Era segunda-feira, dia vinte e quatro de
Maio de 1971. Desembarcamos, tocamos com os pés no cais de Luanda; aí
sentimos pela primeira vez, que estávamos de verdade em Angola. Por
aqui, já passaram milhares de militares como nós... para a guerra.
Pessoal em formatura à civil no cais de
Luanda. Atrás de nós, as viaturas pesadas civis nas quais fomos
transportados para o Grafanil.
Todo o grupo esperou ordeiramente em fila no
cais, até que fomos acomodados em viaturas pesadas civis, que estavam à
nossa espera. Nem militares eram, porque estas estão em serviço nos
vários locais por onde a nossa tropa se encontra a dar protecção ao
território angolano. Uma vez instalados na caixa aberta das viaturas,
fomos levados para o Grafanil.
O Grafanil é uma vasta área militar, nos
arredores de Luanda, com alojamentos um tanto ou quanto precários, para
milhares de homens, especialmente destinado para permanência temporária
daqueles que acabaram a comissão em Angola e esperam pelo regresso à
Metrópole; e também para os maçaricos, aqueles que, como nós, acabam de
chegar do «Puto» e esperam pela partida para os locais que lhes estão
destinados. Aqui permanecemos cinco dias, até ao dia vinte e nove de
Maio, mal nos dando tempo para nos ambientarmos ao clima africano.
Um dos vários refeitórios sem paredes
laterais, para circulação do ar e nos permitir suportar melhor as
elevadas temperaturas do clima angolano.
Não faltaram deslocações, para visitar
aquilo que dizem ser a cidade moderna – Luanda. Sucederam-se passeios,
cerveja e mariscos.
Eram nossos pontos de encontro a Portugália,
a Versalhes e os apetitosos jantares; enfim, tudo aquilo que nos podia
ajudar a gastar o dinheiro que trazíamos, para uma evasão necessária de
nervos e saudades contidas. |