Enquadramento e
justificação do problema |
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Sendo profissional do ensino e
orientador de estágios pedagógicos de Português, primeiro no Ramo Clássico,
em meados da década de 1970, depois no Ramo de Formação Integrada, desde o
primeiro ano do início deste sistema de formação, em funcionamento na
Universidade de Aveiro, de 1978 até 1994, tivemos a oportunidade de constatar a
passagem da escola portuguesa por duas fases distintas.
Numa
primeira fase, quer como estagiário, quer no ano seguinte como orientador,
pudemos verificar que, de uma maneira geral, à excepção do tradicional quadro
negro e uns tantos recursos educativos similares, muito raramente colegas mais
velhos recorriam aos meios então correntes, como era o caso dos registos
sonoros e do cinema. E encaravam o núcleo de estágio em que estávamos
integrados como um conjunto de professores diferentes da restante classe, porque
frequentemente recorríamos ao retroprojector, permanentemente disponível, e,
sempre que necessário ou conveniente, a outro hardware de projecção
fixa. O facto de o núcleo, em 1975/76, ter adquirido para a escola um conjunto
para produção de diaporamas constituiu tema de conversa entre grupos e, quando
fizemos a sua demonstração à escola, tendo criado mesmo um diaporama para
demonstração das potencialidades do sistema, apenas três ou quatro
professores mais velhos, que contactavam mais assiduamente com o grupo de estágio,
estiveram presentes e procuraram inteirar-se das vantagens do novo recurso para
o ensino.
Numa
segunda fase, em que contactámos, durante dezasseis anos, com estagiários do
Ramo de Formação Integrada, verificámos, com o decurso do tempo, que, além
de um conhecimento teórico resultante dos novos currículos inerentes a um
sistema de formação especialmente vocacionado para o ensino, de uma maneira
geral, os professores estagiários traziam já alguns conhecimentos práticos,
que lhes permitiam recorrer, cada vez com mais frequência e com alguma segurança,
aos sistemas de projecção, privilegiando o retroprojector, e, algumas vezes,
utilizando o diaprojector, que utilizavam com menor à-vontade. O facto de, com
os professores estagiários, termos iniciado na escola onde trabalhávamos uma
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ligada à criação de software, especialmente de diaporamas
para utilização nas nossas aulas, levou, a pouco e pouco, a que outros
professores começassem a interessar-se pelos "novos" recursos
audiovisuais e a que a escola, inicialmente com verbas de estágio, depois com
verbas arranjadas também pelos grupos, começasse a adquirir retroprojectores,
projectores de diapositivos e gravadores de cassetes.
A
partir dos meados da década de 1980, especialmente depois de 1986, apesar da
grande dificuldade que os novos recursos comunicativos têm geralmente em
penetrar no ensino, sentimos que a escola portuguesa começava a entrar numa
terceira fase. Por um lado, a evolução do vídeo e a redução verificada no
preço dos aparelhos permitiu que as escolas pudessem disponibilizar verbas para
a sua aquisição e de televisores para visionamento dos programas, geralmente
gravados e trazidos pelos próprios professores. Por outro lado, o aparecimento
dos microcomputadores levou a que alguns professores começassem a criar
programas didácticos em basic e a levar os seus próprios aparelhos para
as aulas, criando, ao princípio, um choque e uma onda de curiosidade por parte
da comunidade escolar, menos atenta às recentes inovações tecnológicas. Os
alunos ─ e nós próprios ─ entusiasmavam-se com as potencialidades
destes novos recursos. E, pouco depois, toda a escola sabia que um orientador de
estágio levava computadores para a sala de aula; e, em breve, professores mais
sensíveis aos problemas da inovação pedagógica, ou talvez apenas curiosos
pelas novas tecnologias, começaram a solicitar, em Conselho Pedagógico, que
lhes fossem proporcionadas acções de sensibilização pelo professor inovador.
E o aparecimento, pouco tempo depois, do projecto MINERVA acabou, finalmente,
por introduzir na escola, de uma maneira sistemática, as novas tecnologias da
informação, acabando o computador por se transformar num novo recurso
educativo, cuja utilização e potencialidades, segundo cremos, se mantêm ainda
mal aproveitadas, especialmente na vertente multimédia.
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