Durante os cinco dias de permanência no
Grafanil, todo o pessoal foi equipado com fardamento adequado à região
onde se encontrava e devidamente armado para o período de permanência em
território angolano.
Era uma hora da manhã de sábado, dia 29 de
maio de 1971, quando partimos em coluna, todos bem armados até aos
dentes, com destino ao Leste, deixando para trás o Grafanil.
Os "DUROS N'ACÇÃO", nome dado ao nosso
Batalhão de Caçadores 3841, começava agora a dura prova de uma comissão
em Glória.
Durante cinco dias, viajámos com um ritmo
fatigante e doloroso, espalhados na caixa de carga das Berliets,
adaptando-nos, descansando onde antes seria cansativo, e dormindo onde
não nos podíamos estender. O que seria impensável quando éramos os
meninos das mamãs.
Durante toda a viagem, nenhum de nós largava
a G3, sempre apontada para a mata, pois ainda não sabíamos em que
terreno andávamos. Era a inexperiência dos maçaricos.
Elementos da Companhia C.Caç. 3351 numa
Berliet, num momento de pausa e descontracção fotográfica para a posteridade.
Na caixa da Berliet, as malas com os haveres do pessoal. No meio do
grupo, o furriel Sérgio Cardoso com a viola que o acompanhou durante a
permanência em Angola.
Na progressão em viagem na coluna de
Berliets, olhando a mata cerrada de um lado e do outro da picada,
uma delas teve um furo. Embora os motores roncassem pelo esforço da
carga transportada, foi perceptível o silvo provocado pelo ar a sair do
furo. Os ocupantes, não sabendo a origem do som, saltaram todos para a
berma da picada com as armas em posição de disparo, até se verificar a
origem do incómodo som.
Sujos, mal barbeados, a cheirar a suor e a
tabaco, com o corpo dorido das tábuas das viaturas lá fomos progredindo.
Em Cangamba ficou a CCS (Companhia de
Comando e Serviços) e uma Companhia de protecção (3349).
A nossa, a 3351, ainda seguiu viagem. Eram
mais cento e dez quilómetros. O destino era o MUIÉ – o Paraíso.
Após o demorado caminho, chegámos ao destino
no dia quatro de Junho de 1971, após seis dias de penoso caminho. |