Henrique J. C. de Oliveira, Os Meios Audiovisuais na Escola Portuguesa, 1996.
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Impacto de alguns
pedagogos do séc. XIX |
Em 1774,
Johann Heinrich Pestalozzi
(1746-1827), nascido em
Zurique, na Suíça, baseado nos princípios de um ensino do tipo preconizado
por Jean-Jacques Rousseau, na sua obra L'Émile[1], para quem o ensino se
deveria fazer pelo contacto com a própria natureza, considera que a forma
essencial da aprendizagem deve assentar na observação directa da natureza
através dos sentidos. Assim, um aluno, para adquirir conhecimentos, por
exemplo, de geografia, deverá deslocar-se e observar directamente a realidade, in
loco, em vez de se limitar a ouvir falar ou observar o objecto de estudo
através de mapas e de desenhos.
Outro caso concreto
dizia respeito, por exemplo, ao ensino da aritmética. Para o aluno
aprender a contar, deveria recorrer aos objectos reais existentes à sua volta -
número de passos para atravessar a sala, número de objectos existentes, etc. -
em vez de recorrer a representações desses mesmos objectos.
Os métodos de ensino criados por Pestalozzi exerceram posteriormente alguma influência na Europa, sobretudo na Alemanha, tendo o seu método impressionado mesmo vivamente o filósofo Fichte[2] que, nas suas Palavras dirigidas à nação alemã, incita à utilização do método Pestalozzi, daqui resultando que as escolas alemãs se tornaram modelos deste sistema de ensino, / 90 / tendo sido observadas por muitos educadores de outros países e tendo mesmo alcançado uma larga difusão nos Estados Unidos da América em meados do século XIX[3].
[1] - Rousseau preconizava uma educação «negativa» e livre, afirmando que a criança deveria ser protegida da influência nefasta da civilização. Assim, dos seus princípios destacam-se dois traços importantes: 1º. a educação «negativa», isto é, uma educação em pleno contacto com a natureza, no campo, ao abrigo de toda a família, da sociedade e dos livros; 2º. uma educação em liberdade, deixando-se a criança entregue a si mesma de molde a poder formar-se pela própria experiência, pois a natureza é o melhor preceptor. O método rousseauniano assenta, pois, numa educação de acordo com uma evolução natural, com a observação directa da realidade através dos sentidos e fazendo apelo à curiosidade e à inteligência como forma de ultrapassar os obstáculos e resolver as situações.
