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Convento de Jesus -
Actual Museu
O Convento de Jesus
O Convento de Jesus, de Aveiro, de
freiras dominicanas, foi fundado no ano de 1461 e deve a sua existência
a duas virtuosas senhoras, de alta linhagem, dona Brites Leitão e
dona Mecia Pereira, e aos convincentes conselhos e decidido apoio
que a estas Senhoras deu o padre João de Guimarães, prior do
Convento da Nossa Senhora da Misericórdia de Aveiro, para tal fundação.
Vejamos os factos que levaram estas
duas Senhoras à realização de tão piedosa obra.
D. Brites Leitão ficou orfã de pai e
mãe ainda em pequena idade, mas o Infante D. Pedro, regente do Reino
(1438-1449), e sua mulher D. Isabel, tomaram-na a seu cuidado e
criaram-na em seu paço.
Era ainda muito nova quando estes e
parentes dela lhe fizeram o casamento com Diogo de Ataíde,
fidalgo e cavaleiro da casa do dito Infante, e seu fiel servidor e bom
conselheiro. O Infante D. Pedro tinha-lhe dado o ofício de guarda-mor da
Infanta D. Isabel sua mulher e da casa desta.
Do seu matrimónio teve D. Brites
Leitão, nas vésperas de Santa Maria Madalena, ano de 1448, uma filha a
quem foi dado o nome de Catarina de Ataíde.
Tendo morrido o Infante D. Pedro no
recontro de Alfarrobeira, em 20 de Maio de 1449, a Rainha D. Isabel,
mulher de D. Afonso V e filha dos referidos Infantes, ordenou a Diogo de
Ataíde que continuasse no seu cargo de guarda-mor da viúva Infanta D.
Isabel, sua mãe, e nele se manteve até ao falecimento desta.
Querendo, porém, Diogo de Ataíde e
sua mulher D. Brites Leitão livrarem-se de questões e intrigas da corte
do jovem Rei D. Afonso V, foram residir com suas filhas na sua quinta de
Ouca, próximo de Aveiro, que haviam comprado a Leonor Velho.
No ano de 1453 estendeu-se a peste
pelo País; e por isso Diogo de Ataíde e sua família saíram de Ouca e
foram viver numa quinta de Leiria, também sua. Afinal a peste aqui o
matou no dia 25 de Julho do mesmo ano. Também aqui faleceu seu filho
Estêvão Ataíde, de três anos de idade, poucos dias após a morte do pai.
Sua filha Catarina tinha seis anos e
Maria tinha cinco. No seu testamento mandou Diogo de Ataíde que, com a
terça dos seus bens fosse feito na sua quinta de Ouca, um hospital
grande e muito bom para pousada e repouso de peregrinos, religiosos e
estrangeiros, que por lá passassem, e nomeou testamenteira sua mulher.
Passado algum tempo, D. Brites e sua
filha Catarina foram à corte visitar a Rainha D. Isabel e o Rei D.
Afonso V, e aqui estes lhe propuseram segundo casamento com um nobre e
rico fidalgo da sua corte, visto que ela era ainda muito nova e formosa.
D. Brites recusou tal casamento,
porque já tinha em vista seguir a vida religiosa com suas duas filhas.
Entretanto faleceu a Rainha D.
Isabel, em 2 de Dezembro de 1455. E logo D. Brites Leitão abandonou a
corte, onde os seus desejos de isolamento do mundo eram contrariados, e
voltou para a sua quinta de Ouca com sua filha Catarina para aqui viver
em recolhimento de espírito e fazer o hospital que seu marido em seu
testamento lhe mandara construir.
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