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Não se conhece com exactidão o autor desta obra primorosa. Diogo de T orralva e João de Castilho, ambos notáveis arquitectos das construções
reais, deixaram no Convento de
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Cristo sobejas provas da sua alta capacidade, e é bem provável que
qualquer dêles seja o autor de tão famosa traça,possivelmente o segundo,
na última época d a sua vida, que passou em Tomar, onde veiu a falecer
em 1561.
. Sérve de matriz de uma das freguesias da cidade, a Igreja de S. João
Baptista.
Não é conhecida a data da sua construção primitiva, sabendo-se apenas
que sofreu uma grande transformação que terminou em 1510.
Da primitiva construção é, muito provávelmente, o singelo portal gótico
da fachada sul. Os arcos que dividem as naves, a ousia e os absidíolos
com as suas abóbadas artesonadas são já de outro período do estilo
ogival.
A farhada é um dos mais elegantes exemplares do gótico tardio, e o belo
púlpito é tambem um trabalho do mesmo estilo, ao passo que o esbelto
campanário, como o portal norte, pertencem já á Renascença Manuelina. O
relógio vem do tempo de D. João III e o arranjo da capela-mo r é obra do
século XVII.
A fachada dá-nos uina admirável visão, com o seu portal rendilhado, em
que se veem o escudo real, a esfera armilar e a cruz de Cristo,
sobrepondo-se à flor de lis.
A delicadeza de lavores da pedra, finamente desenhados, faz supor que a
obra seja, como o magnífico púlpito, devida a um artista francês.
Completa. a bela linha da fachada o mais elegante campanário de tôdas as
nossas igrejas.
É constituído por um primeiro corpo prismático, de base quadrada, sôbre
o qual assenta um outro de secção octogonal, em cada upla de cujas faces
se abre uma sineira ogival. Este 'corpo é rematado por uma elegante
balaüstrada, acima da qual se ergue a alta cúpula piramidal de tejolo,
com uma dupla cinta:
O portal.da fachada norte é um original exemplar, infelizmente mutilado,
do estilo ManueIíno, de colunas e baldaquinos torcidos, e curiosos
ornamentos de assuntos de caça, com os escudos do rei e da rainha, a
esfera armilar
e a cruz de Cristo. .
O templo é de três naves, separadas por duas arcarias ogivais, e coberto
de madeira. A ousia, abóbodada, foi forrada de azulejos brancos e azuis
como ainda hoje se vê no roda-pé.
São notáve_s os belos paineis de pintura a óleo dos pricípíos do século
XVI, que estiveram embebidos na obra de talha do altar-mor, e que hoje,
depois de tratado_, vão sendo postos em situação de serem apreciados.
Representam S 910mé no festim, de Herodes, a Degolação de S. João, O
Maná no deserto, a Ceia do Senhor, Abraão e Melquisedec e a Missa de S.
Gregório.
No baptistério, encontra-se actualmente restaurado, um belíssimo
trÍptico de grandes dimensões, trabalho fIamengo, representando: ao
centro, o Baptismo de Cristo e nas portas as Bodas de Caná e a Tentação
de Cristo;
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no reverso vêem-se, pintados em grizalha, S. André e S. João
Evangelista.
Datando da época da fundação do Castelo dos Templários, e erigida por
ventura sôbre ruínas da igreja de um mosteiro beneditino de Sellium,
ergue-se na outra margem do rio a Igreja de Santa Maria do Olival,
primeira paróquia da Cidade.
Construída no e.stiIo de transição do românico para o ogival, a sua
porta lateral, meio soterrada, é de arco pleno, de ornamentação muito
rudimentar, enquanto que na porta principal se vê já a primitiva ogiva,
de triplice arquivoIta e ornamentação de ressaibo românico, encimada
pelo Signo de Salomão, emblema usado pelos T emplários. A enorme rosácea
que conserva ainda a sua grilhagem de pedra, ilumina a nave central.
Duas janelas amaineladas de arco trilobado, dão luz às laterais. A
impressão geral da fachada, a-pesar-do atêrro exterior que a encobre em
parte, é ainda assim duma sóbria magestade.
Interiormente, duas arcadas ogivais, apoiadas em feixes de colunas,
dividem as suas três naves. O arco triunfal, como as capelas
absidiolares, são do mesmo gótico primitivo e rude.
No reinado de D. Manuel sofreu grandes reparações, assim como no de D.
João llI, época em que se fizeram as deselegantes Capelas da nave sul,
desfazendo-se nessa ocasião os túmulos dos Mestres do Templo e de
Cristo,
bem como as sepulturas exteriores. Restam hoje a1)enas as lápidas
_umulares de Gualc1im Pais, Lourenço Martins, e Gil Martins.
Dessa época são, também, o púlpito e o lindo túmulo Renascença do
primeiro bispo do Funchal, D. Diogo Pinheiro de ca]cáreo levemente
róseo, metido na parede ela capela-mor, do lado do Evangelho.
Para sede de C. I. T. acha-se actualmente em construção, já adiantada,
um edifício na Rua da Graça. Para êle, teve aquela Comissão a feliz
inspiração de aproveitar diversos elementos arquitectónicos da
Renascença J oanina, provenientes da demolição de prédios quinhentistas.
A formosa janela do ângulo ela capela da Casa do D. Prior, uma janela d_
peitoril e um duplo portal retirados de uma construção da rua Direita.
outra de balaüstrada, de uma casa da rua da Palmeira, e o portão do
edifício
de Cubos, além de outros elementos. dão à
moderna construção um elegante aspecto, tornando-a como que uma síntese
da cidade quinhentista, que o progresso, e sobretudo o meu gôsto, têm
descaracterizado.
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