadros de pregas e de fios, por não existirem nas escolas; no grupo B, não foram tidos em conta os diapositivos. No mapa B (Anexos: Mapa 4), por baixo dos totais, encontram-se as escolas seleccionadas com os totais de inquéritos distribuídos aos professores e, ao meio, a três colunas, o número de vezes que as escolas figuravam em cada um dos terços.

 / 138 / Determinadas as escolas, as diferentes disciplinas foram agrupadas por cinco áreas disciplinares, utilizando critérios já adoptados em trabalhos anteriores ao nosso[5], donde resultou o quadro apresentado no anexo 6. Em seguida, elaborámos um mapa com a população docente distribuída por disciplinas e níveis de ensino, de modo a podermos efectuar uma distribuição propor­cional do número de respostas de acordo com os valores totais apresenta­dos nos quadros das figuras 2 e 3 e o número total de profes­sores existentes nessas escolas. Com os elementos deste mapa[6] foi possível preencher a folha[7] baseada no quadro anterior, que permi­tiu a cada professor encarregado da distribuição e recolha dos inquéri­tos controlar a sua distribuição proporcional pelos docentes de cada escola, facto que se verificou, tal como docu­menta o gráfico da figura 1 anteriormente referido.

O facto de termos considerado como factor importante o grau de apetrechamento das escolas, segundo três níveis, e procurado anular a margem de erro na sua selecção, reduziu para 20 o número de escolas dentro dos parâmetros definidos. A escolha aleatória de apenas 12 escolas ─ 4 por cada estrato ─ tornou praticamente impossível manter o mesmo rigor, que alcançámos para as áreas disciplinares, entre os valores reais da população e da amostra relativamente à categoria profissional. Mesmo assim, a percentagem de profissionalizados e não profissionalizados não difere substancialmente da realidade, sendo a diferença de apenas 14,28%. E, em termos absolutos, esta diferença deverá ser ainda menor, uma vez que a amostra foi obtida com base nas informações fornecidas por 66 escolas e o quadro aqui elaborado reporta-se aos valores obtidos após termos conseguido tardiamente, durante a realização dos inquéritos aos docentes, as respostas ao primeiro inquérito junto dos conselhos directivos.

 Quadro 4: Comparação entre as percentagens reais e os valores obtidos na amostra relativa­mente à categoria profissional.